Diferenças
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pt_agal:historia [23/12/2010 12:51] valentim |
pt_agal:historia [26/03/2019 18:25] (Actual) ramom [Quem foi o primeiro reintegracionista. Quando aparece o reintegracionismo?] |
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- | ====== Perspectiva histórica ====== | + | ====== Perspetiva histórica ====== |
- | ==== Quem foi o primeiro reintegracionista. Quando aparece o reintegracionismo? ==== | + | ===== Quem foi o primeiro reintegracionista. Quando aparece o reintegracionismo? ===== |
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O reintegracionismo tal e como hoje o entendemos nasce entre finais dos anos 70 e princípios dos 80, com a consolidaçom de umha prática ortográfica para o galego convergente com a do português. | O reintegracionismo tal e como hoje o entendemos nasce entre finais dos anos 70 e princípios dos 80, com a consolidaçom de umha prática ortográfica para o galego convergente com a do português. | ||
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Nessa altura, para a consolidaçom dessa prática, tivo grande importáncia um grupo de sacerdotes galegos residentes em Itália que assinárom um texto conhecido como o [[http://pglingua.org/index.php?option=com_content&view=article&id=190:os-13-de-roma&catid=27:novas-da-galiza&Itemid=83|Manifesto dos 13 de Roma]]. Porém, nesta primeira etapa da prática reintegracionista moderna também fôrom fundamentais figuras já falecidas como Carvalho Calero, Jenaro Marinhas del Valle, Paz Andrade, Rodrigues Lapa ou Guerra da Cal. | Nessa altura, para a consolidaçom dessa prática, tivo grande importáncia um grupo de sacerdotes galegos residentes em Itália que assinárom um texto conhecido como o [[http://pglingua.org/index.php?option=com_content&view=article&id=190:os-13-de-roma&catid=27:novas-da-galiza&Itemid=83|Manifesto dos 13 de Roma]]. Porém, nesta primeira etapa da prática reintegracionista moderna também fôrom fundamentais figuras já falecidas como Carvalho Calero, Jenaro Marinhas del Valle, Paz Andrade, Rodrigues Lapa ou Guerra da Cal. | ||
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- | Nom obstante, a vontade do Reintegracionismo moderno de construir o galego tendo em conta o português perde-se na história do galeguismo. De facto, pode afirmar-se que essa vontade existe desde o momento mesmo que nasce um movimento cujo objectivo é usar e dignificar o galego, existindo inúmeras [[pt_agal:historia:Citas sobre a questom da língua|citaçons]] de galeguistas históricos que provam isto. | + | <WRAP column 35%> |
+ | {{ :wiki:montero_santalha.jpg|José-Martinho Montero Santalha, principal impulsionador do manifesto dos '13 de Roma'}} | ||
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+ | Nom obstante, a vontade do Reintegracionismo moderno de construir o galego tendo em conta o português perde-se na história do galeguismo. De facto, pode afirmar-se que essa vontade existe desde o momento mesmo que nasce um movimento cujo objetivo é usar e dignificar o galego, existindo inúmeras [[pt_agal:historia:Citas sobre a questom da língua|citaçons]] de galeguistas históricos que provam isto. | ||
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- | + | ===== O reintegracionismo nom é umha tendência dos últimos anos? ===== | |
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O reintegracionismo é só relativamente moderno. | O reintegracionismo é só relativamente moderno. | ||
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Como movimento organizado nasce em 1981, com a fundaçom da Associaçom Galega da Língua (AGAL) e populariza-se em 1983, com a publicaçom do Estudo Crítico das Normas Ortográficas e Morfológicas do Idioma Galego (ILG-RAG). Porém, como tendência perde-se na história do galeguismo. | Como movimento organizado nasce em 1981, com a fundaçom da Associaçom Galega da Língua (AGAL) e populariza-se em 1983, com a publicaçom do Estudo Crítico das Normas Ortográficas e Morfológicas do Idioma Galego (ILG-RAG). Porém, como tendência perde-se na história do galeguismo. | ||
