09-12-2008

  07:55:43, por Lugris   , 263 palavras  
Categorias: Escrever nom é mau

Quê fazer?

Farei-me esta pregunta
Quê fazer?
também
quando esteja nisso que chamam
paro
desemprego
quando nom tenha trabalho
quer-se dizer
trabalho remunerado?

Olharei ao meu redor
e verei as mesmas ruas
as mesmas praças as mesmas casas?
Serám as pessoas que me arrodeem as mesmas?

Quando esteja nisso que chamam
paro
poderei escrever
um poema
este poema?
Tal vez um poema de amor?

Ou terei que passar os dias escrevendo
redigindo
como sortilégio
curriculuns que ninguém lerá
e que estarám cheios de menos verdades
de mais falsas realidades
que todo o que tenha escrito antes?

Terei que procurar tempo
para pensar neste pregunta
Quê fazer?
ou o próprio tempo será
quem tenha
a resposta?

Serám as barricadas mais grandes
as desgraças mais tristes
as rosas mais rosas?
Serám as perguntas menos retóricas
as dúvidas menos esenciais
a existência menos misteriosa?

Poderei sair à rua
como poeta
desempregado
a berrar bem forte
ou terei que cultivar a beleza
oculta
em metáforas incomprensíveis?

Quando esteja nisso que chamam
paro
os meus companheiros
e também as companheiras
estarám nas bibliotecas
ou nas assembleias?

Poderei cantar
a urgente necessidade de reagir
ou ainda seguirá soando forçada
artificial
pouco verosímil
a voz poética que fale nos meus versos?

Quê fazer entom com as metonímias
os palíndromos as alegorias?
Como empregar as hipérboles
os eufemismo a ironia?
Quê construir com os circunlóquios
os pleonasmos e as aliteraçons?

Quê fazer com o quê fazer?

A imagem, aqui.

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