Nem de dia nem de noite consigo esquecer-te
e afundo-me na nostalgia desta cama vazia e escura.
Sonho que nos damos as mãos e trocamos palavras de amor,
mas o sino da aurora arranca-me o coração, fazendo em cacos o meu sonho.
Mulheres, flores que floram e logo se esvaecem;
caras de flores, cheias de rubor, adoráveis como sonhos.
Quando as flores desabrocham, rebentam com força e paixão,
mas depois de caídas, já ninguém volta a falar nelas.
Mesmo se eu fosse um Deus ou Buda, ter-te-ia na mente.
Sento-me sob a lâmpada: um monge raquítico a entoar canções de amor.
A força do vento de outono quase me faz voar
e o meu coração engasgou-se com as nuvens grossas.
(Ikkyu Sojun)