Pôr do sol na primavera. Uma menina esvelta de dezasseis anos
volta para casa com um grande ramo de flores da montanha.
Um chuvisco leve penteia-lhe as flores.
Viram-se as cabeças quando ela passa
e arregaça de leve o seu kimono com uma mão.
As pessoas perguntam-se umas a outras:
"de quem é filha essa menina"?
(Ryôkan)
As cortesãs apresentam-se deslumbrantes -
Quão deliciosamente falam e se riem
passeando à beira do adorável rio verde.
A toda a hora, chamam os cavalheiros
e provocam-nos com cantos que enfeitiçam até o coração mais duro.
Delicadamente caminham com olhares sedutores difíceis de resistir.
No entanto, algum dia nada ficará, nem mesmo destas mulheres cativadoras
que serão esquecidas no frio inclemente.
(Ryôkan)
Os bairros de Echigô estão cheios de mulheres bonitas.
Hoje mesmo, um grupo de belezas passeia alegremente à beira de um rio verde como um tecido.
Cabelo cuidadosamente vestido com alfinetes de jade,
mãos delicadas, entremostrando olhadas coradinhas,
as solteiras trançam ervas em guirnaldas, como presentes para os jovens senhores,
e apanham ramos de flores enquanto flirtam com os homens que passam.
E no entanto, esta coqueteria cheia de encanto, é, dalguma maneira, uma forma de melancolia,
porque não vai viver além dos seus cantos e risos.
(Ryôkan)