Com esta
vim-te marchar três vezes da casa
dando um portazo
e prometendo nom voltar
nunca mais
A primeira vez
durou o tempo suficiente
para que eles pensaram que te precissavam
e sairam a chamar-te
a ti
que aguardavas fora a que te chamaram
ao descobrir que o frio
o frio real
nem era metafórico
nem romántico
nem atractivo
A segunda vez
durou o tempo suficiente
para que tu descubriras que precissavas voltar
e chamache à porta
repetidas vezes
porque sabias o agradável que era
sentir calor
mirando pola janela
mentras falavas
da neve
da chuva
e do frio
Esta é a terceira vez
A primeira vez que saiche
alegramo-nos muito
compartilhamos contigo o balbordo silenciado
e lamentamos a tua marcha
ainda que prometeras que dentro da casa
ias falar do exterior
da realidade do exterior
e da pertinência de ter presente a situaçom
A segunda vez que saiche
estavamos construindo algumha cousa
e contamos contigo
e seguimos guardando um lugar
para ti
depois de que voltaras à casa
prometendo-nos que as cousas
definitivamente
iam mudar
e todo aquel palavrório
da contextualizaçom dos conflitos
e as condiçons materiais
Hoje
quando te vejo sair
novamente da casa
prometendo nom voltar
nunca mais
só podo alegrar-me
por saber que dentro
as cousas som tam complicadas como fora
Nós só queremos botar-vos fora
E o conseguiremos
Nom para entrar nós
Só para que nom haja ninguem dentro
quando derrubemos a casa
essa maldita casa
A imagem tirei-na daqui. Mas podia ser qualquer outra. Nom é mais que umha metáfora. Ou nom.