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Som numerosos os estudos de várias disciplinas humanísticas que demonstram que a filosofia reintegracionista, isto é, aquela que propugna que o português deve ter-se em conta para construir o galego moderno, acompanhou o programa galeguista desde o momento mesmo em que este nasceu. | Som numerosos os estudos de várias disciplinas humanísticas que demonstram que a filosofia reintegracionista, isto é, aquela que propugna que o português deve ter-se em conta para construir o galego moderno, acompanhou o programa galeguista desde o momento mesmo em que este nasceu. | ||
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- | Em geral, pode mesmo dizer-se que nos momentos da história em que o galeguismo/nacionalismo gozou de mais força, também a filosofia reintegracionista chegou a influenciar mais o programa cultural do mesmo. O momento culminante desta intimidade produziu-se com a Geraçom Nós. | + | <WRAP column 40%> |
+ | {{ :wiki:galacticos.png?nolink|A nossa é umha língua que ultrapassa fronteiras}} | ||
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+ | Em geral, pode mesmo dizer-se que nos momentos da história em que o galeguismo/nacionalismo gozou de mais força, também a filosofia reintegracionista chegou a influenciar mais o programa cultural do mesmo. O momento culminante desta intimidade produziu-se com a Geraçom Nós. | ||
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- | ==== O reintegracionismo nom é recuar na história? ==== | + | |
+ | ===== O reintegracionismo nom é recuar na história? ===== | ||
É antigo e moderno ao mesmo tempo. | É antigo e moderno ao mesmo tempo. | ||
- | Nom se pode negar que, atrás do reintegracionismo, existe certa vontade de restaurar umha unidade ideal perdida há muitos séculos. Umha vez que a situaçom do galego é fraca na actualidade, o reintegracionismo pretende considerar toda a história da nossa língua e nom apenas recuar a aquela parte em que o galego já se encontrava em situaçom de minorizaçom. Dito de outro modo, o reintegracionismo encontra na Idade Média, o período em que o galego foi língua nacional de cultura, um modelo para a construçom do galego moderno tam válido como o do século XIX e XX. | + | Nom se pode negar que, atrás do reintegracionismo, existe certa vontade de restaurar umha unidade ideal perdida há muitos séculos. Umha vez que a situaçom do galego é fraca na atualidade, o reintegracionismo pretende considerar toda a história da nossa língua e nom apenas recuar a aquela parte em que o galego já se encontrava em situaçom de minorizaçom. Dito de outro modo, o reintegracionismo encontra na Idade Média, o período em que o galego foi língua nacional de cultura, um modelo para a construçom do galego moderno tam válido como o do século XIX e XX. |
- | Ora, o reintegracionismo é sobre todo um projecto de futuro. Usando como modelo as variantes da língua que nom ficárom subordinadas ao castelhano, e que se espalhárom amplamente polo mundo, propom um modelo de língua ao mesmo tempo alicerçado na tradiçom medieval e inserido na Lusofonia.De facto, se nom existisse a Lusofonia, talvez nom valesse a pena sermos reintegracionistas, porque a razom fundamental do nosso modelo de língua é que ele goza de grande saúde na actualidade. | + | Ora, o reintegracionismo é sobre todo um projeto de futuro. Usando como modelo as variantes da língua que nom ficárom subordinadas ao castelhano, e que se espalhárom amplamente polo mundo, propom um modelo de língua ao mesmo tempo alicerçado na tradiçom medieval e inserido na Lusofonia.De facto, se nom existisse a Lusofonia, talvez nom valesse a pena sermos reintegracionistas, porque a razom fundamental do nosso modelo de língua é que ele goza de grande saúde na atualidade. |
- | ==== Reintegracionistas históricos? ==== | + | ===== Reintegracionistas históricos? ===== |
