II.2. Sinais auxiliares da escrita

II.2.1. Acentos

II.2.1.a. Uso do acento grave (`)

Utiliza-se obrigatoriamente ao contrair a palavra átona a (prep.) com as palavras também átonas a, as (artigos femininos):

  • Saiu à rua
  • Aconteceu às três da tarde

Se contraída com os demonstrativos aquela, aquele, aqueloutra e aqueloutro também usaremos o acento grave na primeira sílaba da palavra:

  • Vou àquela casa.

II.2.1.b. Uso do acento agudo (´)

Indica vogal tónica sobre á, í e ú. Sobre é e ó também assinala, além de tónica, vogal média aberta:

  • saberá, ruído, saúde
  • café, dominó, etc.

II.2.1.c. Uso do acento circunflexo (^)

Utiliza-se sobre ê e ô, indicando vogais médias fechadas, sempre tónicas, entre outros, nos seguintes casos:

  1. Nos e e o acentuados do pretérito mais-que-perfeito do indicativo e do imperfeito do subjuntivo dos verbos regulares e dos verbos ser e ir: colhêramos, fôssemos, comêssedes/comêsseis, fôramos. Igualmente, na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito simples, caso sejam usadas as formas usadas na Galiza: comêrom, fôrom1), etc.
    • Mas nos verbos irregulares chamados de pretérito forte (acentuados na raiz – caber, dar, dizer, estar, haver, poder, pôr, prazer, querer, saber, ter, trazer, vir), a vogal é média aberta, de maneira que se emprega o acento agudo: déramos, estivéssemos, trouxéssedes ou trouxésseis, coubérom, etc.
  2. Nos Infinitivos dos verbos em -er e do verbo pôr, quando levam posposto o alomorfe pronominal -lo, -la, -los, -las:
    • conhecê-lo, fazê-la, vê-los, tê-las
    • pô-lo, pô-la, pô-los, pô-las, etc.
  3. Nas seguintes formas verbais monossilábicas da primeira, segunda e terceira pessoas dos presentes de indicativo e conjuntivo e do imperativo dos verbos crer, dar, ler, ver, e ser, ao ser aplicada a regra correspondente. Também no caso de pôr (verbo) para o distinguir por (prep.):
    • crê, crês, dê, dês, lê, lês, vê, vês, pôr, sê
  4. Em nomes, habitualmente esdrúxulos (também no grave cônsul), em que o e e o o surgem travados e formando sílaba com n ou m:
    • almôndega, brônquio, cônjuge, gôndola, recôndito, tômbola, etc.
    • amêndoa, apêndice, autêntico, cêntrico, ciência, ênfase, idêntico, lêndea, parêntese, silêncio, etc.
  5. Nas palavras acabadas em -ês2):
    • albanês, arnês, burguês, chinês, cordovês, cortês, escocês, freguês, havanês, Inês, inglês, japonês, marquês, mês, norueguês, ponte-vedrês, rês (quadrúpede), três, Valdês, viguês
  6. Nos nomes das letras: bê, cê, dê, gê, pê, quê, tê, uvê/vê
  7. Em palavras esdrúxulas com o ditongo eu: farmacêutico, terapêutico, etc.
  8. E noutras vozes soltas como:
    • mercê (Mercês), porquê3), você, acô, alô, avô4)
    • têxtil, Almodôvar, Hanôver
    • bêbedo, êrvedo, êxito, êxodo, êxtase, fêmea, lêvedo, nêspera, nêveda, pêsame, plêiade, sêmola, sêxtuplo, ajôujere, côdea, côvado, estômago, fôlego, lôbrego, serôdio5)

Confrontem-se:

  • lés (leste) – lês (de ler)
  • (extremidade) – (letra)
  • (catedral) – (verbo ser)
  • tés (de ter) – tês (letras)
  • vés (de vir) – vês (de ver)
  • avó (fem.) – avô (masc.)

