Montanha Fria
Montanha Fria

À noite, no fundo das montanhas,
sento-me em zazen.
Os assuntos dos homens nunca chegam aqui:
tudo é tranquilo e vazio,
e o incenso já foi engolido pela noite sem fim.
O meu kesa tornou-se uma tela de orvalho.
Incapaz de dormir, saio a caminhar entre as árvores -
subitamente, por cima do pico mais alto, aparece a lua cheia.

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Na minha hermita, um volume dos Poemas da Montanha Fria -
é melhor do que qualquer sutra.
Copio os seus versos e penduro-os á volta
saboreando cada um, uma e outra vez.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu.

(Ryôkan)

Zazen nocturno
Zazen nocturno

Na quietude através da janela vazia,
sento-me em zazen vestindo o meu kesa de monge.
Nariz e umbigo alinhados,
orelhas paralelas aos ombros.
A luz da lua inunda o quarto.
A chuva parou mas o beiral não deixa de pingar.
Perfeito este momento -
na vasta vacuidade, a minha compreensão faz-se mais funda.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Dewdrops on a Lotus Leaf - Zen Poems of Ryôkan, Shambala, 1993, USA. O título é meu

(Ryôkan)

Tags: kesa, ry?kan, zazen, zen
A conta
A conta

Se o teu zazen não trabalha o assunto da vida e a morte
a fama e a fortuna vão cativar-te por completo.
O ser humano tem uma conta mista que pagará com certeza:
às vezes um delicioso estufado de carne, às vezes um chá fraco de casca de citrino.

Tradução do inglês a partir do trabalho de John Stevens. Wild Ways, White Pine Press, 2003, USA. O título é meu.

(Ikkyu Sojun)