Inteiro-me polo meu amigo Post Scriptum, pessoa bem informada onde as haja e afervoado caetanista coma mim, de que o Caetano Veloso tem novo disco no mercado (Cê) e que nele inclui umha música (Porquê?) na qual repete, inúmeras vezes e com sotaque português, a frase Estou-me a vir.
O cantor baiano explicou asssim ao jornal Extra (SÁB, 16-SET-06) o emprego da expressom portuguesa:
?Acho bonita a maneira como, lingüisticamente, os portugueses resolveram a questão (do orgasmo). No Brasil, usamos o verbo gozar, como na França. Mas é como se estivesse acabando alguma coisa. Estou-me a vir é reflexivo, ou seja, fala de si próprio. E ainda dá uma idéia de continuidade?.
Com efeito, "vir-se" é para os portugueses o que para os espanhois é "irse", é dizer, ejacular, expulsar o sémen. Mesma direcçom, sentido contrário. Onde um brazuca diria "estou gozando" (que é gerúndio) um tuga diria "estou-me a vir" (infinitivo gerundial).
"Me voy" diria um espanhol, e um galego, pola perniciosa influência da língua deste, diria "vou-me" ou que "me vou".
Seja como for, este apontamento (muitíssimo obrigado, caro P.S.!) dá-me o pretexto que precisava para publicar em Angueira de Suso umha velha charge, a que ilustra este post, cuja publicaçom tinha pendente desde havia algum tempo e que com antecedência já publicara em papel em três revistas diferentes:
Eis Nº 8 (1993), pág. 11
Xó! Nº 37 (Dezembro 1999), pág. 4
De Troula Nº 3 (2006), pág. 3
Nela pugem em boca dos amantes uns conhecidos versos rosalianos que, nas suas bocas e graças as interferências lingüísticas do castelhano sobre o galego, cobram um sentido completamente diferente. Ele, meio desculpando-se, di-lhe a ela "Adiós, adiós que me vou". Ela, resignada perante a efemeridade do acto amoroso, soluça, salouca: "Éste vaise i aquél vaise / e todos, todos se van".
"Adiós, adiós, que me vou" é um verso de Adiós, ríos; adiós fontes, décimo quinto poema de Cantares Gallegos, obra de Rosalia de Castro publicada o 17 de Maio de 1863.
"Éste vaise i aquel vaise / e todos, todos se van" som, por sua parte, dous versos de As viudas dos vivos e as viudas dos mortos, poema de Follas Novas, poemário rosaliano de 1880.
"Follas Novas"!!?? Devido à "perniciosa influência" do castelhano, de que falava antes, devo esclarecer que aqui "follas" é o plural de "folha" (órgao apendicular, de forma variada, geralmente plano e de cor verde que se desenvolve no caule e nos ramos das plantas e geralmente constituída por bainha, pecíolo e limbo) e nom a segunda pessoa do singular do presente do indicativo do verbo "follar" (foder, copular);)
Venho devolver as tuas visitas, meu caro.
O caso é que esta é uma das tuas melhores vinhetas. Inteletualismo e procacidade juntos da mao. Post amorem omne animal triste.
Saúde, hei ir por Compostela um dia destes, ja avisarei para combinar.
Muitíssimo obrigado, caro Franjo, polos teus amáveis comentários a este meu último post coital. Para mim é um prazer tanto visitar o teu magnífico blogue quanto receber a tua visita no meu. Quando “um dia destes” venhas a Compostela comentamos ao vivo e em directo. Um abraço virtual até daquela!
Concordo com o Padim em que é um post muito completo; casam muito bem a imagem e o texto, a sério!
Nota: espero que isso de “último post coital” seja último de ser o mais recente, e não ‘último’ com significado de ‘derradeiro’ X-D
Do mesmo jeito que “quase todos os dias som after-shave” (Antón Reixa dixit), quase todos os post som post-coitais. Mas este último post (nom foi o derradeiro, como tiveches ocassiom de comprovar) era ademais “coital” no sentido de relativo ao coito, cópula ou tiquetaque sexual X-D Muito obrigado a ti também, amigo Uz!
Guardo ainda esse número da revista Eis como um tesouro. De facto, há umas quantas ilustrações tuas por lá realmente geniais: ONAN, Galiza C&B, Galiza/Canárias e o absolutamente mítico Self-Determinator.
:-) Que bom é ouvir-che dizer isso, caro Ugio! Daquela (1993) ainda nom nos conhecíamos mas já era claro que estávamos predestinados! Um abraço muito grande!
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