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      ENTREVISTA A JÚLIO TEIXEIRO

      ENTREVISTA A JÚLIO TEIXEIRO

      16-05-12

      ENTREVISTA JÚLIO TEIXEIRO. NOVAS DA GALIZA Nº107 15 OUTUBRO 2011

      "A ênfase na culpabilidade dos mercados oculta a tentativa de exculpar o capitalismo"

      Júlio Teixeiro é professor e integrante do Grupo de Estudos do centro social Mádia Leva.

      JOSÉ MANUEL LOPES / Há menos de um ano que a Escola Popular Galega publicou ?Recessom ou colapso. A questom da crise nos marxismos?. A obra, produto dos debates do grupo de estudos do centro social Mádia Leva, compila textos clássicos do pensamento da esquerda e deita luz sobre aspectos da recessom económica que hoje recrudesce. Falamos com Júlio Teixeiro, coordenador do livro, para conhecer mais da decadência civilizatória em que embrenhamos.

      O livro escolma artigos diversos de vários autores. Qual a razom, precisamente, desta escolha?

      Antes de iniciarmos o debate dos textos, levamos em conta umha reflexom: em várias tradiçons de pensamento enfrentavam-se duas ideias sobre a crise. Há umha, mui conhecida e divulgativa, que fala de recessons cíclicas, os famosos 'ciclos longos, ciclos curtos'.
      A isso dedicam-se vários textos, como alguns do próprio Marx, outros do filósofo galego Martínez Marzoa. Umha outra focagem diz que o capitalismo é histórico. Que quer dizer? Tivo princípio e tem fim. Portanto, existe a crise, mas como momento terminal, como início dumha decadência.
      A isso apontam outros trabalhos que escolmamos: Marx também sugeriu isto, complementando a outra tese. E o mesmo apontam autores como Robert Kurz, ou Jorge Berstein.

      Nom é um debate desconhecido?
      Quiçá entre nós, mas na realidade é um debate velho. De feito, outro dos documentos que publicamos é do filósofo italiano G.Marramao. Já nos anos 70 se debatia em Itália sobre isto, com o pano de fundo das grandes luitas obreiras. E curiosamente, houvo grandes correntes reformistas, como o socialismo da II Internacional, que acreditavam no fim do capitalismo polos seus limites internos, barreiras infranqueáveis com que nos havíamos topar. Umha posiçom reformista que hoje semelha estranha, mas existia.

      Os textos ajudam a compreender as diagnoses que, na Galiza de hoje, se fam sobre a crise. Poderias resumir-no-las?
      As diagnoses galegas, na realidade, nom som mui distintas das de outros lugares atingidos pola crise.
      Já sabemos o que diz o neoliberalismo dominante: há crise por 'vivermos por cima das nossas possibilidades', por ser 'alegres no gasto público'. É umha culpabilizaçom da gente da rua e é umha culpabilizaçom do estado
      do bem-estar. Também conhecemos a visom social-democrata, que abrolha à margem dos grandes partidos ? essencialmente neoliberais. Para esta corrente, a crise tem as suas origens na esfera financeira, porque houvo umha 'excessiva avidez' dos capitalistas especulativos. A clássica culpabilizaçom 'do capital que rende juros' (que aliás utilizou a extrema direita de entreguerras).ç

      Entom, quais seriam as propostas práticas de cada corrente?

      Os primeiros proponhem como soluçom o conhecido recorte de direitos, os segundos a reativaçom económica através de investimentos públicos e infraestruturas: mais emprego, mais consumo, portanto mais impostos e mais serviços sociais. Na esfera política institucional, só se debatem as condiçons de aplicaçom do primeiro pacote. O segundo, esse só se debate extramuros do poder.

      O teu prólogo do livro daria a entender que há qualquer cousa criticável na defesa do Estado do bem-estar. Mas essa é a principal aposta da esquerda...

      vejamos. No terreno da mera crítica, a posiçom social-democrata é insuficiente. Ataca a esfera financeira,
      a avidez de certos sujeitos e as suas más práticas, e exculpa por completo a economia produtiva.
      Haveria um 'capitalismo bom' e honesto, e um 'capitalismo mau', capitalismo de cassino, no qual teríamos
      que centrar o alvo. Mas a questom nom é se o Estado do bem-estar se pode manter ou nom. A questom é: quais som as causas profundas da sua queda? E no terreno prático, o debate nom é como conciliar rendibilidade e Estado de bem estar, mas: é possível conciliar capitalismo e direitos sociais universais, mesmo na Europa? A resposta é nom.

      Essa posiçom, da inviabilidade do Estado do bem-estar, nom é demasiado categórica?

      Se fosse possível recuperá-lo, tal recuperaçom estaria já em andamento. E todos os partidos do sistema como hoje som neoliberais, voltariam a ser pró-direitos sociais, como o eram há trinta anos.
      A posiçom, possivelmente, seja categórica, mas foi já respondida por vários autores clássicos: a corrida
      pola revoluçom tecnológica está a esgotar, desde a segunda pós-guerra mundial, o valor gerado em cada mercadoria. Como se compensou isso nas últimas décadas?
      Estimulando o consumo de mais mercadorias através do crédito e do endividamento de toda a sociedade. O processo especulativo, e casos como o da lehman Brothers, som apenas a fase final desse processo. É o sintoma que traz à consciência a doença.

      Que podemos aguardar das medidas que tomam os Estados?

      Há um tipo de medidas mui conhecidas: a reduçom das despesas públicas para minorar a dívida estatal. Traduzido para os nossos interesses, significa que direitos universais se tornam luxos só acessíveis às classes abastadas.
      Assim acontecerá com a saúde, o ensino superior e as pensons. Um outro tipo, em que reparamos menos,
      procura socializar os custos da crise pola porta traseira, evidentemente para pagarem-no os mais pobres: primeiro paliou-se o crack financeiro com ajudas milionárias à banca; a seguir, os estados, exaustos financeiramente, vendem dívida pública. E o Banco Central Europeu, para paliar a falta de circulaçom monetária
      cria dinheiro. O resultado é a inflaçom, que de novo pagam os assalariados, e que representa o aspecto final da desvalorizaçom de todas as mercadorias.

      Também a crise está a gerar alteraçons profundas nos comportamentos, nas ideologias. Quais
      salientarias?

      No movimento galego as mudanças som claras. viveu-se durante décadas com a ideia dumha certa
      compatibilidade entre libertaçom nacional e capitalismo. Mesmo houvo quem sonhasse com capitalistas
      no galeguismo. O fim de projetos empresariais, mediáticos, financeiros, que podiam ter um tinte galeguista, em favor da concentraçom em poucas maos espanholas, está a ser um ditame suficiente. Estamos na hora de redesenhar umha outra compatibilidade: entre emancipaçom nacional e superaçom radical do capitalismo.

      Quanto ao pensamento dominante, as mudanças também se percebem. Semelha que na direita, e na extrema direita, nom há mais lugar para a aceitaçom de certos direitos: nem a plurinacionalidade do estado, nem mesmo o bilinguismo. O que antes se considerava cessons amáveis, agora som luxos a eliminar. Está a fermentar um novo supremacismo espanhol.

      Escrito ?s 13:05:00 nas castegorias: opinióm
      por SCMadiaLeva   , 1036 palavras, 1494 views     Chuza!

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