30-08-2005

  18:36:55, por Lugris   , 688 palavras  
Categorias: Livros

Connemara em Ponferrada

O 18 de Julho, ao pouco de ter começado a trabalhar na Gatera, Daniel Verdú publicava em "El País", o periódico independente da manham e dependente de quem todos sabemos, umha entrevista com um escritor do que eu nom tinha escuitado falar nunca. Jamie O'Neill: "Joyce siempre murmura al oído de cualquier escritor irlandés".
Se ides à ligaçom, que nom tem a entrevista, porque para isso há que pagar, poderedes comprovar, ademais, que o periódico chama-lhe "Jaime" o pobre Jamie.

Eu nom teria lido a entrevista de nom ser porque umha olhada rápida ao conjunto do texto destacou umha palavra, um topónimo: Connemara.

Dez minutos antes andava a limpar os andeis onde repousam as garrafas, os copos e as copas. E os mais destacado whiskey que temos, irlandés, numha garrafa baixa colocada sobre um pé de pedra, com o nome lá escrito é, precisamente o "Connemara, Peated Single Malt, Irish Whiskey. Product of Ireland".

Aquilo nom podia ser umha casualidade. E decidim ler a entrevista. Antes, colhim um copo desses de botar chupinhos e botei as últimas pingas que ainda havia na garrafa de Connemara, para saboreá-lo. O tal Jamie O'Neill vive actualmente nesta regiom irlandesa. "Connemara (di a garrafa de whiskey) on the western shores of Ireland, is a region of rugged natural beauty. The taste is smooth, conplex, and balanced between the clean malt and powerful peat. The bouquet evokes the aromas of the sea breezes and peat fires of Connemara". Pois, digem, a saborear os 40 graos deste whisky, e a entrevista.

Entre todos os whiskeis que temos, este deve ser, sem dúvida, o melhor, ou um dos melhores. Para alem dos clássicos güisques que há em todos os bares, mais ou menos, nós temos uns 18 whiskies de qualidade, quase todos irlandeses, ainda que também há algum escocês. O Paddy (old Irish Whiskey), trae na etiqueta um mapa de Irlanda (Belfast incluido) divido em quatro zonas: Cork, Dublin, Galway e Belfast. Depois temos, entre os irlandeses, o Clontarf, e o Clontarf Reserve, o Tullamore Dew, Bushmills Malt, Powers, Jameson, Black Bush,... O Aberlour, que é escocês, e ainda um expositor com 6 garrafas distintas: Glenkinchie, Lagavulin, Oban, Craggamore, Talisker e Dalwhinnie. Vaia, que há variedade. Mas este Connemara chamara a minha atençom desde o primeiro momento: nos andeis e na entrevista.

E era com motivo. O whiskey é espectacular. A entrevista muito interesante. Jamie O'Neill vem de ver editado o seu livro "At Swin, Two Boys" em espanhol, na editorial Pre-textos ("Nadan dos chicos", Maio de 2005), em traduçom de Antonio Riveiro Taravillo, e falava, pouco, da sua vida, e, muito, desse livro. Ao día seguinte fum à livraria habitual (a que habitualmente visito cá em Ponferrada) a ver se já o tinham. Ainda nom. Chegou umha semana depois.

A primeira vissom asustou-me. Trata-se dum grosso volume de practicamente 790 páginas! Mas o bom sabor do Peated Single Malt e da entrevista no jornal figerom-me decidir-me. Comprei-no, e practicamente nom dava chegado a casa para começar a ler.

O livro, ambientado em Dublim, conta a vida de dous rapazes, Jim e Doyler, no ano prévio à Pascua de 1916, quando se produz o levantamento dos irlandeses, e das irlandesas, contra Inglaterra. O escritor dedicou dez anos a este romance, durante os quais trabalhou como celador numha instituiçom psiquiátrica em Londres (na entrevista no jornal deixa entrever os motivos desta experiência laboral).

O momento político que se vivia na illa, os séculos de enfrontamento com Inglaterra, o começo da última fase do conflito , os movimentos sociais, o nascimento e desenvolvimento do socialismo irlandés independentista,... tudo isso, e mais, estam presentes neste romance que, sem dúvida contribuirá a termos um melhor conhecemento da Irlanda.

Por exemplo, nada mais abrir o volume, conhecemos que a ediçom foi possível mercé a ajuda económica prestada para a traduçom polo Ireland Literature Exchange (Translation Found). E é que Irlanda é um país pequeno capaz de aproveitar os seus recursos. Como era aquilo: "Como em Irlanda... Como em Irlanda...".

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