O Voz Própria, a revista de NÓS-Unidade Popular, entrevista-me no seu último número, para falarmos da situaçom lingüístico-cultural, mas também política, do Bierzo.
Tal e como informam no seu web, nas suas 46 páginas, recolhem-se informaçons sobre parte do trabalho realizado por NÓS-Unidade Popular ao longo dos primeiros meses deste ano, junto a informaçons relativas às luitas de outros povos, nomeadamente o colombiano e o venezuelano. A revista inclui ainda umha lembrança de Francisco Martins, revolucionário português e amigo da organizaçom, recentemente falecido.
Em chave nacional, temas como a crise capitalista que afecta à Galiza ou a repressom ao movimento independentista acompanham um dossier central dedicado a analisar a mutaçom da ditadura fascista em democracia burguesa mediante a operaçom que ficou conhecida polo nome de 'Transiçom espanhola'. Como sempre, a revista está disponível na sua ediçom impressa ao preço de dous euros.
A seguir, ofereço na íntegra a entrevista, ainda que resulta mais cómodo e atractivo aceder a ela no formato digital de fácil leitura que oferecem no seu web.
Qual é a situaçom actual da língua e a cultura galegas no Berzo e do seu movimento normalizador?
Nos dias de hoje, a situaçom que se vive a este respeito no Berzo é como a que se poda viver dentro da Comunidade Autónoma Galega (CAG), mas com o entrave de nom existir nengum tipo de corpo legal que tenha a utilidade de, no mínimo, pôr algum limite à expansom do espanhol. A transmissom oral fora das cidades e das grandes vilas, isto é, no meio rural, mantém-se, mais ou menos como na CAG, mas conhece-se umha cada vez mais forte introduçom do espanhol nestes ámbitos. Nas vilas e nas cidades, como por exemplo Cacabelos, Camponaraia ou Ponferrada (a cidade que exerce de centro nevrálgico de toda a regiom berziana), o retrocesso da língua, em praticamente todos os ámbitos, é evidente. Só as pessoas mais velhas destas vilas mantenhem a língua, enquanto os mais novos a tenhem praticamente perdida, ainda que continuem a empregar muitíssimo vocabulário, expressons, fraseologia, etc... galega. A introduçom da língua galega no ensino, tanto primário como secundário, tem servido para que o ritmo de aculturizaçom nom seja tam rápido, mas nestes momentos nom há nada que lhe ponha freio.
O movimento normalizador fai o que pode, tendo em conta que contamos com poucos meios, pouca estrutura, e que muitas vezes temos que fazer frente a um sinúmero de prejuizos, quando nom ataques direitos, que nos mantenhem numha situaçom permanente de defesa, sem podermos avançar cara posturas mais activas e novidosas no que à promoçom da língua se refire. No Berzo nom estamos na fase de reivindicarmos o nosso direito a viver em galego, porque ainda temos que reclamar o nosso direito a sobreviver em galego. E isto nom é umha brincadeira. Pensai que nesta regiom galegofalante, tal como na Seabra ou no Eu-Návia, a nossa língua nom é oficial, nem co-oficial, e isso significa que, por exemplo, nom é legal dirigir-se às instituiçons públicas (concelhos, Junta, deputaçons, mancomunidades...) em galego. Aqui nom podemos fazer cousas que na CAG paracem tam simples como redigir em galego um escrito comunicando a nossa intençom de colocar umha mesa de reparto de informaçom numha praça ou numha rua, porque o concelho em questom nom admitirá a entrada desse escrito, ou, se o admite, responderá que nom tem obrigaçom de conhecer o idioma, e que, portanto, nom atende o escrito. E como isso, cem mil exemplos mais que poderíamos pôr: muitos meios de comunicaçom nom admitem notas de imprensa ou comunicados redigidos em galego (ou bem som enviados nas duas línguas, ou bem só em espanhol, se queres que che fagam caso), ou nom admitem que lhes fagas declaraçons na nossa língua quando realizamos algumha actividade; nom podemos exercer o nosso direito a ser atendidos em galego em comércios, bancos ou qualquer outro tipo de negócio, mesmo que tenham matriz galega; da mesma forma, nengum tipo de escrito oficial pode ser redigido na nossa língua; as crianças berzianas nom som educadas em galego, ainda que vivam em lugares eminentemente galegofalantes e onde o galego é língua de uso habitual; e assim um longo et cetera de situaçons que na CAG som vividas doutra forma. Porque a questom é que se na CAG alguém quer apresentar umha denúncia por ser discrimando por razom de língua pode fazê-lo, porque existe um corpo legal (mais ou menos útil, mas existe; e outra questom é o resultado final dessa denúncia), mas aqui nem sequer podemos agarrar-nos ao nosso direito a viver em galego, porque esse direito nom existe. Ou melhor dito: o direito existe, aqui como na CAG, mas aqui nom é reconhecido polas instituiçons competentes.
