28-11-2008

  07:54:36, por Lugris   , 766 palavras  
Categorias: Cousas por aí, Gz é bem pequena

Compromisso com quê? Compromisso com quem?

Vem de sair à rua o número 50 do Abrente, o vozeiro de Primeira Linha.Um número especial com colaboraçons de alguns e algumhas das colaboradoras habituais nestes doze anos de imprensa independentista e comunista galega: Carlos Morais, Noa Rios, Alberte Moço, Daniel Lourenço, Berta L. Permui, Maurício Castro, André Seoane, Ramiro Vidal, Carlos Taibo, Domingos Antom Garcia, Michael Löwy, George Labica, Iñaki Gil de San Vicente, Narciso Isa Conde, Ana Barradas, Marco Santopadre..., e também de quem isto escreve.
Um artigo intitulado "Compromisso com quê? Compromisso com quem?", que colo também aqui embaixo.

Compromisso com quê? Compromisso com quem?

No mundo ocidental actual em que vivemos, o consumo é em si mesmo um fim. Consumir é, no mundo capitalista, o maior exemplo de liberdade. Nom é por acaso que os defensores deste mundo como o único mundo possível sempre falem da necessidade de defender o ?sistema de livre mercado?. A produçom cultural, para bem e para mal, nom é alheia a isto. A Produçom Cultural com maiúscula, a Cultura séria, essa que aparece em, e é promovida por, os grandes grupos mediaticos, essa que ocupa as prateleiras das livrarias dos centros comerciais, os museus e as galerias de arte, os coliseus e os palácios da música, as salas de cimena e os teatros, as discotecas e as universidades... só se produz para ser vendida, para ser comprada. E, para se vender, para poder ser comprada, tem que situar-se consciente ou inconscientemente dentro de umha aposta ético-estética, político-ideologica, que lhe permita ser compatível com a óptica burguesa do mundo. Isso significa que tem que botar pola borda o compromisso com a liberdade, com a emancipaçom, com a fraternidade, com a igualdade. Tem que ser umha produçom cultural que asuma a necessidade de se converter num bálsamo apaziguador das evidentes injustiças realmente existentes no mundo contemporáneo, gestando-se longe de qualquer preocupaçom social e excluindo do seu ADN todo o que puder contribuir para compreender os motivos polos quais este mundo deve ser transformado. A cultura situa-se, assim, no campo do colaboracionismo político-ideológico com o capitalismo e a indiferença social, e promove a visom da inevitabilidade do mundo actual tal e como o conhecemos. É umha cultura comprometida, sim, mas comprometida com o sistema imperante, actuando como parte de umha grande campanha de propaganda e publicidade do mesmo.

Porém, umha outra cultura é possível. Porque é necessária. Umha cultura da denúncia, da resistência, da insurreiçom. E já se está a construir. Já existe. Existe desde sempre. Seria um tópico dizer que essa outra cultura está longe da cultura pró-burguesa colaboracionista. Um tópico falso, além do mais. Porque nom é assim: essa cultura está-se a produzir aqui mesmo, ao nosso redor, e, entre outras cousas, a rede, Internet, é umha das suas ferramentas básicas de trabalho. Umha cultura que entende que é necessário, que torna inevitável, transgredir a ordem: a ordem cultural, mas também a ordem sociopolítica. Umha cultura que situa no centro da sua criaçom a legítima vontade de intervir na realidade, consciente de que resistir é fazer frente ao sistema socioeconómico global que avança sem deparar com resistências no campo da política e a cultura oficiais. Umha cultura rebelde que continua a apostar na Utopia, mas que situa também dentro das suas coordenadas o indispensável confronto com o estabelecido: contra os canones, contra a mercantilizaçom, contra os espartilhos e as etiquetas, contra os compartimentos estancos, contra as categorias predefinidas,...

Na rede, podemos encontrar muitos exemplos diversos, distintos, plurais, de diversos campos, que mostram a capacidade e vitalidade desta outra cultura resistente. Ninguém está a inventar nada novo: está-se a actualizar umha tradiçom de cultura comprometida com a transformaçom, com a denuncia social. Obras que circulam livremente pola Internet, procesos de criaçom abertos à participaçom doutros artistas e/ou público em geral, grupos que criam colectivamente as suas obras sem procurar um reconhecimento individual, experiências que sobardam ou racham os limites dos géneros e as técnicas culturais, etc... Umha multitude heterogénea de manifestaçons artísticas comprometidas com a ideia de que a criaçom cultural é inseparável do processo social em que está inserida, e que nem pode nem deve ser alheia a esse processo nem pretender circular de forma independente ou autónoma, mas assumindo o inevitável diálogo e interacçom com o mesmo.

1 comentário

Comentário de: Mario [Visitante]
Mario

Disto falouse brevemente en Mariñán. Eu lembrei unha frase de Ferrín: cando lle preguntaron que era para el literatura comprometida e dixo que Jon Juaristi (citei entón e cito agora de memoria). Como dis no inicio, o verdadeiro compromiso dos nosos tempos é o de que escribe (compón, etc…) para que todo siga igual e atendendo os intereses dos empresarios e dos poderes estabelecidos.

Do resto, confeso que estou matizando cada vez máis unha postura non exactamente coincidente. Dende que lin “As regras da Arte” de Bourdieu confírmome na miña noción de que a “arte pola arte” é unha noción que ten unha raigame profundamente burguesa, e que o artista é un ser autónomo e crítico cando non depende deses poderes para comer, (e cando pode comer).

Naturalemente o que fan asociacións como a SAGE, e en menor medida CERDO (que leva un camiño ultimamente que enfín, xa falaches ti disto) non é máis que unha explotación do traballo dos outros. Se se quere, un xeito moderno de plusvalía, por non falar do lucro/estafa que supón seguir cobrando inxustamente por obras de persoas que xa non se poden beneficiar delas. Como lin algunha vez nun debate en Diagonal, o que faría falta sería crear un sindicato (e unha internacional) de creadores, que poida xestionar directamente e dunha forma xusta (socialista) as retribucións. Iso ten sentido dentro dunha sociedade que se acompase a esa mesma idea, claro.

Dentro diso, tamén non me avergoño d@s obreir@s da miña familia que traballaron facendo barcos de guerra mentres loitaron nas rúas contra a guerra e a opresión. Só me avergoño daqueles que non fixeron isto último. (E tendo en conta o inxusta e demagóxica que pode ser esta metáfora para un sistema pequeno que, coma o noso, non dá beneficios, ou non os suficientes para subsistir del).

Quería falar hai tempo da “literatura comprometida", aver se che aproveito este pé.

Non puiden ir ao da Gentalha, pero síntome algo mellor ao ver hoxe que ti tamén non puideches. Agardo que polo menos aproveitases para facer algo de esquí. ;-) Irei de todos xeitos a ver a expo un día destes. Unha aperta.

PD: Tamén é moi interesante a última entrevista a Muguruza no Diagonal, onde di, entre outras cousas que SAGE non, pero que CC tamén non, que o camiño é a autoxestión do traballo artístico. Penso que é unha perspectiva un tanto errada, ou ben que algún dos dous (Muguruza ou eu) non entendeu ben as múltiples variantes do CC.

PPD: o de mudar os nome é para despistar aos buscapleitos de tan ilustre asociación.

29-11-2008 @ 20:56