Há muito tempo houve uma velha que sustentou um monge ermitão durante vinte anos, e encarregara uma menina de dezasseis para lhe levar as comidas. Um dia, a velha deu instruções à jovem de abraçar o monge e perguntar-lhe 'Como te sentes agora mesmo?'. A menina fez como lhe foi dito e a resposta do monge foi 'Sou uma velha árvore murcha numa falésia frígida no dia mais frio do inverno'. Quando a jovem voltou e repetiu as palavras do monge à velha, esta exclamou 'Tenho estado a alimentar este estúpido durante vinte anos!'. Depois expulsou o monge e pôs lume à ermita.
A velha senhora tinha um coração tão grande
que honrou o monge com uma menina com que fazer casal.
Esta noite, se houvesse uma beleza que me abraçasse,
a minha rama de velho salgueiro murcho atiraria um novo rebento!
(Ikkyu Sojun)
Faces rosadas, cabelo embranquecido, cheia de compaixão e amor.
Perdido num jogo de amor, contemplo a sua beleza.
Os seus mil olhos de grande piedade veem tudo, e tudo é para ela redenção.
Esta deusa bem poderia ser a mulher de um pescador, ao pé do mar ou do rio, cantando a salvação.
(Ikkyu Sojun)
Com uma jovem beleza, exercitando o jogo do amor fundo;
sentamo-nos no pavilhão, a menina do prazer e este monge Zen.
Extasiado pelos beijos e os abraços,
não me parece nada que vá arder no inferno.
(Ikkyu Sojun)