II.1 O alfabeto e o uso das letras

II.1.1. O alfabeto e os dígrafos

O alfabeto galego-português consta de vinte e seis letras:

Letra Nome Fonema Exemplo
a á /a/ rato
b /b/ baixo
c /k/ ( + a, o, u)
/θ/ ou /s/ ( + e, i)
corpo
cear
d /d/ dente
e é /ε/
/e/
pedra
cedo
f efe /f/ farinha
g guê ou gê /g/ ( + a, o, u)
/ʃ/ ( + e, i)
gato
genro
h agá /Ø/ haver
i i /i/ rir
j jota /ʃ/ jamais
k capa /k/ Kuwait
l ele /l/ livro
m eme /m/ molhar
n ene /n/ maneira
o ó /ↄ/
/o/
volta
poço
p /p/ peixe
q quê /k/ quarto
r erre /ɾ/
/r/
cara
rua
s esse /s/ senhora
t /t/ tanto
u u /u/ uva
v uvê / /b/ cantava
w dáblio /w/ darwinismo
x xis /ʃ/
/ks/ ou /s/
feixe
nexo
y ípsilon /i/ rally
z zeta / /θ/ ou /s/ luzir

Temos ainda o ç (cê cedilhado), variante contextual do c perante a, o e u quando soa /θ/ ou /s/: desgraça, Betanços, açúcar.

Também se usam comummente oito dígrafos, que surgem de combinar duas letras e que se correspondem com um único fonema:

Dígrafo Nome Fonema Exemplo
ch cê agá /ʧ/ chamar
gu guê u (ou gê u) /g/ guerra
lh ele agá /ʎ/ colher
mh eme agá /ɳ/ umha
nh ene agá /ɲ/ lenha
qu quê u /k/ queixo
rr erre duplo /r/ carro
ss esse duplo /s/ passo

II.1.2. Uso do k (capa), do w (dáblio) e y (ípsilon) e combinatórias ou dígrafos excecionais (ll, tt...)

Empregam-se só nos seguintes casos:

a) Símbolos e siglas convencionais de uso internacional:

  • K (potássio), k. (quilo), kw. (quilovátio)
  • W (Oeste, volfrámio, vátio), W.C. (water-closet)
  • yd. (jarda)

b) Nomes próprios estrangeiros e os seus derivados: Kafka (kafkiano), Darwin (darwinismo), Byron (byroniano)1)

c) Em poucas vozes sem adaptadar: hall, ketchup, kibutz, Kremlin, penalty, poker, rally, rugby, water-polo, watt2)

Ora bem, muitos estrangeirismos já se encontram adaptados ao nosso idioma:

  • K
    • capa (k), curdo, folclore, Cansas, etc.
    • hóquei, quilo, quiosque, Nova Iorque, Pequim, Quénia, Tóquio, etc.
  • W
    • sanduíche, uísque, etc.
    • vátio, Havai, Otava, Venceslau, etc.
  • Y
    • jóquei, pónei, jarda, etc.
    • ianque, iate, iene, iodo, iogurte, Baiona, Hendaia, Himalaia, etc.
  • LL
    • Marselha, Melilha, Sevilha, Tordesilhas, Valhadolid3)
  • Ñ e GN
    • Avinhom / Avinhão, Bolonha, Espanha, Logronho, Sardenha, Sam / São Marinho4)

Nota: Ainda que menos usados no conjunto da Lusofonia, para estas letras também temos os nomes (K), (u)vê dobrado ou duplo (W), i-grego e ípsilo (variante de ípsilon usada mais espontaneamente (Y).

II.1.3. Uso de -m e -n finais e de alguns dígrafos (lh, nh, mh, qu, gu, ch, rr)

a) As palavras com nasal final escrevem-se com -m final, mas a maioria das agudas com pronúncia /‘oɳ/ ou /‘aɳ/ apresentam duas grafias: a usada na Galiza (-om, -ám) e a geral na língua portuguesa (-ão, -ã), com plurais -ons ou -ões e -ans ou -ães.

  • amavam, clam / clã, cantam, estám / estão, iam, seriam, pam / pão
  • contém, jovem, levem, ordem, refém, também
  • bom, com, fôrom / foram, som / são, tradiçom / tradição
  • álbum, boletim, comum, ruim, um

Os plurais destas palavras levam -ns ou, no caso das palavras acabadas em -am e -om(/ão), também, respetivamente, -ães e -ões: pans / pães; reféns; razons / razões, parabéns, comuns

Porém, o -m final do singular conserva-se nos advérbios em -mente formados a partir de adjetivos findos em -m: comummente.

Porém, acabam em -n alguns vocábulos graves ou esdrúxulos de origem geralmente greco-latina, findos em -an5)), -en ou -on6):

  • íman
  • dólmen, éden, hífen, hímen, pólen, sémen, etc.
  • cláxon, rádon, mícron, etc.

Alguns destes eruditismos apresentam na atualidade apenas a forma inovadora (regime, aborígene, clone) e outros a forma adaptada ao lado da culta: abdómen ou abdome, cánon ou cânone/cánone, hipérbato ou hipérbaton.

b) O dígrafo lh corresponde-se sempre com o fonema /ʎ/: aparelho, carvalho, concelho, filho, parelha

c) O dígrafo nh corresponde-se sempre com o fonema /ɲ/: amanhecer, senhor, vizinho, tinha

d) O dígrafo mh corresponde-se sempre com o fonema /ɳ/ e só se usam em7): umha(s), algumha(s), nengumha(s)

e) Como dígrafo, qu corresponde-se com o fonema /k/ (sem pronúncia do u que se segue) perante e, i: aqueduto, querer, questionar, questor, queijo, requisito

  • Mas o q também pode constituir letra (em vez de dígrafo) perante <ue> (sequestro) e <ui> (quididade): veja-se II.1.8.

f) O dígrafo ch corresponde-se sempre com o fonema /ʧ/: chamar, chefe, encher, etc.

g) O dígrafo rr corresponde-se sempre com o fonema /r/: bezerro, cigarro, torre, etc.