Em datas mais ou menos recentes produzírom-se diversas polémicas com motivo da defesa da territorialidade galega do Berzo e dos outros territórios galegos hoje nom reconhecidos polo Estatuto de Autónomia. Qual avaliaçom fás das mesmas e quê repercussom tivérom no Berzo?
No Berzo, e nos outros territórios do que conhecemos como Galiza irredenta, ou faixa oriental, a Galiza nom autonómica, ou com quigermos chamá-los, este é um tema que cada tanto tempo reaparece. Em ocasions, promovido por meios de comunicaçom sensacionalistas (tipo El Mundo, ou similares), que muitas vezes e com total descaramento só pretendem aumentar as suas vendas. Outras vezes, algum pronunciamento político, de umha ou outra margem da raia, cria novamente um barulho meiático que com o passar dos dias, das semanas, fica em nada. E isso é o lamentável. Porque cada vez que sucede umha cousa assim, nom temos a capacidade para reconduzir a situaçom e estruturar um debate, sério, tranqüilo e plural, sobre o tema da territorialidade.
E aí as culpas há que reparti-las entre muitos: primeiramente, e porque a nós nos atinge mais ao perto, a esquerda independentista é incapaz, por diversos motivos, de aproveitar essa situaçom. Mas também há que dizer que o resto do nacionalismo e a esquerda soberanista também nom consegue, e em ocasions eu suspeito que nem quer, dar forma a esse debate e utilizá-lo para avançar nas suas propostas e posiçons. A última vez em que ocorreu umha cousa assim, foi com motivo da proposta que o BNG fazia para a reforma do Estatuto de Autonomia da CAG, em que recuperava a proposta histórica (já recolhida no Estatuto de Autonomia de 36 e em propostas anteriores), de que qualquer território limítrofe pudesse solicitar a sua integraçom na CAG. É claro que o balbordo mediático espanholeiro foi imediato. Isso é normal. Mas o que nom é normal é que o BNG, e o conjunto do nacionalismo, em vez de defender essa postura, democrática, de dar a capacidade ao povo para decidir o seu futuro, imediatamente comece a pedir desculpa e a tentar disfarçar a proposta. Finalmente, a impressom que dava é que isso nom era mais que umha proposta feita para depois ser retirada, e assim poder ter umha imagem de força ?séria, moderada, moderna?...
No Berzo, estas polémicas vivem-se de diversos modos, como sucedeu com a ?polémica? com o mapa da Galiza editado por NÓS-UP, e que fora distribuído um par de anos antes, mesmo pondo-o à venda em diversos estabelecimentos, com grande sucesso. Os meios de comunicaçom, de forma practicamente unánime, fecham fileiras com o espanholismo antigalego mais rançoso, sem permitir que nengumha voz dissidente ache umha fresta por onde fazer-se ouvir. Mas, noutros ámbitos, na rua, no trabalho, muitas pessoas olham com simpatia movimentos assim, e comentam casos anteriores, falam da proximidade com a Galiza em diferentes campos, e do longe que ficam Leom ou Valhadolid (capital da Comunidade Autónoma de Castela e Leom, CACeL); e nom som poucas as pessoas que apostam em se integrar na Galiza ou em permitir, no mínimo, que essa possibilidade se admita. É claro que as posturas contrárias som muito numerosas, mas eu nom me atreveria a dizer que maioritárias, porque se assim fosse, se estivesse tam clara, tam evidente, a pertença territorial desta regiom à Comunidade Castelo-Leonesa, nom seria tam necessária umha tam furibunda reacçom por parte de instituiçons, cúpulas de partidos e organizaçons empresariais e sindicais, e meios de comunicaçom. Quando é preciso dedicar horas e horas de televisom, páginas e páginas de jornais, horas e horas de rádio, a defender a ?nom-galeguidade? do Berzo, é que a questom nom deve estar tam clara.
