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      "Tendendo pontes, em Ponte Vedra, com a nossa língua" (17-MAI-04)

      "Tendendo pontes, em Ponte Vedra, com a nossa língua" (17-MAI-04)

      O "susodito" mestre de cerimônias. Foto: Teresa Díaz

      Na Temporada das Letras 2004 a organizaçom da Festa da Língua de Ponte-Vedra (Assembleia Reintegracionista Ene Agá, Movimento Defesa da Língua e Associaçom Cultural Reviravolta) convidou-me para apresentar as actuações musicais (Trópico de Grelos e Lemorai) e teatrais (Os Quinquilláns e Códia e Miolo) do tradicional evento.

      Daquela tivem a honra de compartilhar o cenário com quem na altura era Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Ponte-Vedra e na actualidade é Diretor Geral de Criaçom e Difussom Cultural da Conselharia de Cultura e Desporto da Junta de Galiza, o lusófilo Luís Bará, que subiu ao palco da pontevedresa Praça da Lenha para apresentar ele próprio a Orquestra Gente que Encanta (Instituto Cultural Casa do Béradêro) de Catolé do Rocha, Paraíba, Brasil.

      Para tam especial ocassiom eu escrevera um texto que afinal, por falta de tempo, nom pudera ler. Dous dias depois, em 19 de Maio, o meu texto saiu publicado no Portal Galego da Língua (PGL). Hoje, três anos mais tarde e dentro desta Temporada das Letras 2007, publico-o aqui, em Angueira de Suso.

      Espero que seja do vosso agrado.

      Tendendo pontes, em Ponte Vedra, com a nossa língua

      Suso Sanmartin

      No passado mês de Abril a revista do coração (ou de fofoca, como dizem no Brasil) ?Noivas da Galiza? surpreendia-nos a todas e todos com a publicação da seguinte bisbilhotice (ou fofoca):

      ?ROSÁLIA E CAMÕES UNIRÁM-SE POLA LÍNGUA?

      Insinuava NGZ acaso que, no mês corrente, Rosalia de Castro ia pôr os cornos a Manuel de Murguia com Luís de Camões?

      Reconheço que a imagem da Rosalia e o Luís a darem-se um ? beijo desentupidor de pia? que sugeria o sensacional cabeçalho me deixou um bocado chocado. E já estava eu a imaginar o que viria a continuação: tórridas confissões da ?Santinha? em verso (em versos emprestados de Caetano Veloso), ?GOSTO DE SENTIR A MINHA LÍNGUA ROÇAR A LÍNGUA DE LUÍS DE CAMÕES? e depoimentos exclusivos do autor d?Os Lusíadas à imprensa reintegracionista rosa, ?JÁ SEI NAMORAR, JÁ SEI BEIJAR DE LÍNGUA AGORA SÓ ME RESTA SONHAR? (fazendo a rima fácil ao jeito dos Tribalistas).

      Nada mais longe da realidade! A leitura da letra pequena tirou-me do meu engano: desde este ano, e a iniciativa da AGAL e do MDL, todos os actos que do 17 de Maio (Dia das Letras Galegas) ao 10 de Junho (Dia de Camões) organizem os diferentes colectivos reintegracionistas hão-de de anunciar-se num mesmo cartaz e tríptico e sob um mesmo lema, sendo o lema escolhido para este primeiro ano o de ?tendendo pontes com a nossa língua?.

      Que alívio que não se tratasse de mais um caso de adultério (como esses que impudicamente se arejam com ?Molho Cor-de-Rosa? ou de ?tomate? no tele-lixo espanhol) e sim do princípio duma formosa amizade! Uma amizade à galego-portuguesa (não compartilhada, como habitual, por ?Amizade Galiza-Portugal?) que significa o primeiro passo dum caminho (já agora, repararam em que o Caminho Português passa por Ponte-Vedra?) que nos pode levar a algo mais sério: a unidade orgânica dos colectivos que, como AGAL e MDL, acreditam no reintegracionismo lingüístico e no monolingüismo social e que, por enquanto, são amigos com direito a roce (?Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões?), nada mais.

      A união fai a força, mas não se a união for à força. Esta nunca se conseguiria com uma Oferta Pública de Aquisição (O.P.A.) hostil, por isso saudamos cum ?Opa!? amigável (interjeição que designa espanto, admiração e/ou contentamento) a iniciativa de AGAL e MDL de celebrarmos juntas/os a ?Temporada das Letras 2004? sob o erótico-festivo lema de ?tendendo pontes com a nossa língua?.

      Com efeito, este lema pode interpretar-se (ao menos a ou o jornalista de NGZ e mais eu assim o fizemos) como um convite a fazer com a nossa língua (que, como é sabido, vive e florece em Portugal) certas cousas às quais, paradoxalmente, designamos numa língua morta (tipo Pontus-Veteris, fellatio, cunni-lingus, etc).

      Mas que não se me emocione a/o ludo-reintegracionista nudista (ou nudo-reintegracionista) que ainda não é hora de despir-se. Se botarmos contas vemos que o 10 de Junho (Dia de Camões) vem sendo 40 de Maio e, já se sabe o que di o provérbio, ?ANTES DE QUARENTA DE MAIO NÃO TIRES O SAIO?.

      Beijos (de língua) para todas e todos.

      Ponte-Vedra, 17 de Maio de 2004
      Escrito em 04-06-2007, na categoria: LA QUESTIONE DELLA LINGUA (degli coglioni)
      Chuza!

      2 comentários

      Comentário de: Uz [Visitante]  
      Uz

      Grande, Suso! E grande discurso!

      11-06-2007 @ 18:56
      Comentário de: suso [Visitante]  
      suso

      Muitíssimo obrigado, grande amigo!!! :-)

      12-06-2007 @ 09:53