II.1.4. Usos do h

a) No início de palavra o seu emprego obedece normalmente à etimologia (haver, há, hélice, história, hoje, hora, etc.). Por isso,

  • levam h- (com os seus derivados): harmonia, harpa, harpia, haste, hendecassílabo, Helena, Heloísa, Henrique, etc.
  • e dispensam o h- : achar, encher, erva8), ervilha, impo, inchar, irmandade, oco, ombro, órfao/órfão, osso, ovo, úmero, etc.

b) Como letra isolada, o -h- desaparece no interior da palavra9): aderir, aí, álcool, anídrido, baía, coabitar, coerente, coibir, exausto, inabilitar, proibir, reabilitar, etc.

c) No final de palavras interjetivas: oh!, eh!

II.1.5. Uso de g ( + e, i), j e x

a) Diante de e e i, o uso do g é o habitual: abranger, estrangeiro, geada, gelo, gelosia, gema, genro, gente, gesso, longe, mensagem10), monge, singelo, … cirurgia, fugir, girafa, linguagem, paraplegia, religioso, relógio, etc.

  • Com j temos só:
    • Em inicial de palavra: jeira, jejum (jejuar), Jerusalém, Jesus
    • Em interior de palavra:
      • acabadas em -jeito, -jeitar, -jeto, -jetar e deviradas: jeito, rejeitar, sujeitar (sujeito), injetar, injetável, projetar, projeto, projétil, trajeto, trajetória
      • quatro vozes acabadas em -aje(m): laje11), pajem, traje, ultraje (ou aldraje)
      • e outras duas mais: hoje, majestade
  • Com x temos só (além dos casos que veremos no ponto c)): bexiga, coxim, lixívia, mexilhom/mexilhão, xeque, xílgaro, xis (x), México, Xerez, Ximeno

Nota: Para a ortografia das formas galegas do tema de pretérito dos verbos dizer, trazer, querer, pôr e fazer, que na Galiza se pronunciam di/ʃ/era, di/ʃ/emos…; trou/ʃ/era, trou/ʃ/emos…; qui/ʃ/era, qui/ʃ/emos…; pu/ʃ/era, pu/ʃ/emos…, e fi/ʃ/era, fi/ʃ/emos…, consultem-se os paradigmas dos verbos irregulares.

b) Diante de a, o, e u, o uso do j é o habitual: ajuda, arranjar, gorja, já, Janeiro, janela, jantar, jarda (medida), jardim, jazer, laranja…, anjo, Joana, joelho, jogo, joia, joldra, jornal, jovem, pejorativo, rajo, tijolo…, cônjuge, conjuntura, disjuntiva, jejuar, jejum, judo, jugo, jugular, juiz, Julho, Junho, jungir, etc.

  • É a letra de uso mais corrente nas palavras acabadas em
    • -aja, -ajo, -ajar: haja, hajas, hajamos, rajagajo, rajoavantajar, rajar, trajar, viajar, etc.
    • -eja, -ejo, -ejar: veja, vejas, vejamosseja, sejas, sejamosesteja, estejas, estejamoscerveja, igreja, inveja, pelejaanimalejo, percevejo, mejo (ou mijo)… apedrejar, asselvejar, bracejar, desejar, formiguejar, latejar, mejar (ou mijar), etc.
    • -ija, -ijo, -ijar: botija, cornija, torrija, sevandijaalijo (alijar), esconderijo, regozijo (regozijar), rijo (arrijar, enrijar)…
    • -oja, -ojo, -ojar : loja (alojar), soja; antojo (antojar), bojo, despojo (despojar), estojo, fojo, nojo (anojar, enojar, enojo), tojo
    • -uja, -ujo, -ujar: babujar, coruja (corujar), aturujo (aturujar), caramujo, cujo (relativo), sujo (sujar), enferrujar, …
  • Nestes casos o uso de x reduz-se a:
    • graxa (engraxar), taxa (taxar), coaxar, relaxar; marraxo
    • vexar
    • lagartixa, lixa (lixar), rixa (rixar), lixo
    • broxa, congoxa, coxa; coxo, roxo
    • bruxa / bruxo (embruxar), buxo, cuxo (bezerro), debuxo (debuxar), luxo, luxar, puxar (empuxar, repuxar)

c) Porém, é muito mais habitual o uso de x em:

  • A seguir a um ditongo: baixela, baixo (abaixo, etc.), caixa, deixar, eixo, faixa, feixe, freixo, frouxo, madeixa, peixe, queixa, queixo (da cara), reixa, rouxinol, seixo, teixo, teixugo, etc.
    • Com ditongo +j temos muito poucas: aleijar, apreijar, beijo, carqueija, cereija12), feijom/feijão e ameija ou amêijoa (molusco), queijo (do leite)
  • Palavras começadas por enx-: enxada, enxaguar, enxame, enxaqueca, enxárcia, enxebre, enxergar, enxerto, enxofre, enxotar, enxoval, enxugar, etc.
    • Começadas por eng- ou enj- só temos: engendrar, engenho (engenheiro), enjoo
  • Várias palavras adaptadas doutras línguas (que em castelhano costumam adaptar-se com ch): haxixe, xaile, xelim (mas jaqueta, jorro).
  • Também se emprega esta letra diante de a, o, u, em: Alexandre, oxalá, Texas, xadrez, xaque, xarope, Quixote, esdrúxulo, luxúria, xurelo.

