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      Lembrança do Fórum da Língua

      Lembrança do Fórum da Língua

      José Ramom Pichel e Suso Sanmartin no acto de abertura do Fórum da Língua. Compostela, 28 de Fevereiro de 2004 (Foto: Teresa Díaz)

      Convocado polo Movimento Defesa da Língua (MDL) em 28 de Fevereiro de 2004 (sábado) e na Faculdade de Filologia da Universidade de Santiago de Compostela (USC) celebrou-se o primeiro Fórum da Língua.

      Os meus amigos e as minhas amigas do MDL convidaram-me a proferir o discurso de abertura, cousa que figem encantado e também, porque não dizê-lo, um bocado ressacoso.

      Para celebrarmos o terceiro aniversário daquele irrepetível (?) evento a seguir publicamos em Angueira de Suso o texto ao que, tal dia como hoje há três anos, demos leitura no Salão de Graus da Faculdade de Filologia compostelana:

      SÃO-CHE COUSAS DA VIDA (DE BRIAN), POR CASTELAO!

      [Com peruca e óculos escuros] ?Perdoade que me apresente assim mas, como estamos no Entrudo...?

      Pido perdão também polo meu galego (português ou galego-português) embora não seja eu o único culpável da minha incompetência lingüística e esta tenha muito a ver com a minha condição de galego.

      Perdoade também se digo algum pecado. Por favor, não me crucifiquedes por isso.

      Embora a organização do ?Fórum da Língua? tenha pensado em mim para falar neste acto de abertura porque, entre outros muitos méritos que viram em mim (e que eu não acabo de ver tão claros) tenho o de ser sócio do MDL, vou falar a título pessoal e não no seu nome.

      Confio na vossa indulgência e espero não ter de pagar com a cruz a ousadia de ter aceitado o amável convite (que sincera e publicamente agraceço) do pessoal do MDL.

      Fago trinta e três (33) anos em dous mil e quatro (2004) e falta pouco mais de um mês para a Semana Santa, porém não tenho vocação de mártir e não gostaria de acabar crucificado como lhe aconteceu ao meu xará Jesús Cristo e também ao seu contemporâneo e vizinho (portal com portal) Brian de Nazaré.

      ?É como n?A Vida de Brian?!?. Quantas vezes não teremos dito e ouvido esta frase! E é que, muitas vezes, a tragicômica realidade do luso-reintegracionismo (e outros movimentos minoritários como o nosso) supera a ficção do clássico dos Monty Python. ?A Vida de Brian? é como a vida mesma!

      E falando nos clássicos qualquer ocasião é boa também para citar a denominada ?Bíblia? do galeguismo. Ainda que, para sermos mais exactos, haveria que chamar-lhe ?Antigo Testamento? porque Castelao (profeta n?A Nossa Terra) morreu deixando escritos apenas sete capítulos do Segundo Tomo (que viria sendo o ?Novo Testamento? galeguista) do ?Sempre em Galiza?.

      Da afirmação de que ?Estamos fartos de saber que o povo galego fala um idioma de seu, filho do latim, irmão do castelhano e pai do português? (?Sempre em Galiza?. Livro I, Capítulo IV) provavelmente o único em que todas e todos os aqui presentes concordaremos com Castelao é em que o nosso idioma é filho do latim.

      E se a língua em que hoje falamos é filha do latim e não irmã do bretão, o galês ou o gaélico...*

      * e aqui quero fazer um inciso e dizer que coincido totalmente com a opinião recentemente exprimida na sua coluna d?A Nossa Terra polo meu xará Suso de Toro (não de Nazaré desta volta) em que ?enquanto cidadãos cultos e livres há que ser celtistas e reintegracionistas?.

      ... [se a língua em que hoje falamos é filha do latim], dizia, é porque (como reconhecia o camarada Rogers, da Frente Popular da Judéia, n?A Vida de Brian) em matéria de impérios o romano era o número um. Sabiam como se impor.

      Mas, embora reconheçamos a supremacia do Império Romano não devemos menosprezar o que na nossa história o veu suceder, o Império Espanhol, dizendo como Castelao que são ?uns imperialistas fracassados?. Não convém rir muito nem muito alto (não esqueçamos que Castelao também era humorista) porque quem ri último é ri melhor e o processo de Normalização Lingüística da língua do Império, por rasca que ele seja, na Galiza avança imparável.

      E se, como Castelao também di no citado trecho do ?Sempre em Galiza?, galego e castelhano são irmãos, então são como Caim e Abel. (E não fai falta dizer qual dos dous é o fratricida).

      Mas o fratricídio e o cainismo não se dão apenas entre idiomas irmãos. Isso acontece nas melhores famílias, em famílias como a nossa.

      Com efeito, enquanto a nova Romanização Lingüística avança as/os filhas/os de Breogam envolvemo-nos em luitas fratricidas, em guerras civís (que, como todo o mundo sabe, são as piores porque são entre irmãos) e tudo porque se há alguém que odiemos mais que aos próprios romanos essa é a Mesa pola Normalización Lingüística (dissidentes!), e mais a Asociación Sócio-Pedagóxica Galega (dissidentes!), e mais a Associaçom Galega da Língua (dissidentes!), e mais a Associação de Amizade Galiza-Portugal (dissidentes!), e mais as Irmandades da Fala de Galiza e Portugal (dissidentes!), e mais o Movimento Defensa da Língua (dissidentes!)

      Ah, não, o MDL somos nós! (Foi um ?lapsus linguae?).