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O reintegracionismo moderno assenta a sua prática no programa lingüístico-cultural do galeguismo, nomeadamente dos intelectuais mais conhecidos deste movimento: [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Murgu%C3%ADa | Manuel Murguia]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_Risco | Vicente Risco]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3n_Vilar_Ponte | Vilar Ponte]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Castelao | Castelao]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Vicente_Biqueira | Joám Vicente Biqueira]]. | O reintegracionismo moderno assenta a sua prática no programa lingüístico-cultural do galeguismo, nomeadamente dos intelectuais mais conhecidos deste movimento: [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Murgu%C3%ADa | Manuel Murguia]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Vicente_Risco | Vicente Risco]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3n_Vilar_Ponte | Vilar Ponte]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Castelao | Castelao]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Vicente_Biqueira | Joám Vicente Biqueira]]. | ||
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+ | Porém, quando a finais dos anos 70 se iniciou o debate que deu origem às duas práticas ortográficas atuais (a de tradiçom castelhana e a de tradiçom galego-portuguesa) só alguns daqueles membros do velho galeguismo continuavam com vida. Alguns, como [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Marinhas_del_Valle | Jenaro Marinhas del Valle]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Carvalho_Calero | Carvalho Calero]], [[http://www.adigal.org.ar/jun00.htm#2 | Valentim Paz Adrade]] ou [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernesto_Guerra_da_Cal | Guerra da Cal]] passárom a ser, para além de galeguistas históricos, reintegracionistas históricos, tendo defendido com paixom a prática reintegracionista. | ||
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- | Porém, quando a finais dos anos 70 se iniciou o debate que deu origem às duas práticas ortográficas actuais (a de tradiçom castelhana e a de tradiçom galego-portuguesa) só alguns daqueles membros do velho galeguismo continuavam com vida. Alguns, como [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Marinhas_del_Valle | Jenaro Marinhas del Valle]], [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Carvalho_Calero | Carvalho Calero]], [[http://www.adigal.org.ar/jun00.htm#2 | Valentim Paz Adrade]] ou [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernesto_Guerra_da_Cal | Guerra da Cal]] passárom a ser, para além de galeguistas históricos, reintegracionistas históricos, tendo defendido com paixom a prática reintegracionista. | + | <WRAP column 35%> |
+ | [[http://www.carvalhocalero2010.net/|{{ :wiki:selo.png?nolink|Sonhos dumha Galiza soberana}}]] | ||
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Uns e outros deixárom inúmeras [[pt_agal:historia:citas_sobre_a_questom_da_lingua|citaçons]] sobre esta questom. | Uns e outros deixárom inúmeras [[pt_agal:historia:citas_sobre_a_questom_da_lingua|citaçons]] sobre esta questom. | ||
- | ==== Castelao reintegracionista? ==== | + | ===== Castelao reintegracionista? ===== |
- | Castelao nom se definia como reintegracionista porque este movimento, com esse nome, nom nasceu até finais dos anos 70. Porém, ele, como galeguismo em geral e a [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_N%C3%B3s | Geraçom Nós]] em particular, era firmemente partidário de avançar em direcçom à confluência normativa com o português. O seu livro //[[http://imperdivel.net/156-sempre-em-galiza.html | Sempre em Galiza]]//, pode considerar-se, de facto, umha das obras de referência do Reintegracionismo ao longo da história, com contínuas alusons à unidade da língua. | + | Castelao nom se definia como reintegracionista porque este movimento, com esse nome, só nasceu nos fins do decénio de 1970. Porém, ele, como galeguista em geral e membro da [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_N%C3%B3s |Geraçom Nós]] em particular, era firmemente partidário de avançar em direçom à confluência normativa com o português. O seu livro //[[http://imperdivel.net/156-sempre-em-galiza.html | Sempre em Galiza]]//, pode considerar-se, de facto, umha das obras de referência do Reintegracionismo ao longo da história, com contínuas alusons à unidade da língua. |
