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      Cineclube polo 25 de abril: Mortu Nega

      Cineclube polo 25 de abril: Mortu Nega

      17-04-23

      Mortu Nega. Um filme de Flora Gomes para comemorar a Revoluçom dos Cravos
      21 de abril às 20h30

      Como já é tradiçom o Cineclube Mádia Leva! celebra a Revoluçom dos Cravos projetando um filme sobre os acontecimentos que figérom cair o regime fascista em Portugal para recuperar, do esquecimento induzido pola versom oficial da história, o protagonismo das classes popularesauto-organizadas num processo revolucionário onde as ocupaçons maciças de terras, casas e fábricas figérom abalar os cimentos sobre os que o poder político e militar pretendia construir o novo regime democrático convergente com os interesses da OTAN e da Comunidade Europeia. Só através dum golpe de estado emascarado e perpetrado no 25 de Novembro de 1975 as elites políticas e militares conseguírom liquidar a aventura revolucionária para depois transformar o 25 de Abril do 74 numha comemoraçom de lugares comuns e imagens legitimadoras tanto do novo status quo como da atroz história colonial.
      Deste modo, a memória oficial deixou impressa como verdade, que a descolonizaçom dos povos africanos sob domínio português aconteceu como consequência da revoluçom dos cravos, e com certeza, Portugal apenas reconheceu a independência destes países após o25 de Abril, mas na verdade a Guiné Bissau já proclamara a independência unilateralmente no ano 73 e nessa altura, o exército português apoiado fortemente pola OTAN mostrava sintomas claros de fraqueza pressentindo umha derrota inevitável em Angola e Moçambique após mais de 10 anos de guerra criminal contra os povos africanos.
      Desta perspetiva, é a luita pola independência dos povos africanos baixo domínio do império português que propiciaria a Revoluçom dos Cravos, e isto é assim porque o regime do Estado Novo estava sustentado por umha elite colonial improdutiva que ao mesmo tempo que dessangrava as colónias africanas, mantinha a imensa maioria do povo português em condiçons de absoluta miséria. As colónias eram territórios lucrativos para a elite portuguesa, mas também válvula de segurançadas tensons sociais no interior do país que expulsava milhares de portugueses na procura de oportunidades nos territórios colonizados. As guerras de libertaçom nacional na África golpeárom nos dous extremos, a quantia de capital procedente das colónias viu-se drasticamente reduzida enquanto a metade do orçamento do país era esbanjado na guerra colonial, a populaçom portuguesa maioritariamente empobrecida questionava o facto de sacrificar os filhos numha guerra inútil, e as tensons sociais começavam a fender o sólido muro do regime fascista. Se o Estado Novo foi quem de sustentar umha guerra criminal durante mais de umha década contra as forças de libertaçom africanas foi polo financiamento e o armamento da OTAN.
      Aliás, a isto devemos acrescentar o facto de os elementos mais esquerdistas do Movimento das Forças Armadas que organizárom o golpe de estado do 25 de Abril, terem-se formado política e ideologicamente nas campanhas de guerra africana, tomando consciência do anti-imperialismo no decurso dos conflitos, e mesmo estabelecendo contatos com os partidos independentistas.

      Parece-nos coerente, portanto, a escolha de Mortu Nega, o filme do autor guineense Flora Gomes, para celebrar umha data que as galegas temos assumido também como própria. O filme situa-nos nos estertores da guerra de independência da Guiné Bissau,arranca na fronteira com a Guiné Conacri, onde Diminga, a protagonista do filme, inicia o seu percurso acompanhada de mulheres e crianças civis e combatentes guineenses com o objetivo de levar armamento para a frente de guerra, e no caso da nossa protagonista, encontrar-se com o seu companheiro Sako que combate na frente. Mas o percurso de Diminga nom acaba ali, com a conquista da libertaçom, Diminga empreende o caminho de volta para casa carregando um peso ainda mais acusado do que o das armas, som as pegadas e feridas interiores como consequência da guerra criminal do colonialismo português às que a nossa heroína deverá enfrentar, já em época de paz; umha paz ameaçada pola seca que mata os cultivos, e os oportunistas que procuram tirar réditos da sua participaçom como combatentes. Para Diminga, a luita continua na paz, mas se consegue impor-se sobre os horrores que a ameaçam nos seus sonhos é porque existe umha comunidade,sustentada pola dignidade e a força moral das mulheres, capaz de suportar o peso das tragédias individuais. Flora Gomes compom neste filme de vocaçom documental, mas atravessado dum profundo alento poético, todo um canto à solidariedade, aos afetos e aos cuidados, para assim transcender os valores do heroísmo bélico e o espetáculo da guerra, tornando transparente o papel protagonista das mulheres na conquista da libertaçom nacional.

      Colonialismo nunca mais!

      Escrito ?s 09:54:00 nas castegorias: album
      por SCMadiaLeva   , 730 palavras, 140 views     Chuza!

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