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A cantiga é uma arma
eu não sabia
tudo depende da bala
e da pontaria
Tudo depende da raiva
e da alegria
a cantiga é uma arma
e eu não sabia
Há quem cante por interesse
há quem cante por cantar
e há quem faça profissão
de combater a cantar
e há quem cante de pantufas
p'ra não perder o lugar
O faduncho choradinho
de tavernas e salões
semeia só desalento
misticismo e ilusões
canto mole em letra dura
nunca fez revoluções
(...)
Umha boa poesia, umha boa melodia, para fortalecer ánimos nestes dias tam longos, nestas noites tam curtas...
O Grupo de Acçom Cultura, com José Mario Branco, a cantar.
A informaçom seguinte, tirei-na daqui
O Grupo de Acção Cultural (GAC) iniciou as suas actividades em 1974, logo a seguir ao 25 de Abril. No seu início o GAC era um projecto musical que envolvia nomes como José Mário Branco, José Afonso, Fausto, Adriano Correia de Oliveira e mesmo José Niza e Manuel Alegre.
O que se pretendia com este grupo era apoiar as greves e outras manifestações que despontavam como cogumelos.
Em 1975 dá-se a separação definitiva das águas , ficando o GAC como um projecto ligado ou muito próximo da UDP, constituído por um grupo de vozes que giram à volta do principal impulsionador e mentor José Mário Branco.
Por esta época chegou a haver o GAC Norte e o GAC Sul e o grupo chegou a realizar 3 sessões ( como se chamavam os concertos) durante um só dia.
Do GAC faziam parte nomes como Afonso Dias, João Lisboa ( actual crítico do "Expresso"), Carlos Guerreiro,
Rui Vaz ( actuais membros dos Gaiteiros de Lisboa) e Nuno Ribeiro da Silva ( que foi secretário de Estado num dos governos de Cavaco Silva).
O grupo concorre ao Festival RTP da canção com o tema "Alerta" e editará muitos outros singles , tais como "A Cantiga É Uma Arma" ou " A Ronda do Soldadinho". Estes singles serão , posteriormente, reunidos num LP intitulado "A Cantiga É Uma Arma".
Com o 25 de Novembro, os ânimos políticos arrefecem e o grupo começa a iniciar uma nova fase que passa pela recolha de temas tradicionais , recriados com novas letras da autoria do grupo ou com originais muito próximos da música tradicional. Tal é o caso do LP " Pois Canté!", editado em 1976.
Este é um disco fundamental para a compreensão de todo o fenómeno posterior de recriação da música tradicional, feita por grupos como Raízes, Brigada Victor Jara, Vai de Roda, etc.
Este trabalho faz, aliás, parte das obras que o jornal "Público", numa votação dos seus críticos musicais , considerou como dos melhores de sempre da música portuguesa.
José Mário abandona o grupo ( que mantém a designação GAC- Vozes na Luta) para se dedicar à militância política e ao teatro.
O GAC editará ainda mais 2 LP's " Vira Bom" e "Ronda da Alegria" , na linha do anterior " Pois Canté!", recriando a música tradicional portuguesa.
Em 1978 desaparecia um dos mais importantes grupos de música portuguesa, que contribuiu de firma decisiva (embora , por vezes, não se dê conta disso) para o desenvolvimento de uma estética musical baseada na criatividade e na inovação.
Grandes grandes grandes os Vozes na Luta. E tamén o José Mário. Sabes que tiven a sorte de coñecelo cando o Leo tocou con el en Coimbra, e mesmo presenciar o reencontro con Miro Casabella, tantos anos despois?