Morada
Morada

Se alguém perguntar
pela minha morada
eu respondo:
'A beira Este
da Via Láctea'.

Como uma nuvem flutuante
atada a nada
tão só me deixo ir
abandonando-me
ao capricho do vento.

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Esfarrapada e despedaçada, esfarrapada e despedaçada,
esfarrapada e despedaçada é a minha vida.
Alimento? Recolho-o da beira da estrada.
O mato e os arbustos ultrapassaram em muito o meu chapéu.
Muitas vezes eu e a lua sentamo-nos juntos durante toda a noite,
e mais de uma vez deixei-me perdido sobre as flores selvagens, esquecendo voltar a casa.
Não espanta que tenha deixado a vida em sociedade.
Como poderia um monge tão louco viver num templo?

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu

(Ryôkan)

Lar
Lar

Quando era jovem deixei de lado os meus estudos
e aspirei a ser um santo.
Vivendo na austeridade, como monge mendicante,
vagueei por muitos lugares durante muitas primaveras.
Finalmente voltei a casa para me assentar sob um pico penhascoso.
Vivo em paz numa cabana de palha,
com os pássaros como toda música.
As nuvens são os meus melhores vizinhos.
Por baixo, uma pequena nascente em que refresco corpo e mente;
por cima, elevados pinheiros e carvalhos, que me fornecem sombra e palha.
Livre, tão livre, dia após dia -
não quero ir-me nunca!

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu

(Ryôkan)