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      «RECESSOM OU COLAPSO? A QUESTOM DA CRISE NOS MARXISMOS»

      «RECESSOM OU COLAPSO? A QUESTOM DA CRISE NOS MARXISMOS»

      03-05-11

      Publicamos limiar do livro que editamos sobre a crise fruito dos debates organizados no passado curso 2009-2010 entre o grupo de estudos do nosso centro social e mais a Escola Popular Galega.

      As sessons de formaçom da Escola Popular Galega em Lugo fôrom co-organizadas com o Grupo de Estudos Mádia Leva no centro social do mesmo nome. Os participantes decidírom dedicar os estudos de todo o curso à crise capitalista em andamento, que tanta tinta derramam na imprensa comercial, e que tam longe estamos ainda de compreender.

      As sessons do primeiro trimestre do curso 2009-2010, celebradas pontualmente cada duas semanas, tencionárom mergulhar no próprio conceito de «crise» e nas divergências interpretativas que este suscitou historicamente na esquerda revolucionária.

      Como em tantos outros aspectos fulcrais, os marxismos mantivérom tensons irresolutas sobre a natureza das crises. Todos eles vincárom no importante papel das depressons cíclicas do capitalismo; nesse ponto, até fai parte da cultura geral do dia de hoje a crença num sistema que vive permanentemente na convulsom e nos submete a solavancos periódicos. A totalidade da esquerda do capital habita hoje essas coordenadas: o capitalismo é inevitável e as suas crises também o som, dizem-nos, enquanto chamam a paliar as suas cargas mais pesadas nos ombreiros das classes populares. «A crise que a paguem os ricos» é a sua legenda mais ilustrativa.

      Além dessa constataçom, no pensamento revolucionário existiu umha corrente, mais ou menos subterránea, que enfatizou os limites internos absolutos do capitalismo. Por outras palavras, padecemos um modo de vida condenado a se extinguir numha espécie de processo de auto-consumiçom, derretendo a substáncia que lhe dá vida -o trabalho- através da revoluçom tecnológica constante. Historicamente, as teses objectivistas que davam vida a esta corrente associárom-se com os postulados mais reformistas e democraticistas do movimento obreiro: desde que o capitalismo evolui para a sua superaçom, apenas resta aos socialistas ocupar os postos de comando, em parlamento e empresas, para artelhar umha eficaz transiçom a um modo de vida e produçom essencialmente diferente. Na realidade, esta tese nom é património da esquerda reformista. O seu apogeu extinguiu-se há quase um século, entre guerras mundiais e avanços do fascismo: e hoje os limites internos do capital -se existirem- assomam num processo de barbarizaçom de novo tipo, onde os recortes de direitos se acompanham do desaparecimento da esquerda institucional, o enfraquecimento do pensamento crítico e condutas sociais cercanas à anomia e o niilismo. A crença numha barreira interior ao próprio capital nom chega hoje, portanto, acompanhada do otimismo ingénuo de há cem anos, senom que pensa sob a ameaça mui presente da barbárie.

      Por trás do debate entre crise cíclica e colapso agocham-se, entom, implicaçons tremendamente práticas; da mesma maneira, na polémica entre 'subjectivistas' e 'objectivistas' abrolham semelhantes consequências para a acçom: corresponde ao activismo social para empurrar o capital até poder modificá-lo, para chegado o caso liquidá-lo de vez (como propujo historicamente o conselhismo e a autonomia), ou é que a própria situaçom, a objectividade dumha práxis social dada, marcará os ritmos e as possibilidades da acçom?

      Eis o coraçom dum debate em aparência tam especializado e críptico. Na Galiza, o arredismo tampouco pode fugir à polémica, quanto menos esse arredismo que declara a nossa emancipaçom nacional como ligada à superaçom do capitalismo. Sem anteciparmos as conclusons, que tenhem que vir da leitura calma dos textos, si podemos avançar alguns consensos prévios.

      Um primeiro refere-se à necessidade do próprio debate. Avondam nos movimentos populares as críticas ao 'intelectualismo', 'teoricismo' e 'pesadez livresca', incorrendo na separaçom um pouco obtusa entre teoria e prática. O debate, dizem, seria algumha cousa que nos 'afasta da rua' e das acçons mais acuciantes. Na eralidade, quanto mais rápido avança o capitalismo, quanto mais eficaz é a trituradora mediática espanhola contra a nossa naçom, quanto mais se espalha a militáncia cibernética, virtual e sem consequências, mais claro temos nós a necessidade de deter-nos. Pensar requer um tempo, e o pensamento colectivo é umha forma de actuaçom. Antano os movimentos sociais preocupavam-se com a alfabetizaçom colectiva, a distribuiçom de livros, o cultivo da oratória e a recuperaçom do pensamento na nossa língua. Um século depois, podemos dizer que esta vontade de reflexom colectiva, nom académica e trabalhosa, é umha das práticas fundamentais dos movimentos sociais; do independentismo particularmente, um movimento maiormente formado por novas geraçons maleducadas no desprezo à letra impressa, na devoçom polo pensamento fragmentário e incoerente, polo culto ao hedonismo, a imagem e o espectáculo.