Porém, para Castelao, a unidade do galego-português devia ter conseqüências práticas, como expressou numha conhecida carta ao historiador espanhol [[http://es.wikipedia.org/wiki/Claudio_S%C3%A1nchez-Albornoz | Sánchez Albornoz]]: <blockquote>Yo deseo que en Galicia se hable tan bien el gallego como el castellano y el castellano tan bien como el gallego. Deseo además que el gallego se acerque y confunda con el portugués, de modo que tuviésemos así dos idiomas extensos y útiles.</blockquote> | Porém, para Castelao, a unidade do galego-português devia ter conseqüências práticas, como expressou numha conhecida carta ao historiador espanhol [[http://es.wikipedia.org/wiki/Claudio_S%C3%A1nchez-Albornoz | Sánchez Albornoz]]: <blockquote>Yo deseo que en Galicia se hable tan bien el gallego como el castellano y el castellano tan bien como el gallego. Deseo además que el gallego se acerque y confunda con el portugués, de modo que tuviésemos así dos idiomas extensos y útiles.</blockquote> | ||
- | ==== Escreviam em reintegrado os galeguistas de pré-guerra? ==== | + | ===== Escreviam em reintegrado os galeguistas de pré-guerra? ===== |
O reintegrado, entendido como hoje o entendemos, nom existia no pré-guerra. | O reintegrado, entendido como hoje o entendemos, nom existia no pré-guerra. | ||
- | Convém deter-se nisto, porque tem dado lugar a discursos que assentam em meias verdades. No pré-guerra nom havia reintegracionistas como tampouco havia isolacionistas. Quer dizer, ainda que houvesse autores que chegassem a utilizar umha ortografia mui próxima à lusista actual ([[http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Vicente_Biqueira | Joám Vicente Biqueira]] é o mais conhecido) e pessoas mais empenhadas na convergência cultural e lingüística galego-portuguesa, nom se pode dizer que estas pessoas propugnassem umha linha de actuaçom diferente da do resto do galeguismo. | + | Convém deter-se nisto, porque tem dado lugar a discursos que assentam em meias verdades. No pré-guerra nom havia reintegracionistas como tampouco havia isolacionistas. Quer dizer, ainda que houvesse autores que chegassem a utilizar umha ortografia mui próxima à lusista atual ([[http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Vicente_Biqueira|Joám Vicente Biqueira]] é o mais conhecido) e pessoas mais empenhadas na convergência cultural e lingüística galego-portuguesa, nom se pode dizer que estas pessoas propugnassem umha linha de atuaçom diferente da do resto do galeguismo. |
- | De facto, em geral, pode afirmar-se que no galeguismo havia um grande consenso em relaçom à necessidade de avançar na direcçom proposta por estes 'precursores' do lusismo moderno. A razom pola qual nom se chegárom a dar passos ortográficos definitivos neste sentido foi que na altura o galego nom era ensinado nas escolas e nom se podia aspirar a escrever o galego seguindo critérios ortográficos diferentes aos conhecidos polo conjunto da populaçom: os do espanhol. | + | De facto, em geral, pode afirmar-se que no galeguismo havia um grande consenso em relaçom à necessidade de avançar na direçom proposta por estes 'precursores' do lusismo moderno. A razom pola qual nom se chegárom a dar passos ortográficos definitivos neste sentido foi que na altura o galego nom era ensinado nas escolas e nom se podia aspirar a escrever o galego seguindo critérios ortográficos diferentes aos conhecidos polo conjunto da populaçom: os do espanhol. |
- | Com o fim do regime franquista e a chegada do galego ao ensino, os desejos do galeguismo de pré-guerra tornárom-se propostas práticas, mas umha grande parte dos novos galeguistas que medraram ao abrigo do [[http://pt.wikilingue.com/gl/Editorial_Galaxia | grupo Galaxia]] já renunciaram àquela aspiraçom da [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_N%C3%B3s | Geraçom Nós]], e a convergência ortográfica frustrou-se. | + | Com o fim do regime franquista e a chegada do galego ao ensino, os desejos do galeguismo de pré-guerra tornárom-se propostas práticas, mas umha grande parte dos novos galeguistas que medrárom ao abrigo do [[http://pt.wikilingue.com/gl/Editorial_Galaxia|grupo Galaxia]] já renunciárom àquela aspiraçom da [[http://pt.wikipedia.org/wiki/Gera%C3%A7%C3%A3o_N%C3%B3s | Geraçom Nós]], e a convergência ortográfica frustrou-se. |
==== Para saber mais ==== | ==== Para saber mais ==== | ||
- | * [[pt_agal:historia:Citas sobre a questom da língua]] | + | * [[pt_agal:historia:Citas sobre a questom da língua|Citaçons sobre a questom da língua]] |