Há vários dias escuitei na rádio umha notícia, na que se falava dum informe elaborado por um amplo grupos de ONG's (já sabedes, essas organizaçons que presumem do que nom som: dim que nom som governamentais, mas o 90% vivem do dinheiro que lhes dam os diferentes, diversos e variados governos e administraçons públicas). Neste caso, tratava-se do grupo das mais grandes ONG's do Estado espanhol (que nisto da "solidariedade" burguesa ainda há classes, e nom me vas comparar umha ONG séria e responsável com sedes em várias capitais de província e por suposto em Madrid e projectos e meio mundo ou mais, com umha ONG dessas que todo o que tenhem é um apartado de correios em algumha província perdida do mapa).
O informe em questom tratava das próprias ONG's: do tipo de pessoas que as conforma, das suas situaçons sócio-laborais, da situaçom sócio-laboral dos trabalhadores e liberados dessas ONG's, etc... Entre os dados a destacar: que mais do 60% dos membros som mulheres, mas que essa percentagem cai por baixo do 30% no referido às pessoas que ocupam os postos de direcçom e responsabilidade. Isto só já dá para mais de um comentário, e para fazer umha análise de que tipo de solidariedade practicam umhas entidades que reproduzem no seu seio as injustiças que dim combater.
Mas a questom que me interesa nom é hoje essa.
Lembrei-me da notícia ao escuitar também na rádio que hoje se celebra o dia contra a pobreza por parte da ONU, e várias ONG's falavam sobre o tema. Pois bem, em aquel informe, umha das cousas que destacavam negativamente os seus autores, eram os baixos salários das pessoas que trabalhavam para as ONG's. Mas nom se referiam aos salários das pessoas que desenvolviam projectos concretos em lugares determinados, nom: referiam-se aos salários das pessoas que trabalhavam no Estado espanhol nessas entidades, bem como secretárias, como directivos, ou como qualquer outro posto remunerado. Pois bem, o que eles consideravam "baixos salários", oscilavam, segum os seus dados, entre os vinte mil (20.000) e os trinta mil (30.000) euros anuais, que no caso dos postos directivos remunerados podiam chegar em alguns casos a mais de quarenta mil!!! (40.000) euros anuais!
É bem curioso que entidades supostamente solidárias, conhecedoras da realidade social, pensem que esses som salários baixos (saberam a quanto ascende actualmente o Salário Mínimo Interprofesional?). Mas o mais chamativo da questom é de onde tiraram tanto dinheiro as ONG para ter esses salários? Quanto do dinheiro que recaudam vai para os seus projectos e quanto para manter-se elas mesmas, para manter mastodónticas estruturas que se convirtem em verdadeiras empresas? Onde é que fica todo o suposto discurso dos voluntário entregado e abnegado que entrega o seu tempo e o seu trabalho desinteressadamente para melhorar o mundo?
No Estado espanhol, calcula-se que há nom menos de três milhons de pessoas que vivem por baixo dos índices da pobreza. Nengum deles, seguro, trabalha numha ONG.