Nota: A letra x tem o mesmo valor fónico que nos pontos anteriores (/ʃ/) nos prefixos de procedência grega xeno- (xenofobia), xero- (xerocópia), xilo- (xilofone), assim como em luxar, elixir (substantivo) e Luxemburgo.

  • Em vozes patrimoniais galegas alternam x / c13): axejar ou acejar, cóxegas ou cócegas, xenreira ou cenreira.
  • As palavras provenientes doutras com ge, gi, passam a escrever-se com j quando esta letra vai diante de a, o, u:
    • De fugir: fujo, fuja, fujas, mas foge, foges, fugiam
    • De reger: rejo, rejas, reja
    • De viagem: viajar
    • De longe: lonjura
  • Polo contrário, as provenientes de j e x permanecem diatne de qualquer vogal dos derivados: anjinho, laranjeira, trajar, ultrajoso, viajo, viajei, viajemos, etc. (de anjo, laranja, traje, ultraje, viajar); lixento, prolixidade, etc. (de lixo, prolixo).

Confrontem-se, por último:

  • ameixa (fruta) – ameija (ou amêijoa, molusco)
  • cuxo (vitelo, bezerro) – cujo (pronome relativo)
  • lixeiro (encarregado do lixo) – ligeiro (pouco pesado)
  • queixo (vértice mandibular) – queijo (produto do leite)

d) Emprega-se o x com valor de /ks/ ou /s/ em:

  • ex-: exagerar, executar, exemplo, exercer, exercício, exército, exercitar, exigir, êxito
  • -flexo: reflexo
  • -fluxo: fluxo, influxo, refluxo
  • -plexia e -plexo: apoplexia, complexo, perplexo
  • e também em: anexo, anglo-saxónico, fixar, fixo (crucifixo, prefixo), oxigénio, paradoxo, prolixo, sexo, sexto, táxil.
  • As palavras próximo, máximo e sintaxe, no entanto, so admitem a pronúnica /s/.

Face aos casos anteriores, a letra etimológica x foi substituída por s nos seguintes vocábulos de uso corrente:

  • es- (is-): escavar, escoriar, escusar, esplanada, espoliar, espraiar, espremer, esquisito, estender14), estrangeiro, estranho, isento
  • e também em: Calisto (calistino), justapor, misto (mistura), Sisto (sistino)

Finalmente, confrontem-se:

  • espremer (apertar) – exprimir (expressar)
  • esperto (astuto, inteligente) – experto (entendido, erudito)

II.1.6. Usos de b e v

A seguir, apresentam-se os casos em que o uso de b e v podem gerar mais dificuldades:

a) Utiliza-se b:

  • No início de palavra em: bainha, baixela, baleiro, basco, baunilha, beira, beta, bexiga, Biscaia, boda, borboleta15)
  • No interior de palavra:
    • no segmento -bili-, que se converte em -vel quando final de palavra: automobilismo (mas automóvel), imobilizar (mas imóvel), mobília (mas móvel), possibilitar (mas possível), sensibilizar (mas sensível), amabilidade (mas amável)
    • e também em: abóbada, rebentar, Ribeira, riba(s)

b) Utiliza-se v:

  • Nas palavras acabadas em -vel: amável, crível, móvel (automóvel, imóvel, telemóvel), possível, provável, solúvel
  • No morfema modo-temporal -va- dos verbos em -ar: andava, atuavam, cantávamos, levavas, provava
  • Nos seguintes vocábulos (e derivados) com vr (e fevereiro): escalavrar, fevereiro16), lavrar, livrar, livre, livro, palavra
  • Em certos verbos acabados em -var e na sua família léxica: cevar (cevo), conchavar, crivar (crivo), gravar, provar (prova), raivar (raiva), sovar (assovalhar), travar (mas temos com b réprobo e as começadas por probabil- e probat-: probabilidade, probabilismo, probatório, etc.)
  • Em cinco verbos acabados em -ver, com o seus derivados: dever, ferver, haver, escrever e -screver (adscrever, descrever, etc.), sorver (absorver, sorvete)

Os acabados em -ver talvez sejam mais numerosos (cfr. atrever, chover, mover, precaver, solver, ver, viver, volver, junto com derivados e os anteriores) que os acabados em -ber (beber, caber, conceber, lamber, perceber, receber, saber e derivados), sendo todos bastante habituais.

  • Nas seguintes vozes em que o v vai precedido das consoantes:
    • d: advogado
    • s: resvalar
    • l (alv-): alva, alvanel, alvará, alvedrio, alvíssaras, alvoroçar, alvorotar. E, salvo albino, o resto das relacionadas com alva (alvarinho, alvo, alvor, alvorada, alvorejar, alvura, Vilalva, etc.).
    • r: árvore, carvalho, carvom/carvão, erva, escarvar, estorvar, orvalho, torvelinho, turvo

No entanto, a maior parte das derivadas de árvore (salvo arvorado, arvorar, arvoredo) levam b (arbóreo, arborescente, arboriforme, arborizar, arbusto, etc.). Entre as derivadas de carvom/carvão levam v aquelas em que desapareceu o -n- intervocálico latino (carvoaria, carvoeira, carvoeiro, etc.) e b as que o preservam, mais abundantes (carbonáceo, carbonatar, carbonato, carbónico, carbonizar, carbono, carbonoso, etc.). As derivadas de erva ficam com v, salvo as começadas por herbi- e herbo- (excetua-se ervilha e ervoso), como já vimos: herbiforme, herbívoro, herbolário, herborista, herborizar, etc. E os derivados de turvo levam todos b: enturbar, perturbar, turbamulta, turbar, túrbido, etc.

