Uma noite de novembro amargamente fria
Uma noite de novembro amargamente fria

Em silêncio, pelas cimeiras solitárias,
contemplo lá fora, com tristeza, o granizo que cai.
O grito dum macaco ecoa pelas colinas escuras,
um riacho frio murmura lá em baixo,
e a luz na janela parece solidamente gelada.
A minha pedra para a tinta também está fria como o gelo.
Hoje não vou dormir, escreverei poemas
aquecendo o pincel com o meu alento.

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Uma noite de novembro amargamente fria,
a neve caiu densa e rápida -
primeiro como grãos gordos de sal,
depois como suaves flores de salgueiro.
Os flocos assentaram-se silenciosos sobre o bambu
e empilharam-se agradavelmente nos galhos dos pinos.
Em lugar de me voltar para os velhos textos, a escuridão
faz com que prefira compor os meus próprios versos.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu. Ilustração de Darlene Kaplan

(Ryôkan)

A riqueza de um cavalheiro
A riqueza de um cavalheiro

A riqueza de um poeta consiste em palavras e frases;
os dias e noites de um estudante são perfumados por livros.
Para mim os rebentos de ameixeira na moldura da janela são um prazer insuperável;
um estômago apertado pelo frio, mas ainda fascinado com a neve, a lua e o orvalho.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Wild Ways, White Pine Press, 2003, USA. Ilustração de Weeping Plum - Sumie artists of Canada.

(Ikkyu Sojun)