      Divide e vencerás. Um clássico, mais um. Não sei se este ?Fórum da Língua? servirá para que (como desejam as maravilhosas pessoas que nos convocaram aqui hoje) encontremos o nosso ?mínimo comum múltiplo? ou se, polo contrário e como n?A Vida de Brian, prevalecerá o ?máximo comum divisor?.

      Mas sejamos optimistas. Sejamos ludo-reintegracionistas.

      E para começarmos com bom pé nada melhor que começar polo final. Portanto, como na última cena do filme ?A Vida de Brian?, olhemos o lado bom da vida e (fazendo por uma vez algo tod*s junt*s) cantemos:


      ?Always look on the bright side of life!?
      (assobio)
      ?Always look on the bright side of life!?
      (assobio)
      ?Always look on the bright side of life!?
      assobio)

      Escrito em 28-02-2007, na categoria: LA QUESTIONE DELLA LINGUA (degli coglioni)
      Chuza!

      12 comentários

      Comentário de: Carlos Figueiras [Visitante]  
      Carlos Figueiras

      E eu agora sou um dos assinalados como dissidente
      ha, ha, ha!
      Ainda bem, nem sempre os romanos são os piores…
      sempre respeitei aquele homem só
      sentado no circo
      com dignidade.

      Algumas pessoas deveriam rever-se no filme três anos depois!

      Até prefiro os romanos!

      Abraços Suso.

      28-02-2007 @ 12:36
      Comentário de: suso [Membro]  
      suso

      O conto que me contas é um conto triste. No entanto, always look on the bright side of life, berremos: Menos mal que nos queda o Zebral! Viva Galiza Solitária! Um forte abraço, Carlos.

      28-02-2007 @ 14:24
      Comentário de: Uz [Visitante]  
      Uz

      Precisamente nesse Fórum foi que pude conhecer em pessoa muitos ‘disidentes’ do sistema :-D

      A verdade é que para mim foi uma experiência muito grata esse 28-F, se bem não guardo testemunho gráfico.

      O que sim conservo é o diploma que acredita a minha participação, que guardo como pequeno tesouro :)

      A tua intervenção, a menção va-queira e os fragmentos da Vida de Brian… ainda hoje plenamente actuais 3 anos depois (por desgraça).

      01-03-2007 @ 11:51
      Comentário de: Uz [Visitante]  
      Uz

      Sem qualquer animus iniuriandi (livre-me a Demiurga e Suma Fazedora), apenas lembrarei uma frase que não é minha, mas que utilizo muito: tal ou qual serão uns cabrões, mas são OS NOSSOS cabrões.

      E antes de preferir os romanos deveríamos tender pontes cara aos nossos cabrões. A fim de contas, os nossos cabrões são cabrões para nós… e nós para eles. E isto é assim proque falamos o mesmo idioma (mas não a mesma linguagem).

      E esses romanos (eu também os prefiro, mas não os seus imitadores fracassados mesetário-estepários) falam idioma distinto. Então, concluo, sempre estaremos mais próximos dos nossos queridos/odiados cabrões do que dos pseudoromanos-mesetário-estepários, que não compartilham connosco o elo comunicacional básico: o idioma.

      O problema é das linguagens, porque somos galegos e não nos entendemos (prometi não utilizar o tópico, mas acabou indo).

      OBS: este post não o supera nem Groucho, haw, haw, haw! (riso do ‘Lindo Pulgoso’ ;))

      01-03-2007 @ 12:01
      Comentário de: suso [Visitante]  
      suso

      A primeira frase por ti citada, que pertence ao presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt e é referida ao ditador nicaraguano Anastasio Somoza García, di literalmente assim: “Somoza may be a son of a bitch, but he’s our son of a bitch” (é dizer, “Somoza pode ser um filho da puta, mas é o nosso filho da puta").

      Se nos guiamos por D. Álvaro Cunqueiro, a segunda ("We are galician people and we don’t understand the eachother") foi pronunciada em Póvoa de Sanábria por um dos que ia numha “tropa de galegos chamada polo rei de Castela para campanhas contra o mouro na linha do Tejo".

      OBS: Como nom podia ser doutro jeito, Grouchadas som sempre bem recebidas em Angueira de Suso ;)))

      01-03-2007 @ 12:50
      Comentário de: nemtele [Visitante]  
      nemtele

      à fim e ao cabo… que fizerom os espanhois por nos?
      noraboa polo artigo, dissidente!

      02-03-2007 @ 11:22
      Comentário de: suso [Membro]  
      suso

      The answer, my friend, is MOOin’ in YouTube! ;) MUUUitíssimo ubregado, meu amigo Nem-Tele-Nem-Gaitas! ;)

      02-03-2007 @ 13:28
      Comentário de: Uz [Visitante]  
      Uz

      Suso, mais uma vez, ergo o chapéu perante a tua vasta (que não basta) cultura :-D

      02-03-2007 @ 17:30
      Comentário de: suso [Visitante]  
      suso

      (*^-^*)

      03-03-2007 @ 14:07
      Comentário de: luiz [Visitante]
      06-03-2007 @ 09:56
      Comentário de: suso [Membro]  
      suso

      Por nada, amigo Luís! Obrigado eu polo teu amável comentário e polos interessantes enlaces que nele colocaches. Um abraço.

      06-03-2007 @ 10:25
      Comentário de: Croios detector [Visitante]  
      Croios detector

      Com efeito que Croio tinha diante com esse cabelo preto…que bem o passei eu nesse fórum…parabéns suso pola lembrança

      13-03-2007 @ 20:27