  • As seguintes com -v- intervocálico: avós, avondo, azeviche, azevinho, caravela, cascavel, cavalo e cavalgar (cavaleiro), cavalheiro, ceivar (ceive, ceivo), cevada, chisgaravis, cotovelo, côvado, covil, dívida17), dúvida, escaravelho, escova, escrivao/escrivão, fava, fivela, gravanço, goiva, governo, gravata, javali, lavoura, névoa, nuvem18), pevide, polvo, povo, rodovalho19), ruivo, saraiva, sovaco, tavao/tavão, tovo, trave, trevo, trovador, trovoada20), Córdova, Cristóvao/Cristóvão, Estêvao/Estêvão21), Havana, Vesúvio, Xavier
  • As seguintes começadas por -v-: varanda, varrer, várzea (e Varja), vassoira, vaza, vermelha, verniz, vido/vidoeiro, viés, vime, virolho, vulto
  • Confrontem-se:
    • bago (de uva) – vago (vagabundo)
    • benzer (consagrar) – vencer (ganhar)
    • balor (mofo) – valor (valentia)
    • móbil (motivo) - móvel (peça de mobília)

II.1.7. Usos de c/ç e z

a) ç + a, o, u / z + a, o, u:

  • Precedido de consoante, o mais habitual é o uso de ç:
    • l: alçar, calçar, dulçor
    • n: aliança, balança, Betanços, crença, diferença, Florença, França, geringonça, Gonçalo, inçar, lança, Lançarote, onça, painço, pinça, pinçar, ranço, romanço, sentença
    • r: Arçua, berço, camurça, corço, força, garça, março, orçamento, percalço, terço, verça
  • Mas:
    • anzol, bronze, chimpazé, cinzel, cinza, colza, Ginzo, várzea, zarzuela
    • Verbos em -zir, -zer: benzer, cerzir, franzir, zurzir
    • Sufixo -zinho: virgenzinha, bonzinho, arzinho
  • Entre vogais:
    • É mais habitual o ç no conjunto das palavras acabadas em:
      • -aça, -aço, -açar: ameaça, caça, mulheraça, braço, espaço
      • -eça, -eço, -eçar: cabeça, peça, preço, começar, endereçar, tropeçar
      • -iça, -iço, -içar: cobiça, justiça, mestiço, noviço, vingadiço
      • -oça, -oço, -oçar: carroça, moço, foçar
      • -uça, -uço, -uçar: carapuça, aguçar
      • -ouça, -ouço, -ouçar: bouça, calabouço, ouço (de ouvir), retouçar
      • -çom/-ção: liçom/lição, traiçom/traição
      • -çoar, -açal: abençoar, afeiçoar, aperfeiçoar, ervaçal, lamaçal, lodaçal
  • Mas com z temos:
    • o sufixo -eza 22): aspereza, beleza, delicadeza, nobreza
    • o sufixo -izar 23): agonizar, dinamizar, fraternizar, realizar
    • os sufixos -zoo, -zoico, -zoto, -zoário, -zoide, -zarrom/-zarrão, -zudo, -zunho: protozoo, antropozoico, azoto, fitozoário, trapezoide, canzarrom/canzarrão, pezudo, pezunho, etc.
    • e outras palavras (poucas) terminadas como as anteriores: baliza, bazar, desprezo, Galiza, gozo, juízo, menosprezo, prazo, prezar, razom/razão, rezar, sazom / sazão, vaza
  • Nos começos de palavra o uso das duas letras é mais habitual:
    • aça-: açacalar, açafata, açafrám/açafrão, açaime/açaimo; açaimar, açambarcar
    • aza-: azálea, azar
    • aço-: aço, açor, açoteia, açoute
    • azo-: azorrague, azoto
    • açu-: açúcar, açucena, açular
    • azu-: azul, azulejo, azurite
  • Há casos difíceis de agrupar:
    • com ç: alcaçuz (regoliz), alçada, baloiço, beiço, caçapo, façanha, maçá / maçã, moçárabe, peçonha, quiçá, tapeçar, tapeçaria, terçol24), Moçambique
    • com z: amizade, bazófia, bizarro, bizarria, esquizofrenia, folgazám/folgazão, gazela, gazeta, gazua, horizonte, mazurca, nazi, nazismo, ozono, ziguezague, Amazonas, bizantino, Lázaro, Nazaré
  • No início de palavra só se usa z25): Zacarias, zagal, Zambeze, zambro, zampar, zarabatana, zarzuela, zelandês, zoar, zodíaco, zoofilia, zoologia, zoupeiro, zumbar, Zurique
  • As palavras com c + e, i levam ç + a, o, u nos seus derivados, e vice-versa:
    • agradecer: agradeço, agradeça, agradeças, etc.
    • doce: doçura, doçaria
    • raça: racismo, racista
    • caçar: cacei, cace, etc.
  • Confrontem-se:
    • aço (aceiro, forças) – azo (oportunidade)
    • açougue (mercado) – azougue (mercúrio)
    • açular (acirrar) – azular (tornar azul)
    • guiço (pauzinho) – guizo (ajôujere)
    • praça (lugar público) – praza (de prazer)
    • raçom/ração (dose de comida) – razom/razão (juízo)

b) c + e, i / z + e, i:

  • Perante e e i o mais habitual é o uso da letra c: aparecer, conhecer, embelecer; convencer, vencer, exercer, descer, torcer, ressarcir; ácido, bocejar, citar, dicionário, etc.
  • Porém, levam ze:
  • seis ou sete verbos acabados em -zer26): benzer (o m. q. bendizer), cozer, dizer, fazer, jazer, prazer, trazer (o m. q. traguer).
  • os numerais, com base em dez e também o zero: zero, dezena, dezasseis, dezassete, dezembro, onze, doze (dúzia), treze, catorze, quinze (quinzena)
  • E levam zi:
  • os verbos acabados em -zir27): aduzir, cerzir, conduzir, deduzir, franzir, induzir, luzir, etc.
    • Os derivados de luzir levam z28): luzente, luzidio, luzido, luzimento, etc.
    • Os derivados em -ente dos verbos acabados em -duzir levam c: abducente, conducente, producente, etc.
  • o morfema de diminutivo -zinho/-zinha e outras palavras terminadas igual (mas toucinho29)): avezinha, cozinha, mezinha, pauzinho, vizinho
  • as palavras de índole religiosa acabadas em -azia, -ezia: clerezia, conezia, prelazia, primazia
  • Levam também ze, zi, as seguintes vozes: aguazil, alazena, apózema, armazém, azedo, azeite, azémola, azeviche, azevinho, aziago, azinheira, benzeno, benzina, bezerro, bronze, buzina, chimpazé, cinzel, deslize, dezembro, dízimo, donzel/donzela, gazela, gazeta, lazeira, lazer30), mezena, renzilha, rodízio, topázio, tornozelo, trapézio, várzea, vazio (esvaziar), zéfiro, zelar e zelo, zimbório, zimbrar, zíngaro
  • Levam z + e, i os derivados patrimoniais de palavras com z + a, o, u assim como os plurais ou termos procedentes de palavras acabadas em -z: cruzeiro (de cruz), agonize (de agonizar), cinzeiro (de cinza), gozei (de gozar), jazia (de jazer), veneziano (de Veneza), vozear (de voz); cruzes (de cruz), luzes (de luz), raízes (de raiz), vozes (de voz), etc.
  • Porém, em derivados com os sufixos -issimo, -idade e -itar, o -z da forma primitiva transformar-se em -c-:
    • -císsimo: capacíssimo, felicíssimo, velocíssimo, etc.
    • -cidade: capacidade, felicidade, velocidade, etc.
    • -citar/citado: capacitar, felicitado
  • Confrontem-se:
    • azeitar (untar com azeite) – aceitar (admitir)
    • benzer (abençoar, consagrar) – vencer (ganhar)
    • doze (numeral) – doce (do sabor de açúcar)
    • enzima (fermento) – em cima (sobre)
    • mazela (mácula) – macela (camomila)
    • mezenas (mastros dos navios) – mecenas (protetor)
    • zinco (metal) – cinco (numeral)

II.1.8. Uso do q

Como parte do dígrafo qu- já foi tratado em 3.e. Como letra vai sempre seguida de u (qu), pronunciando-se ambas (/kw/). Para marcar a pronúncia das duas letras diante de e e i, é opcional usarmos um sinal auxiliar chamado trema (qüe, qüi), como tem sido prática comum no Brasil até o Acordo de 90.

Utiliza-se nos seguintes casos:

  • Nas palavras começadas por qua-, qüi-/-qui, quo- 31): quadrado, quadril, quadro, qual, qualidade, qualificar, qualquer, quando, quantidade, quanto, quarenta, Quaresma, quartel, quarto, quartzo, quase, quatro, qüinquagésimo / quinquagésimo, quociente, quórum, quota (quotizar)
  • Todas as palavras começadas por
    • aqu-: aquário, aquática, aquoso
    • equa-: equacionar, equador, equanimidade
    • eqüe-/eque-: eqüestre/equestre
    • eqüi-/equi-: eqüidade/equidade
    • equo-: equóreo
    • esqua-: esquadra, esquadrinhar, esquálido
    • sequ-: sequaz, seqüestro/sequestro
  • As relacionadas com o verbo latino loqui (“falar”) e as acabadas em -quo (salvo conspícuo, inócuo e vácuo)32), -qüência/-quência e -qüente/-quente: loquaz (loquacidade), ventríloquo, iníquo, longínqua, propínquo, ubíqua, eloqüência/eloquência, eloqüente/eloquente, freqüência/frequência, freqüente/frequente, etc.
  • E também: adequar, antiquar (antiquário), cinqüenta/cinquenta, liquar

II.1.9. Uso do dígrafo -ss-

a) Nas palavras simples:

  • nos demonstrativos, possessivos e imperfeitos do subjuntivo, assim como no superlativo -íssimo e nalguns advérbios:
    • esse, essa, esses, essas, isso
    • nosso, nossa, nossos, nossas; vosso, vossa, vossos, vossas
    • cantasse, colhesse, partisse, levássemos, tingissem, fosse, fôssemos…
    • boníssimo, docíssimo, malíssimo
    • assim, depressa
  • em todas as palavras acabadas em -issura, -cessar, -cessom/-cessão, -cussom/-cussão, -fessar, -fissom/-fissão, -gressom/-gressão, -missom/-missão, -pressom/-pressão, -sessom/-sessão e nas suas famílias lexicais:
    • cissura, comissura, fissura
    • acesso, concessom/concessão, processar, processo
    • discussom/discussão
    • confessar, confissom/confissão, professor
    • agressor, agressom/agressão, congresso
    • admissível, compromisso, omissom/omissão, submisso
    • depressom/depressão, expressar, impresso, opressora
    • obsesso, possessivo, sessom/sessão
  • nas começadas por ess-, foss- e pass- com os seus derivados:
    • esse, essência, Essénios
    • fossa, fóssil, fosso
    • passar e passo, passional, passivo
  • na maior parte das começadas por ass-, diss-, gloss-, mass-, mess-, miss-, e das acabadas em -glossa 33):
    • assar, assassino, assembleia, assessorar, assim, assinar, assobio, assunto
    • dissecar, disseminar
    • glossário, glossologia
    • massa, massacre, massagem
    • messe, messias
    • missa, míssil
    • diglossia, isoglossa
  • O uso de -ss- e -s- é quantitativamente similar nas palavras começadas por pess- / pes-, / poss- / pos-, press- / pres-, vass- / vas- e os femininos acabados em -essa / -esa, com os seus derivados:
    • péssimo, pessoa / pesar e peso
    • posse e possuir, possível / posar e pose, posicionar, positivo, posologia
    • pressa (depressa), presságio, pressionar / presa (prisioneira ou captura)
    • vassalo, vassoira / vasa, vaselina, vasilha, vaso
    • abadessa, alcaidessa, condessa / baronesa, consulesa, duquesa, princesa
  • É minoritário o -ss- nas palavras acabadas em -issa (-isse, -issal) e -cissom/-cissão34):
    • abcissa, abissal, melissa, premissa, discissom/discissão, procissom / procissão

Cfr.: brisa, camisa, divisa, pesquisa, profetisa, Felisa, Heloísa, Luísa, etc.; circuncisom/circucisão, cisom/cisão, concisom/concisão, decisom/decisão, precisom/precisão, etc.

  • Também se utiliza -ss- nos seguintes vocábulos, com os seus derivados: acossar, atravessar (travessa), avessas, bússola, cassa (venda), cassar (cassaçom/cassação), classe (clássico), codesso, colosso, cossaco, crasso, dossel e endossar, escasso, espesso, gesso, grossa, idiossincrasia, insosso, interesse, mossa (amossar), musselina, nassa, necessário, odisseia, osso, pintassilgo, plissar, potássio, promessa, remessa, ressarcir, ressesso, ressuscitar, sessenta, sossego, sussurro, tessitura, tosse e tossir, travessa, vicissitude, Prússia, Rússia, Ulisses
  • Confrontem-se:
    • acesso (de aceder) – aceso (de acender)
    • cassar (tornar nulo) – casar (contrair matrimónio)
    • messes (cereais) – meses (do ano)
    • posse (que se possui) – pose (de posar)
    • pressa (apressuramento) – presa (o que se apresou)

b) Nas palavras derivadas por acréscimo de prefixo e nas compostas:

  • As palavras que começam por s-, ao pôr-lhes um prefixo acabado em vogal, escrevem-se com -ss-, e o mesmo acontece com as palavras compostas cujo primeiro elemento acaba em vogal e o segundo começa por s-:
    • aerossol, altissonante, antessala, antisséptico, assaltar, assegurar, assentar, assimilar, assinalar, associar, autossugestionar, bissexto, contrassenso, contrassinal, cromossoma, dessangrar, dissentir, dissimular, entressolo, fotossíntese, hendecassílabo, homossexual, neossocialismo, octossépalo, pressentir, prosseguir, pseudossábio, ressaca, ressaltar, ressuscitar, sacrossanta, semissábio, sobressair, uníssono
    • dezasseis, dezassete, girassol, madressilva, sanguessuga
  • Quando entre o primeiro e o segundo elementos da palavra composta há um traço, o segundo leva um só s-: puro-sangue

II.1.10. ortografia dos grupos cultos

a) Grupos que costumam preservar-se.

É habitual que se conservem os grupos de consoantes cultos de entrada tardia no nosso idioma: abdicar, abjurar, abnegar, absentismo, obcecar, obstruir, obter, subliminal, subverter; ctenodonte; agnóstico, amígdala, dogma, gnomo; circunstancial, instruir, transferência, adolescente, discípulo, piscina; eclipse, hipnose; pterofágico, ptialina; etc.

Note-se como os seguintes grupos cultos se conservam quase sistematicamente:

  • Começados por b (bl, bm, bs, bt):
    • sublinhar, submergir
    • submeter, subministrar
    • obscuro35), subscrever, substancial, substantivo, substituir, substrato
    • subtil
  • Começados por d (dm, dq, ds, dv):
    • admoestar
    • adquirir36)
    • adstringir
    • advogado
  • Começados por g (gn, gm): prognóstico, fragmento
  • nc, ns:
    • plancto
    • demonstrar, transcendência, transluzir, transplantar, transtornar
  • pn, ps:
    • pneumático, pneumonia
    • psicanálise, psicologia, bíceps, eclipse, elipse, hipnose

b) Grupos que costumam simplificar-se.

NOTA PRÉVIA: Neste ponto, tratando-se de um campo em que existem numerosos casos de duplicidades na escrita luso-brasileira, para a escolha de cada forma seguimos a Atualizaçom da Normativa Ortográfica da Comissom Lingüística da AGAL conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (Abril, 2010). Outras formas vigentes quer em Portugal quer no Brasil figuram em nota de rodapé, sendo o seu uso igualmente possível.