Quando as regras exigirem que a vogal seja acentuada, o acento circunflexo pode usar-se também sobre o â (normalmente em palavras esdrúxulas) se esta vogal precede consoante nasal, no caso de se usarem as formas gerais6). Nos seguintes exemplos, as formas que aparecem em primeiro lugar só se usam na Galiza:

  • ámbito/âmbito, ángulo/ângulo, ánimo/ânimo, cámara/câmara, cámbio/câmbio, cánhamo/cânhamo, ignoráncia/ignorância, repugnáncia/repugnância

II.2.1.d. Uso do til (~)

Nas formas gerais, o til de nasalidade usa-se nas vogais ou ditongos agudos finais -ã(s), -ão(s), -õe(s) e -ãe(s), ainda que também o tenhamos num grupo muito limitado de palavras graves. Estas formas com til correspondem às usadas na Galiza acabadas em: -á, -ám, -ans, -om, -ons, -ao(s). Vejam-se as correspondências no seguinte quadro:

Formas usadas na Galiza7) Formas gerais
Masculino e feminino singular
-ao: cidadao, irmao8) -ão: cidadão, irmão
-am: capitám, cam, tam -ão: capitão, cão, tão
-á(s): irmá(s), capitá(s) -ã(s): irmã(s), capitã(s)
-om: leom, valentom -ão: leão, valentão
-om histórico (hoje -dade, -tude)9): escuridade,
exatitude, gratitude, multitude
-ão: escuridão, exatidão, gratidão, multidão
-am: fam, titám -ã: fã, titã
-ao átono (e bençom): Cristóvao, Estêvao,
orégao, órfao, órgao, sótao
10)
-ão átono (e bênção): Cristóvão, Estêvão,
orégão, órfão, órgão, sótão
-a átono: orfa -ã(s) átono: órfã(s)
Masculino e feminino plural
-aos: irmaos, cidadaos -ãos: irmãos, cidadãos
-ans: capitáns, cans11) -ães: capitães, cães
-ás: irmás, capitás -ãs: irmãs, capitãs
-ons: leons, valentons -ões: leões, valentões
-ans: fans, titáns -ãs: fãs, titãs
-aos átono: órfaos, órgaos -aos átono: órfãos, órgãos
-as átono: órfas -ãs átono: órfãs

II.2.1.e. Regras para acentuar

As quatro regras que a seguir expomos possuem carácter hierárquico: provaremos a aplicar a primeira regra e se com ela ficar acentuada a palavra, deixaremos de aplicar as outras. Em caso contrário, experimentaremos a segunda; a seguir, a terceira e finalmente a quarta.

1ª. Esdrúxulas

Acentuam-se todas, considerando também esdrúxulas as palavras que acabam em: vogal tónica + consoante(s) + ia, ie, io, ua, ue, uo (+ consoante):

  • álgido, cólico, saíamos, pêsame
  • ária, côdea12), débeis, hábeis, hóquei, jóquei, túneis, ciência, espécie, índio, frágua, ténue, ubíquo, sábio, vítreo

2ª. Graves e agudas que contenham vogal + i, u, tónicos

Nas palavras (tanto graves como agudas) que contiverem vogal + i ou u tónicos, acentuam-se o i e u tónicos (precedidos de vogal) quando formam sílaba por si sós ou com s, exceto se precedidos de ditongo em palavras graves (muito poucos vocábulos: baiuca) ou seguidos de nh (moinho, rainha13) ):

  • aí, altruísta, ateísmo, caías, egoísta, heroína, juízo, Piauí
  • balaústre, saúdas, viúvo

De maneira que ficam sem acento quando formam sílaba com consoante diferente de s e quando formam parte de um ditongo (sem formar sílaba por si):

  • ainda, construir, juiz, raiz14), sair, transeunte
  • atribuiu (u-iu), saiu (a-iu), lingüista/linguista ([-gwis-])

3ª. Graves e agudas com pronúncia /‘eɳ(s)/, /‘oɳ(s)/ e /‘aɳ(s) na sílaba final.

