Diferenças
Esta página mostra as diferenças entre a revisom do documento que escolheu e a versom actual.
pt_agal:normas:a_estrategia_binormativista [05/12/2018 04:01] ramom Criaçom deste novo documento. |
pt_agal:normas:a_estrategia_binormativista [06/01/2020 16:54] (Actual) ramom |
||
---|---|---|---|
Linha 1: | Linha 1: | ||
- | ===== A ESTRATÉGIA BINORMATIVISTA ===== | + | ====== A Estratégia Binormativista ====== |
==== Que é o binormatismo? ==== | ==== Que é o binormatismo? ==== | ||
<WRAP justify> | <WRAP justify> | ||
- | O binormativismo é a coexistência, em paridade legal, de dous modelos gráficos para representar umha mesma língua: um modelo mais local e outro semelhante ou compartilhado com um ou vários estados vizinhos. Os usos correspondentes a ambos os modelos nom têm de ser simétricos, mas é importante que ambos contem com reconhecimento legal. | + | O **binormativismo** é a coexistência, em paridade legal, de dous modelos gráficos para representar umha mesma língua: um modelo mais local e outro semelhante ou compartilhado com um ou vários estados vizinhos. Os usos correspondentes a ambos os modelos nom têm de ser simétricos, mas é importante que ambos contem com reconhecimento legal. |
+ | </WRAP> | ||
+ | |||
+ | ==== Existem modelos de binormativismo próximos que podamos ter em conta? ==== | ||
+ | <WRAP justify> | ||
+ | Os casos que melhor se adaptam às nossas circunstâncias som o **luxemburguês** e o **norueguês**. | ||
+ | |||
+ | No caso do **Luxemburgo**, a língua culta à qual se subordinava a variedade luxemburguesa até 1986 era o alemám padrom. Mas a partir de 1986 o alemám padrom convive com umha forma local luxemburguesa que também é ensinada nas escolas e que tem os mesmos direitos que o alemám padrom. Um modelo parecido permitiria aos galegos e galegas usarem, para a língua escrita, quer o português padrom quer o galego oficial atual, segundo qual fosse a sua conveniência. Para todos os efeitos, ambos teriam a consideraçom de línguas diferentes, mas oficiais, que é o que interessa. | ||
+ | |||
+ | No caso da **Noruega** convivem duas normas que, ao contrário do que acontece no Luxemburgo, som consensualmente consideradas formas da mesma língua norueguesa: a //bokmål//, mais próxima da língua dinamarquesa e a //nynorsk//, elaborada a partir dos dialetos ocidentais do país. Todos os cidadãos têm de conhecê-las de forma passiva, mas cada pessoa e cada Administraçom pode usar a que entender. Com um modelo parecido, no contexto galego, as pessoas poderiam estudar quer um português galeguizado (//bokmål//) quer um galego de elaboraçom autónoma assente nas falas populares (//nynorsk//) para depois poderem usar, para a língua escrita, o galego-português (com qualquer umha das suas variantes) ou o galego “oficial” atual, segundo qual fosse a sua conveniência. | ||
+ | </WRAP> | ||
+ | |||
+ | ==== Que ganha a língua da Galiza com o binormativismo? ==== | ||
+ | <WRAP justify> | ||
+ | Seria umha forma original de resolver um conflito que a muitas pessoas tem parecido negativo, tornando-o propício para a normalizaçom do idioma. | ||
+ | |||
+ | O **binormativismo** fomentaria a colaboraçom das posturas autonomista e reintegracionista, salientando o que ambas podem ter de benéfico para o galego. O galego ganharia perspetivas de futuro se integrasse as vantagens da opçom autonomista (relacionadas com a identificaçom da mesma com o estádio atual das nossas falas atuais ou com a história literária do último século e meio), com as vantagens da opçom reintegracionista (relacionadas com a nossa história literária desde o nascimento da língua e com a projeçom comunicativa e a estabilidade formal internacional). Nom temos a certeza de quais serám as prioridades dos utentes daqui a uns anos e seria interessante prepararmos a língua para todas as eventualidades. | ||
+ | </WRAP> | ||
+ | |||
+ | ==== É possível umha política binormativista na Galiza? ==== | ||
+ | <WRAP justify> | ||
+ | As circunstâncias da Galiza som ideais para aplicar umha política linguística binormativista, já que, ao contrário do que acontece no Luxemburgo, por exemplo, existe total intercompreensom entre @s utentes de ambas as normas, quer oralmente quer por escrito. Ainda, destaca a prática ausência de conflituosidade entre apoiantes de ambas as normas, cujo debate se limita ao terreno cultural. | ||
+ | |||
+ | Por outro lado, é provável que as relações da Galiza com o país vizinho cuja existência dá origem ao debate, Portugal, venham a melhorar no futuro, de maneira que nada leva a pensar que o interesse polo conhecimento da língua portuguesa diminua na nossa sociedade. | ||
+ | </WRAP> | ||
+ | |||
+ | ==== Como se aplicaria na prática? ==== | ||
+ | <WRAP justify> | ||