Por isso, na maioria dos casos desaparece o primeiro elemento dos grupos cultos formados por duas consoantes nasais, bem como também o primeiro c ou o primeiro p nos encontros etimológicos cc, e ct e pc, e pt quando estes se encontram no interior de palavra: acionar, açom/ação, aspeto; anticoncecional, adoçom/adoção, ótimo, suntuoso. Comecemos por estes:

No caso de cc (), ct, o primeiro c desaparece na maioria dos casos:

  • acesso, acessório, acidente, equinócio
  • açom/ação, construçom/construção, infeçom/infeção
  • ártico, aspetual, atitude, atividade, ato, ator, atriz, atual, atualizar, conflito, contrato (documento legal), efetuar, exata, frutose, infetar, injetar, ocidente, olfato, objeto, oleoduto, prática, produto, projeto, respetiva, restrito
  • caráter, caraterística, cato, infecionar, infecioso, infeto, iterícia, setor37)
  • Há bastantes casos de incumprimento desta regra, mas em geral concentram-se em palavras menos comuns que as anteriores, quer com grupo culto precedido de i e u, quer com grupo culto precedido de a, e e o. Eis as mais habituais (com derivados):
    • convicçom/convicção, convicto, dúctil, ficçom/ficção, fricçom/fricção, ictiologia, icto, micçom/micção, sucçom/sucção
    • autóctone, bactéria, compacto, conectar, contacto, contracto (contraído)38), facto39), impacto, intelectual, pacto, secçom/secção40), sectário, sectarismo41)
  • Tenha-se em conta que o c também desapareceu, por ter vocalizado, nas seguintes palavras e derivados:
    • afeiçoar, confeitaria, defeito, efeito, eleito, interjeiçom/interjeição, leitura, liçom/lição, oitavo, perfeito, reitor, rejeitar, respeito, ressurreiçom/ressurreição, sujeito, teito42)
    • doutor, doutrina, outubro, etc.

No caso de pc () e pt, o primeiro p desaparece em numerosos casos:

  • Perdem o p um grupo de vocábulos entre os que se encontram os acabados em -scriçom/-scrição, -scrito, os relacionados com sete e as vozes ditongo e tritongo, com os seus derivados:
    • adscriçom/adscrição, inscriçom/inscrição
    • descritiva
    • setembro, sétimo
    • ditongo, tritongo
  • Também perdem o grupo as vozes com -cepc-, -cepç- e -cept-:
    • aceçom/aceção, (anti)conceçom/(anti)conceção, contraceçom/contraceção, exceçom/exceção, interceçom/interceção, perceçom/perceção, receçom/receção
    • anticoncecional, excecional
    • anticoncetivo, contracetivo, concetáculo, exceto, excetuar, intercetar, percetível, recetáculo, recetiva, recetor, suscetível, suscetibilidade43)
  • E nas seguintes palavras e derivadas: adotar, batizar, cativo, cetro, ótima
  • Há mais casos de incumprimento desta regra entre os grupos etimológicos começados por p que entre os começados por c. Vejamos os mais comuns:
    • adaptar, adepta, apocalíptico, apto, captar, captura, eucalipto, helicóptero, inepto, interruptor, raptar, réptil, óptico (próprio dos olhos ou da luz)44)
    • corrupçom/corrupção45), egípcio, egiptóloga (mas Egito), nupcial, opçom/opção
  • Tenha-se em conta que o p também desapareceu, por se ter vocalizado, nas seguintes palavras e derivados: aceitar, Conceiçom/Conceição (nome próprio), conceito46), preceito, receita

Os grupos formados por várias nasais (mn, nm, nn) é comum simplificarem-se nas palavras mais habituais: aluna, coluna, ginástica, hino, comover, emudecer, imoral, imóvel, eneassílabo, inato, inovar, perene.

  • Mas conservam estes grupos as palavras começadas por amn-, omn-, as relacionadas com o grego mnesis, indemnizar (e derivados) e o pronome pessoal connosco47):
    • amnésia, amnistia, omnipotente, omnisciente, dismnésia, mnemotécnica
    • indemnizar
    • connosco
  • O grupo mm, excluído no encabeçado destes grupos, só se mantém como resultado do acréscimo de -mente a um adjetivo acabado em -m: comummente, ruimmente

Outros casos (cd, gd, gn):