      Dirá-se com razom que estes documentos som densos e um bocado afastados do nosso horizonte vital e da nossa prática militante diária, o que ainda dificulta a sua compreensom. É verdade, como também o é que o cultivo do esforço, do trabalho abnegado e da vontade de superar as dificuldades devesse estar mais presente do que está hoje entre nós. Enfrentar-se a textos complexos e conqusitar um pensamento com critério é mais umha dificuldade inerente à nossa luita. Nem mais nem menos necessária do que todas as outras.

      Finalmente, chegamos ao cerne do debate. É pausível que o capitalismo tiver limites internos, e que nos enfrentemos portanto ao começo dumha conflitiva transiçom? Se isto for assi, se a possibilidade tiver visos de realizaçom, entom a nossa atitude quotidiana já nom pode ser a mesma. Desde logo, que nesta tesitura a militáncia já nom pode ser um jogo de tempos livres nem umha forma de 'lazer comprometido'. Antes disso, terá que ser umha aposta vital que requer de preparaçom multidisciplinar e dumha certa enteireza moral para sobrelevar o que aí vem. Levamos em conta, aliás, que o fim de linha no que hipoteticamente nos achamos nom é um derrubamento cinematográfico, nem tampouco um 'retorno das causas colectivas', como promovem aqueles que pensam num reverdescimento da movimentaçom popular polo mero feito de piorarem as nossas condiçons de vida. Bem pode tratar-se -como bem advertem dúzias de pensadores com um mínimo de sentido comum- dumha vasta involuçom social que nos tencione arrastar a todos num processo de envilecimento colectivo.

      Recessom ou colapso? Este dilema encabeça a presente escolma e chama discernir o que realmente acontece. Tomarmos partido por umha ou outra das posiçons, é possível que nos reencontrarmos num certo consenso: os tempos endurecem-se para todos e todas, e a situaçom bem merece intensificar colectivamente a reflexom, alcançando umha práxis espiritual e material qualitativamente superior à que hoje atenaça os movimentos populares.

      VÁRIOS. Recessom ou Colapso? A questom da crise nos Marxismos. Edita a Escola Popular Galega (Área de Movimentos Sociais) e o Grupo de Estudos 'Mádia Leva'. 176 páginas, 2010.

      ÍNDICE

      1. O conceito de crise no marxismo

      1.1. A dinâmica do capitalismo.

      a. Acumulaçom e ciclos.

      b. O limite absoluto do capitalismo.

      1.

      A lei de queda tendencial da taxa de lucro.
      2.

      O capitalismo: umha contradiçom em processo.

      1.2. A História do Capitalismo

      a. Sectores produtivos e ciclos.

      b. Evoluçom tecnológica e períodos históricos.

      1.3. A crise do valor e do trabalho.

      a. Historicidade do capitalismo.

      b. Racionalizaçom e expansom do sistema produtivo.

      2. Limites objectivos do sistema produtivo e constituiçom do sujeito anticapitalista.

      2.1. O Autonomismo operaista na Itália dos anos 60 e 70.

      a. As implicações reformistas do objectivismo.

      b. A lei do plano e a autonomia do proletariado.

      2.2. A falsa identificaçom entre objectivismo e reformismo.

      2.3. O erro positivista de confundir observaçom/pesquisa e explicaçom/exposiçom.

      2.4. As ensinanças do debate entre objectivismo e subjectivismo na esquerda comunista.

      3. O carácter sistémico da crise.

      3.1. Teorias do desligamento

      a. Desligamento territorial.

      b. Desligamento sectorial.

      3.2. Crise e senectude do capitalismo.

      a. Rostos diversos mas apenas umha única crise.

      b. Desenvolvimento histórico e periodizaçom do capitalismo.

      TEXTOS

      A.- MARX, K. O Capital. Vol I. Seção VII. Capítulo XXIII (1867).

      B.- MARX, K. O Capital. Vol II. Seção III. Capítulo XV (1885).

      C.- MARX, K. «A contradiçom entre o fundamento da produçom burguesa (o valor como medida) e o seu desenvolvimento. Maquinária, etc». Elementos fundamentais para umha Crítica da Economia (1895).

      D.- MARTÍNEZ MARZOA, F. (Re)Introdución ó marxismo. (1980).

      E.- KURZ, R. «O mito da produtividade. Desenvolvimento tecnológico, racionalização e desemprego» (1996).

      F.- KURZ, R. «Quanto custa o mundo? Os estados jogam ao monopólio da crise» (2008)

      G.- MARRAMAO, G. «Teoria da Crise e o Problema da Constituiçom». (1975-1976).

      H.- BERSTEIN, J. «Rostos da crise: Reflexões sobre o colapso da civilização burguesa» (2008).

      Escrito ?s 17:01:19 nas castegorias: actividades
      por SCMadiaLeva   , 1352 palavras, 1207 views     Chuza!

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