Keffiyeh.
O que se autodenominava "Povo Mais Perseguido do Mundo", tem acedido, por méritos próprios, à perda desse título. O palestiniano é hoje o povo mais perseguido do mundo.
O pano palestino, a Keffiyeh, kaffiyah, keffiya, kaffiya ou ainda kufiya, é hoje, igual que onte, igual que manhám, um símbolo de resistência, de luita, de dignidade, de liberdade, de internacionalismo. Mas também de dor, de sufrimento, de injustiça.
No 2009 Palestina livre!!!
Perante tanta barbárie, tanta dor, tanta sem razão, tanta injustiça, tanto olhar para outro lado dos governos (e do nosso governinho junteiro da forças de ?esquerda?? PSOE ? BNG, só nos resta a dignidade comunista e a ideia de que nós, os trabalhadores somos os únicos chamados para desfazer o opróbio, o desdouro, a ignomínia.
Mando para todos os leitores deste blogue honroso uma tradução de um poema do livro ?Diwan? de um grande poeta palestino para uma antologia de poesia palestina moderna que ainda não saiu a lume, em homenagem sentida por todas as vítimas da crueldade nazi-sionista.
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Makhmud Sobh al-Kurdi
Cruz de todos os homens
Para minha mãe, Aixa.
«A tua cruz, ai!, Nazareno,
feridas de flauta dessangra.
A minha gorja é ouriço de alfinetes;
As minhas mãos, de lume chamas»
E prossego ainda, como Tu, vivindo.
Uma ponte de cravos atravessei
desde Belém, por te achar:
a tua morte é a minha morte;
o teu sangue, o meu sangue.
E prossego ainda, como Tu, vivindo.
Percorri o Calvário,
desde Belém, por te achar:
A tua morte é a minha morte;
O teu sangue, meu sangue é.
E ainda prossego, como Tu, vivindo.
Percorri o Calvário,
a tua paixão no meu corpo sofri.
E lá para onde o meu rosto volvo
mil Judas gritam: «Crucificai o árabe!».
E ainda prossego, como Tu, vivindo
O meu sol perseguido é por mil víboras
cuspindo ao ar
rajadas da peçonha.
E ainda prossego, como Tu, vivindo
No madeiro da morte
encontro-te cada dia.
E ainda prossego, como Tu, vivindo.
As feridas do teu corpo
?o meu corpo?
igual que galhos de tranças são
pingando lágrimas na face da tua mãe
?minha mãe?.
São como espigas de trigo
nas encostas de Galiléia.
Racimos de uvas são com sangue baptizados
sob os raios do sol do meio-dia.
Como se transitar o Calvário
desde a morte para a vida
um breve instante fosse,
ainda prossego, como Tu, vivindo.
Palestina é uma espada
espetada nas minhas entranhas
como doce levadura.
A tua cruz, a bainha é dessa espada
que um mar de sangue jorra,
purpúrea, vermelha.
E continuo ainda, como Tu, vivindo!
Palestina é uma oliveira entre dous mares:
Mar de morte e de açafrão,
mar de açucenas e flores de cerdeira.
Do seu sangue farei eu pão e vinho,
e azeite.
E armas, também.
Com a sua luz pegarei fogo
para atirar com violência o ouro todo dos ídolos.
Palestina renascerá da grande dor do parto.
Ó Palestina, dor de tantos povos,
Cruz de todos os homens.
Tradução de José André Lôpez Gonçâlez
A Palestina será livre e socialista igual que Galiza será livre e socialista.
A vitória é dos trabalhadores.
Chantaremos um mundo novo livre de injustiça para que as crianças possam livres surrir e bricar.