  • anedota
  • sinédoque
  • Inácio, Madalena
1) Em geral os derivados de antropónimos e geónimos estrangeiros preservam a ortografia da forma originária, v. gr. Garrett - garrettiano; Kosovo - kosovar; Kuwait - kuwaitiano; Malawi - malawiano; Müller - Mülleriano; Wagner - wagneriano; Washington - washintoniano; etc.
2) As unidades de medida e os prefixos do Sistema Internacional mantêm a grafia original: ångström, kelvin, katal, gray, weber, newton, henry, watt, yotta, zetta, atto, yocto
3) Note-se que apenas alguns poucos topónimos se encontram adaptados, assim temos: Barranquilla, Biella, Castelló, Challapata, Collaguasi, Follonica, Gallipoli, Gallura, Hermosillo, Marbella, Marinella, Medellín, Padilla, Patillos, Puerto Cabello, Orbetello, Orellana, Trujillo, Saltillo, Vallarta, Valledupar, Villahermosa
4) Note-se que apenas alguns poucos topónimos se encontram adaptados, assim temos: Baños, Bastogne, Cañete, Castaños, Compiègne, Foligno, Ichuña, Livigno, Mañazo, Mariño, Ocoña, Oñati, Peñalba, Peñafiel (≠ Penafiel), Peñón, Perpignan, Puerto Peñasco, Santoña, Vicuña, Viña del Mar
5) Também o prefixo pan-(pan-americano
6) Para estas palavras temos fundamentalmente o plural regular hífenes, cláxones, diferente das palavras acabadas em -m (fins, bens). Porém, também existe hifens e claxons, facultativos no Brasil.
7) Estas formas apenas se usam na Galiza, ao lado de uma(s), alguma(s) e nenhuma(s), comuns no resto do mundo lusófono.
8) No entanto, os derivados de erva começados por herbi- ou herbo- (salvo ervoso), assim como herbáceo, levam h-: herbívoro, herbolário, herborizar, etc.
9) Mas depois de traço: anti-helénico, pré-histórico, sobre-humano, etc.
10) Para os substantivos femininos em -agem temos também as formas sem nasal linguage, mensage, viage… caraterísticas da oralidade galega.
11) Note-se que, destas quatro, só laje é feminina e apresenta as variantes laja, lájea e lagem.
12) Na escrita, no resto dos países lusófonos, optou-se polas formas monotongadas carqueja e cereja
13) O estudo crítico (1989) recolhe ainda as vozes pássaro, pêssego, sabom(/sabão), sarda (peixe), seringa, surdir e surdo que se escrevem com s, mas nalgum caso, com o intuito de representar pronúncias comuns na Galiza ou dialetais, podem aparecer com xis: páxaro, pêxego, xabom/xabão, xarda, xeringa, xurdir e xurdo
14) No entanto, os derivados de esplanada e os de estender começados por extens-, levam x: explanar, etc.; extensivo, extenso, etc.
15) Temos também a variante galega bolboreta
16) Na Galiza é comum esta forma aparecer escrita fevreiro, representando a pronúncia normal neste e noutros países lusófonos
17) Na Galiza também temos a forma escrita dêveda
18) Temos também nuve, usada sem nasal final, com vontade de representar a oralidade galega.
19) Na Galiza esta forma surge também como rodavalho
20) Na Galiza esta forma surge também como trevoada
21) Também temos na Galiza as formas populares Cristovo e Estevo, que embora existam dialetalmente em Portugal, rara vez assumem forma escrita
22) Salvo cabeça e peça
23) Salvo os derivados de -iça e -iço: cobiçar, mestiçar, etc.
24) Na Galiza esta forma surge habitualmente como tiriçol e tiriçó
25) Escrevem-se com s- inicial (em vez de z-) as palavras safar, sáfio, safira, saguám/saguão, sanefa, sarigüeia/sarigueia, sarpar, sedaço, soçobrar e sumo. Também se escrevem com s- inicial outro grupo de palavras que na Galiza registam as pronúncias /θ/ ou /s/: sanja, soca, safra, samarra, sanfona, sapa, sapato, sorça/surça (culinária), surrar, surro. No caso de se pretender representar na escrita a pronúncia interdental que estas palavras apresentam atualmente na Galiza central e oriental, pode usar-se o ç inicial arcaico: çanja, çoca, çafra, çamarra, çanfona, çapa, çapato, çorça/çurça, çurrar, çurro.
26) As palavras derivadas também levam z: fazedor, fazenda, prazenteiramente, cozedura… salvo complacente (cfr. comprazer), jacente e maledicente (cfr. maldizente) e derivados destes.
27) Salvo ressarcir
28) Salvo lucidez e lúcido
29) E outros casos em que o diminutivo é propriamente -inho: poço → pocinho, laço → lacinho, etc.
30) Na Galiza esta forma surge habitualmente como lezer.
31) menos cuidar e as derivadas de cu: cuada, cuecas, cueiro
32) Em geral, para a sequência [ku] + vogal temos sempre qu + vogal, salvo os três adjetivos indicados e os derivados de cu (recuar, cueiro, cuecas…) e vácuo (evacuar).
33) Salvo: asa, Ásia, asilo, asir; disenteria; glosa, glosar; masoquismo, misantropia
34) além da já vista missa
35) Mas: escuro
36) Mas aquisiçom/aquisição e aquisitivo
37) Os oito vocábulos desta linha podem levar também o grupo culto. Tanto no Brasil como em Portugal admitem-se as formas caráter/carácter, caraterística/característica, infecionar/infeccionar, infecioso/infeccioso, infeto/infecto, iterícia/icterícia e setor/sector. Já a forma portuguesa cato corresponde à brasileira cacto
38) Outras formas possíveis: contato, facultiva no Brasil, e contrato, admitida ao lado de contracto tanto em Portugal como no Brasil
39) Outras forma possível é fato, a comum no Brasil
40) Outra forma possível é seção, facultiva no Brasil. Note-se que a palavra setor, da mesma família, fica sem o c do grupo culto.
41) Note-se que na palavras seita, da família de sectarismo e sectário, vocalizou o c do grupo culto
42) Também teto, forma afro-luso-brasileira
43) Temos outras formas possíveis: acepçom/acepção, (anti)concepçom/(anti)concepção, anticoncepcional, anticonceptivo, contracepçom/contracepção, contraceptivo, intercepçom/intercepção, interceptar, percepçom/percepção, perceptível, recepçom/recepção, receptáculo, receptivo e receptor, com grupo etimológico conservado, como é comum no Brasil nestes casos.
44) Outra forma possível é ótico, a única em Portugal e facultativa no Brasil. Repare-se na existência da palavra homógrafa ótico, relacionada com o ouvido
45) No Brasil existe, ao lado de corrupção, a forma corrução
46) Note-se que nas palavras conceçom/conceção e conceptual, da família de conceito, o grupo culto quer desapareceu quer se preservou, em vez de vocalizar
47) No Brasil é comum simplificarem-se estes grupos em certas palavras: anistia, conosco mas amnésia
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