Cristo
Cristo

há quanto tempo levantaram
a tua dor aos céus
carpinteiro
da ironia celeste
nesse humor negro
de te pregar ao madeiro?

do Gólgota ao presente construíram
vaticanos inteiros em teu nome
monumentos de amor e medo
e mortes consentidas

atiraste as redes e pescaste isso

agora
a tua dor é a nossa nas alturas

mas abres os braços mortos
a olhar para cima como se não houvesse
ninguém por estes lados

tu já não podes abraçar e a distância
é demais para abraçar-te

o teu único consolo é a consciência
de estarmos juntos sem consolo

pescador pescado

filho de peixe

quem nos dirá agora
que quem sabe nadar não necessita
caminhar sobre as águas?

Tags: cristo, dor
O pau do Zen
O pau do Zen

O amor sexual pode ser muito doloroso quando é fundo
e fazer-te esquecer a melhor poesia e prosa.
Porém estou a experimentar uma alegria natural desconhecida até agora:
o delicioso som do vento a acalmar os meus pensamentos.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Wild Ways, White Pine Press, 2003, USA. Ilustração: caligrafia de um Kyosaku por Hakuin Ekaku.

(Ikkyu Sojun)

Remininiscências
Remininiscências

Lembranças e fundos pensamentos de amor doem no meu peito.
Esqueci a poesia e a prosa, já não restam palavras.
Há um caminho à iluminação, mas o meu coração perdeu-o de vista.
Hoje ainda estou afogando no Samsara.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Wild Ways, White Pine Press, 2003, USA.

(Ikkyu Sojun)