A misturar-se com o vento
a neve cai;
a misturar-se com a neve
o vento sopra.
Junto à lareira
estico as pernas
deixando passar o tempo
confinado nesta cabana.
A contar os dias
reparo que também fevereiro
chegou e foi-se
como um sonho.
(Ryôkan)
O que é esta minha vida?
A vaguear, confio-me ao destino.
Às vezes risos, às vezes lágrimas.
Nem um laico nem um monge.
Uma chuva precoce de primavera garoa uma e outra vez,
mas os rebentos de ameixeira ainda não alegraram o ambiente.
Toda a manhã fico sentado junto à lareira,
sem ter com quem falar.
Procuro o meu caderno
e pincelo alguns poemas.
(Ryôkan)