O Deus abandona Marco António
O Deus abandona Marco António

À meia-noite, quando ouves de repente
uma procissão invisível a passar
com magnífica música, e vozes,
não lamentes a sorte que hoje te falta,
o trabalho que não deu certo, os teus planos
a se tornarem decepção - não te lamentes disso em vão:
como alguém corajoso, há tempo pronto para isto,
diz adeus a ela, à Alexandria que se vai.
Por cima de tudo, não te enganes a ti próprio,
não digas que foi um sonho, que os teus ouvidos te enganam:
não te degrades com esperanças vãs como essas.
Como alguém pronto há tempo, e cheio de coragem,
como corresponde a ti, a quem esta cidade foi entregue,
vai decidido à janela
e ouve com grande emoção,
mas não com as queixas, as desculpas dum covarde:
diz adeus a ela, à Alexandria que estás a perder.

(Konstantin Kavafis)

deseja-me sorte
deseja-me sorte

uma teia de aranha recém feita
chamando
como uma vela
em meio da janela aberta
e cá está ele
o pequeno mestre
a navegar
num fio de leite
deseja-me sorte
almirante
há muito tempo que não
acabo nada

Original do texto e do desenho em Book of Longing, Penguin Poetry, 2007. ISBN. 978-0-141-02756-2 .

(Leonard Cohen)

A pergunta de Layton
A pergunta de Layton

Cada vez que lhe digo
o que tenciono fazer a seguir,
Layton solenemente inquire:
Leonard, tens certeza
que estás a fazer o incorreto?

Ilustração: retrato do poeta Irving Layton por Leonard Cohen. Original do texto e do desenho em Book of Longing, Penguin Poetry, 2007. ISBN. 978-0-141-02756-2 .

(Leonard Cohen)

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