Da nossa capacidade e fortaleça depende que sejamos capazes de aproveitarmos essas ocasions para criar consciência, para conseguirmos introduçom social, para criar estrutura, por feble que seja, que nos permita avançar, defendendo sempre e abertamente a galeguidade do Berzo.
O Parlamento do Horreo aprovou na anterior legislatura, no ano 2004, e por unanimidade um Plano Geral de Normalizaçom da Língua Galega, que incluia diferentes actuaçons a realizar nos territórios estremeiros. Desenvolvêrom-se algumhas destas actuaçons? Que actividade leva adiante o actual governo bipartido da comunidade autónoma galega no Berzo e que opiniom tés da mesma?
Quando no ano 2004 o Parlamento galego aprova por unanimidade, ainda sob um governo Fraga, o PGNL, a esquerda independentista e umha grande parte do reintegracionismo criticou-no por diversos motivos. Cá no Berzo, estivemos numha postura complicada, porque ainda que compartilhássemos muitos dos critérios da esquerda independentista e do reintegracionismo para realizar criticas a esse Plano, também pensávamos que as propostas que ali se faziam em relaçom ao que denominavam ?galego estremeiro, quer dizer, o galego falado desde sempre em territórios da antiga Gallaecia que hoje nom pertencem à Comunidade Autónoma de Galiza?, eram muito interessantes e importantes para avançarmos no caminho da defesa e promoçom da nossa língua e cultura.
Nesse texto, ainda em vigor, mas sem aplicar, o PP, o PSOE e o BNG reconheciam que a nossa língua tem ?tanta tradiçom histórica e tanto enraizamento? nestes territórios como na CAG, mas que ?o facto de pertencerem a outras comunidades autónomas produz umha situaçom deficitária no reconhecimento de direitos lingüísticos (...) e nas medidas de protecçom e promoçoms da língua galega?. Se o PP e o PSOE, que sempre mantenhem o discurso da unidade de ?Espanha? e de que eles som umha força espanhola, quer dizer, presente em todo o território do Estado espanhol e defendendo os mesmo critérios em todos os territórios, assinam em Compostela um texto destas características, será porque também o PP e o PSOE de Castela e Leom e o das Astúrias pensavam o mesmo? Lamentavelmente nom. O PGNL nom foi mais que fogos de artifício, fruto de um determinado contexto político galego, no qual parece que as três forças políticas concorriam por verem quem prometia mais cousas ?para a língua?, sabendo que todo ia ser só umha campanha de propaganda sem concreçom real.
Hoje, quatro anos depois de se ter aprovado aquele texto, nada ou praticamente nada mudou. Dos grandes objectivos que se marcavam nesta área, nengum foi levado avante, nem sequer se dérom os primeiros passos para o conseguir. ?Garantir a formaçom em língua galega nos centros de ensino das comunidades de fala galega de fora da Galiza?: som umha grande maioria os centros educativos nos quais nom se oferta a matéria de língua galega, e com certeza, nom há possibilidades de realizar estudos na nossa língua, nem em infantil, nem em primário, nem secundário nem, muito menos, na etapa universitária, onde o galego simplesmente nom existe. ?Criar espaços em que os habitantes de territórios galegófonos podam usar a sua língua em qualquer tipo de relaçom?: visto nos dias de hoje, parece umha brincadeira macabra, sem que nengum paso tenha sido dado neste sentido. ?Facilitar o acesso das pessoas destes territórios aos meios de comunicaçom públicos de Galiza?: o sinal de rádio e televisom da CRTVG recebe-se, nalguns lugares com dificuldade, mas estes meios nom prestam a mais mínima atençom a estes territórios na sua programaçom nom sendo anedoticamente, e com a chegada da televisom digital o mais provável e que se deixe de poder aceder à TVG nos territórios da faixa leste. ?Prestar a ajuda que estas comunidades demandem para o melhor connhecimento, conservaçom e progresso da língua que nos é comum?: se por isso se entende continuar a sufragar todos os gastos que cria a pequena presença da nossa língua no ensino, para que a Junta de Castela e Leom nom tenha umha escusa para nom renovar os convénios que permitem essa presença, isso sim, está conseguido. Mas com essa atitude só estamos potenciando que a Junta de Castela e Leom se desentenda do problema porque sabe que para isso está a ?Xunta?.