+ | É preciso distinguir o **conhecimento passivo** da possibilidade **do uso ativo** das duas normas. Para tornar praticável o segundo é preciso garantir o primeiro. | ||
+ | |||
+ | Quanto ao primeiro, **o conhecimento passivo**, a partir da Lei Paz Andrade, aprovada por unanimidade no Parlamento galego em 2014, nas escolas galegas seria fácil estender o conhecimento, ao lado do galego comum, do galego internacional ou português. Outra alternativa seria introduzir o ensino da ortografia portuguesa nas aulas de galego, como complementar à oficial. | ||
+ | |||
+ | Alcançado o objetivo de um conhecimento suficiente das duas normas na Funçom Pública, já seria possível banir os constrangimentos ao **uso ativo** de qualquer umha das duas normas. Bastariam pequenas reformas legislativas para que ambas contassem com algum grau de cooficialidade. | ||
+ | |||
+ | Na prática as instituições garantiriam o **conhecimento passivo** das duas normas e nom interfeririam nas preferências das pessoas para o **uso ativo** de umha ou outra. Nas Administrações fomentará-se que ao lado do galego autonómico, o português ou galego internacional tenha um status de língua ambiental, promovendo-se portanto a comunicaçom externa institucional também nesta. Além disso, será facilitada progressivamente a interaçom normal dos cidadãos em português ou galego internacional com a Administraçom pública alinhado com o conhecimento dos empregados públicos previsto polo artigo 3 da Lei Paz-Andrade. | ||
+ | </WRAP> | ||
+ | |||
+ | ==== Quais os pontos fracos da proposta? ==== | ||
+ | <WRAP justify> | ||
+ | A proposta tem, principalmente, **três pontos fracos**. | ||
+ | |||
+ | O **primeiro** é o próprio nome “binormativismo”, que traduz bem a ideia do que se pretende entre quem está familiarizado com a polémica normativa, mas problematiza o galego entre quem vive alheio a este debate. | ||
+ | |||
+ | A partir daqui, temos pontos fracos diferentes segundo o modelo adotado. | ||
+ | |||
+ | Por um lado, introduzir o ensino da ortografia portuguesa nas aulas de galego faria com que os sectores do galeguismo mais adversos ao reintegracionismo sentissem questionada a independência da língua galega. | ||
+ | |||
+ | Por outro lado, generalizar o ensino do português como segunda língua estrangeira (com um //padrão// lusitano uniforme, mesmo fonético) nom parece prioritário no orçamento da Administraçom pública, mesmo com umha Lei como a Paz-Andrade, o que permite que a Extremadura e outras Comunidades autónomas venham a liderar no futuro a relaçom com Portugal. Além disso o uso ativo das modalidades em construçom do português galego (refletidas na Ortografia Galega Moderna), deveriam ser reconhecidas no futuro polas instituições do português a nível internacional, assunto que fica fora neste momento. | ||
+ | </WRAP> | ||
+ | |||
+ | ==== Qual é a posiçom da AGAL sobre o binormativismo? ==== | ||
+ | (Texto aprovado em assembleia a 30 de novembro de 2019) | ||
+ | <WRAP justify> | ||
+ | |||
+ | - //A Ortografia Galega Moderna Confluente com o Português no Mundo// (Através Editora, 2017) recolhe as diferentes normas ortográficas defendidas pola AGAL para o galego internacional (ou português da Galiza). | ||
+ | - A coexistência de duas opções gráficas na Galiza é fruto de umha realidade social complexa. A AGAL propõe dar à proposta reintegracionista estatuto legal, criando um novo consenso ao redor de dinâmicas comuns em prol da língua benéficas para a sociedade. | ||
+ | - A AGAL propõe que seja modificado o currículo de Língua Galega e Literatura no ensino Primário, Secundário e no Bacharelato para garantir que se adquirem as competências básicas nas duas normas. | ||
+ | - A AGAL defende estender a todos os centros de ensino as matérias de “língua estrangeira portuguesa” para reforçar a aprendizagem do nosso idioma. | ||
+ | - A AGAL propõe que se reconheça o direito das/dos cidadã(o)s a utilizarem o galego com os poderes públicos, independentemente da norma gráfica, assim como o direito das/dos funcionária/os públicas/os a usarem a norma que desejarem desde que também seja respeitado o direito das/dos cidadã(o)s a serem informados num modelo conhecido de língua. | ||
+ | - A AGAL pensa que deve fomentar-se o uso de duas versões (galego RAG e galego internacional ou português) em sites emanados das instituições, indo além de casos pontuais como acontece na atualidade (DOGA, página web de turismo da Xunta, etc.). | ||
+ | - A AGAL insta aos poderes públicos para o reconhecimento da realidade editorial e cultural galega de maneira a que o uso da norma confluente com o português aceda em igualdade às verbas orçamentárias destinadas a promover à língua e à criação artística e literária. | ||
</WRAP> | </WRAP> | ||