Hei de ir lá ter hoje.
É amanhã que as ameixeiras
espalham as flores.
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Canta um rouxinol
que me traz de volta ao dia.
A manhã fulgura.
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Tenho um só desejo:
sob a flor da cerejeira
dormir uma noite.
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A aldeia no monte.
E totalmente a engolem
as rãs que coaxam.
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Primeira garoa
do outono. Que deliciosa
montanha sem nome!
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Passou o ladrão
e esqueceu roubar essa
lua da janela
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Agulhas de pino
atrás da porta fechada.
Sinto-me tão só...
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Estão a chamar-me,
voltando de noite a casa,
os gansos selvagens
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É o meu corpo velho
como este bambu enterrado
na neve fria.
(Ryôkan)
Ao anoitecer
muitas vezes subo
ao pico de Kugami.
Os veados lá em baixo,
oiço as suas vozes
submersas
em montes de folhas de bordo
que descansam imperturbáveis
ao pé da montanha.
(Ryôkan)
À noite, no fundo das montanhas,
sento-me em zazen.
Os assuntos dos homens nunca chegam aqui:
tudo é tranquilo e vazio,
e o incenso já foi engolido pela noite sem fim.
O meu kesa tornou-se uma tela de orvalho.
Incapaz de dormir, saio a caminhar entre as árvores -
subitamente, por cima do pico mais alto, aparece a lua cheia.
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Na minha hermita, um volume dos Poemas da Montanha Fria -
é melhor do que qualquer sutra.
Copio os seus versos e penduro-os á volta
saboreando cada um, uma e outra vez.
(Ryôkan)