Outras propostas recolhidas no PGLN nom fôrom nem tratadas, consta-nos, nas reunions bilaterais entre as Juntas castelhano-leonesa e a galega, e hoje em dia quase nom sabemos se rir ou chorar ao lê-las novamente: ?recuperar as formas próprias na toponímia dos territórios de fala galega; implantar o ensino de língua galega, integrado no currículo académico, em todos os centros de ensino públicos do sistema nom universitário; que podam leccionar em galego os professores de qualquer ma¬téria, como forma de se prepararem para um eventual ensino superior em universidades galegas; lograr umha presença do galego no sistema escolar nom universitário que se aproxime da existente na Galiza; levar a cabo algumha campanha entre os comerciantes da zona para a galeguiza¬çom da rotulaçom, fazendo visível que estám num território de fala e cultura galega; iniciar conversas com as autoridades políticas das Astúrias e de Castela e Leom para facilitar a utilizaçom do galego na política municipal das áreas galegófonas; potenciar a presença do galego em revistas e publicaçons da zona, poderia-se pensar mesmo num periódico (...) editado em galego que se ocupe dos problemas, da realidade e das notícias da zona...? Enfim, águas de bacalhau. O que dizíamos, fogos de artifício para entreter incautos.
Quais som os maiores entraves para desenvolver iniciativas de promoçom do carácter galego dos territórios estremeiros? Que atitude tenhem as organizaçons, políticas, sindicais, sociais, presentes nesses territórios?
O problema da territorialidade é complicado em qualquer ponto que se apresente. Por exemplo, e recolhendo novamente a última polémica relacionada com a proposta de reforma do Estatuto do CAG feita polo BNG, em Castela e Leom o PP e o PSOE criticavam o BNG e o riscavam de ?imperalista?, ?agressivo? e nem sei quantas cousas mais por recolher nesse projecto umha proposta que aparece exactamente igual no Estatuto de Autonomia de Castela e Leom. Ainda mais: proposta semelhante aparecem em diversos estatutos de autonomia.
Devemos ter em conta, além do mais, que a questom da identidade ?regional? e a questom territorial em Castela e Leom estám muito vivas por diversos motivos. Em primeiro lugar, porque o sentimento de pertença a umha mesma comunidade autónoma, a um território unido no aspecto social, político, histórico, económico, sociológico... é praticamente inexistente. Umha explicaçom para isto é que umha comunidade autónoma como a que agora existe nom responde mais que a umha decisom política tomada de costas à populaçom deste território e sem base em nengum critério histórico, geográfico, cultural ou de qualquer outra índole, fruto de acordos e pactos da mal chamada ?Transiçom?. É evidente que a identidade comum que poda sentir um/umha habitante de Vila Franca do Berzo com um/umha de Monteagudo de las Vicarias em Sória, ou com um/umha de Horcajo de Montemayor em Salamanca, ou de Ortigosa del Monte, em Segóvia, dado que nom existe historicamente, é bem complicada de inventar. Umha prova é a necessidade que tivo a própria Junta de Castela e Leom de criar umha fundaçom, a Fundaçom Villalar, para tentar gerar (artificialmente, folga dizê-lo), umha tal identidade comum nesta comunidade.
Mais um aspecto a ter em conta é o dos diversos conflitos territoriais que existem dentro da CACeL. De umha parte, o ?leonesismo?, pretende umha comunidade autónoma leonesa, com base nas três províncias que eles consideram historicamente formantes do reino leonês: Leom, Zamora e Salamanca. De outra, existe o conflito de Trebinho: território basco gerido pola Junta de Castela e Leom, que em ocasions é empregado como escusa para nom avançar no reconhecimento oficial da língua galega no Berzo e a Seabra. Reconhecer direitos à língua galega e aos seus e às suas falantes, implicaria também reconhecer o direitos para o euskera e os seus e as suas falantes em aqueles territórios. E já sabemos qual é a ?política oficial? a respeito de Euskal Herria. E neste tema tanto tem falarmos do PP como do PSOE.
