12-01-2009

Parábola (Astrazeneca nom se pecha)

Entro na minha entidade bancária
Falo com a pessoa que está na caixa
Amavelmente
pergunto-lhe se é certo
isso que di a sua publicidade
?somos o teu banco?
Essa pessoa sorrí
e di-me que sim
que com certeza
que eles estám para me ajudar
para procurar soluçons aos meus problemas
e para fazer que a minha vida blablabla
Escuito
Deixo-lhe falar

Ao rematar
digo-lhe
correctamente
que estou muito contento com os seus serviços
que nom tenho nengumha queixa
e que agradezo os presentes com os que
algumhas poucas vezes
me agasalham
a saber canetas
lanternas
guardachuvas
ou calendários
Que livremente aceitei as suas regras
as suas condiçons
as suas formas e os seus métodos
Mas que tem que compreender
ela tem que compreender
que num sistema de livre
libérrimo
mercado
eu devo
proteger os meus interesses
defender o meu dinheiro
asegurar o meu futuro
e que é por isso
e só por isso
que quero retirar todo o dinheiro
Todo
insisto
com voz solene
E Todo
acrescento
significa Todo o dinheiro
que nesse momento há na entidade bancária
na minha entidade bancária
porque tenho que depositá-lo noutra entidade
num paraiso fiscal
que me oferece condiçons muito mais competitivas
flexíveis
e económicas

Mira-me surprendido e
ou
incrédulo
e suspeito que vai chamar ao guarda de seguridade
privada
que está na porta
Nom o faga
digo-lhe
É-lhe melhor nom fazê-lo
Explico-lhe que o ruido
o balbordo
a polémica
nom nos ajudarám a nengum dos dous
e som contrários aos nossos intereses
Tenho potentes argumentos
insisto
e mostro-lhe duas 9 mm.
Asusta-se

Explico-lhe novamente os meus motivos
e fago todo o possível porque entenda que é inevitável
que a decissom está tomada
que nom fai sentido ir contra a corrente dos feitos
e que obstinar-se no contrário
nom servirá para nada
que a mim também me custou aceitar essa realidade
mas que há causas
motivos
directrizes
que estám por riba de nós
e que nós nom podemos controlar
De todas as formas
argumento
se tenho que empregar métodos expeditivos
a responsabilidade será toda sua

Eu nom asumirei os custos que vostede queira acrescentar
remato
e aponto com a PT-99

A direcçom internacional de Astrazeneca, tem a intençom de fechar a sua factoria d'O Porrinho, e deixar a todos os trabalhadores e trabalhadoras na rua, mesmo depois de obter uns benefícios por riba do aguardado. A empresa quer desviar a fabricaçom dos seus produtos a paises com mao de obra mais barata, porém pretende seguir vendendo aqui os seus produtos.

Como Astrazeneca, há outras muitas empresas, dúzias delas, dirigidas por estafadores, ladróns, piratas, sinvergüenzas,... empresários capitalistas em fim, que aproveitando a situaçom económica actual querem trasladar as suas empresas a lugares onde, a custa da inexistência de direitos laborais, a produçom seja, para eles, mais rendível. Quer-se dizer, onde podam explorar muito mais e muito melhor aos e às trabalhadoras.

O nosso dever é a solidariedade com todas as trabalhadoras, com todos os trabalhadores. Como poetas, como escritores/as, como trabalhadores/as também que somos.

Ánimo companheiras/os. Astrazéneca nom se pecha!!!
A CRISE QUE A PAGUEM OS RICOS!!!

PD/ Obrigado, Diego, polos comentários (via co-e) e as correcçons linguístico-estilísticas.

1 comentário

Comentário de: Subcomandante Marcos [Visitante]
Subcomandante Marcos

chapeau. Non hai mellor comentario.

Saudos camarada.

12-01-2009 @ 21:33