No grande, espalmado, olho dormido da montanha
O urso é o brilho na pupila
Pronto para acordar
E focar num instante.
O urso está a fitar
Começando a acabar
Com fita de ossos de pessoas
No seu sonho.
O urso está a escavar
No seu sonho
Através do Muro do universo
Com um fémur de homem.
O urso é um poço
Demasiado fundo para brilhar
Em que o teu grito
Está a ser digerido.
O urso é um rio
Em que as pessoas que se chegam para beber
Se veem a si próprias mortas.
O urso dorme
Num reino de muros
Numa aranheira de rios.
Ele é o piloto da barca
Para a terra da morte
O seu preço é tudo.
(Ted Hughes)