Muitas vezes ao falarmos do Berzo, esquecemos que este fai parte de umha comunidade autónoma tam extensa e com graves problemas de coesom. Esta é a mesma comunidade autónoma que a de Burgos, Segóvia, Sória ou Palência. E ainda, por citarmos outro exemplo de conflito territorial, temos que citar a existência de um castelhanismo que é contrário à partiçom da sua naçom, Castela, em, como mínimo, três comunidades autónomas: Castela e Leom, Castela-A Mancha e Madrid.
Portanto, o tema da identidade do Berzo é visto dentro da CACeL tendo em conta o panorama descrito. Ainda temos que acrescentar que o leonesismo, quando menos o política e socialmente maioritário, ainda sendo umha pequena força, é profundamente antigalego, e nega nom só a identidade galega do Berzo, mas a própria existência da língua e cultura galegas como autóctonas do Berzo, cousa comumente aceite por todos os estudos filológicos sérios de qualquer universidade ou centro de estudos.
Assim as cousas, os maiores obstáculos para desenvolver as nossas iniciativas, além das nossas próprias (in)capacidades, é ter que fazer frente a um ambiente hostil no político e no mediático, mas também muitas vezes no terreno social: nos sindicatos, em diferentes organizaçons e movimentos sociais, etc... Se na CAG hoje em dia é completamente normal que as organizaçons sindicais, por exemplo, empreguem o galego tanto interna como externamente, aqui seria completamente extraordinário, pois nengum sindicato se dirige à sua filiaçom das zonas marcadamente galegófonas em galego. Ainda continua vigente em muitos sectores autodenominados ?progressistas? ou ?de esquerda? o discurso rançoso, caduco e alienado do espanholismo. Frases como ?o nacionalismo é um invento da pequena burguesia para dividir a classe trabalhadora?, ou ?os obreiros nom tenhem pátria?, e cousas semelhantes, som habituais. O desprezo pola realidade lingüística e cultural do Berzo é ainda normal, porque se pretende umha uniformidade nesse terreno que já sabemos de onde provém. Como já sabemos, som esses sectores da ?esquerda?, que pretendem adequar a realidade aos seus postulados, e nom ao revés.
É possível a construçom de umha alternativa independentista galega de esquerdas no Berzo?
Com certeza, a única resposta possível é sim. É possível a construçom dessa alternativa porque é necessária. Mas isso nom significa que seja ineludível a construçom dessa força. Os entraves, os impedimentos, as dificuldades para sermos capazes de construir essa força nom som maiores nem mais complicados de solventar que os que podam existir na CAG: serám parcialmente diferentes, mas mais nada. É tam complicado construir um espaço político e social independentista e de esquerda no Berzo como fazê-lo no Barco de Valdeorras ou em Camarinhas, por exemplo. Em primeiro lugar, depende das nossas capacidades, dos nossos recursos, das nossas forças; quer dizer, de nós mesmos e mesmas. Aqui vivemos umha situaçom diferente, certo, por estarmos sob umha administraçom diferente à da maioria do território da nossa naçom, mas nom esqueçamos que tam espanhola é a administraçom da CAG como a da CACeL. Ambas fam parte do tecido instituicional e político do Estado espanhol, ambas respondem aos interesses da classe dominante, e ambas tenhem o mesmo interesse em defender os privilégios dessa classe dominante frente aos direitos do povo trabalhador.
Galiza nom é só a CAG, do mesmo modo que a CAG nom é Galiza. Se no Berzo, e nos outros territórios da faixa leste, há um grande trabalho por fazer, nom é menos certo que na CAG há também um imenso trabalho para pôr na ordem do dia da acçom das forças políticas e sociais o tema da territorialidade. Avançar numha margem da raia sem avançar na outra é impossível. Construir na CAG umha força soberanista que nom tenha em conta a unidade territorial, seria um suicídio. Procurar construir no Berzo umha força realmente de esquerda que nom inclua este tema, é seguir avançando por um caminho impossível: o da legitimaçom da ?Transiçom?.