Nestes casos15) levam-se em conta as palavras que acabam em:

-/‘eɳ(s)/
  • Agudas dissilábicas, com acento: armazém, armazéns, convém, também
  • Graves e agudas monossilábicas, sem acento: bem, tem, vem, cem
-/‘oɳ(s)/
  • Agudas: sem acento nas usadas na Galiza e com acento (til) nas formas gerais (exceto bom/bons, com/cons, dom, som/sons, tom/tons e trom):
Formas usadas na Galiza Formas gerais lusófonas
açom ação
açons ações16)
limom limão
limons limões
(tu) pons (verbo pôr)17) (tu) pões (verbo pôr)18)
(ela/ele) pom (verbo pôr) (ela/ele) põe (verbo pôr)19)
razom razão
razons razões
som (verbo ser) são (verbo ser)
bom bom
  • Graves: com acento nas usadas na Galiza e sem acento nas gerais
Formas usadas na Galiza Formas gerais
andárom andaram20)
fôrom foram
partírom partiram
trouxérom trouxeram
vivêrom viveram
-/‘aɳ(s)/
  • Agudas: com til nas formas gerais (sempre) e com acento agudo nas galegas (só se forem dissilábicas):
Formas exclusivas da Galiza Formas gerais lusófonas
cam cão
cans cães
furacám furacão
furacáns furacães
irmám (dialetal, masculino)21) irmão
irmám (dialetal, feminino)22) irmã
irmáns irmãos
imám 23) imã
  • Graves, sem acento: cantam, cantaram

4ª. Todas as outras graves ou agudas

Nestes casos levam-se em conta as palavras que acabam em -a, -e, -o (+s):

  • Com acento nas agudas: chá(s), dá(s), gás, já, má(s), é(s), crê(s), dê(s), três, nó(s), pó(s), só(s), está(s), mercê(s), ilhó(s)
  • Sem acento nas graves: mesa(s), saia(s), pente(s), atue(s), agilmente, leito(s), havia

Derivado da regra anterior, com qualquer outra vogal final

  • i (+ s, m ou ns),
  • u (+ s, m ou ns) ou
  • a, e, i, o, u (+ consoante ou grupo de consoantes l, r, x, z, ps),

as graves recebem acento, ao contrário das agudas.

  • Sem acento as agudas:
    • ali, pai(s), anis, azuis, jardim, sim, jardins
    • andou, nhu(s), tabu(s), teu(s), algum, alguns
    • papel, sul, cantar, ir, feliz, luz, paz
  • Com acento as graves:
    • hóquei, jóquei(s), táxi(s), audíveis, débeis, hábeis, túneis
    • vírus, álbum, álbuns
    • hábil, açúcar, clímax, fórceps

II.2.1.f. Casos especiais

  • As formas gerais Cristóvão, Estêvão, orégão, órfão, órgão, sótão e zângão correspondem-se com as variantes galegas Cristóvao, Estêvao, órfao, órgao, sótao e zángao. Todas elas levam acento − respeitando a regra primeira (esdrúxulas)−, mas só as formas gerais levam também til, apesar de serem graves24)
  • Acentuam-se as palavras eruditas sem adaptar findas em -n: cláxon, hífen
  • Acentuam-se os ditongos abertos éi e éu e ói, em sílaba aguda, enquanto os fechados dispensam o acento.
    • Na maior parte dos casos trata-se de plurais de palavras acabadas em -el e -ol:
      • anéis, corcéis, fiéis, hotéis
      • anzóis, lençóis, rouxinóis, urinóis
      • Alcói, Elói, herói
      • (cfr.: boi, foi, Landoi, etc.)
    • Nas seguintes pessoas dos verbos doer, moer, roer e soer (e compostos) : corrói(s)25), dói(s), mói(s), rói(s), sói(s)
    • Nalguns nomes acabados em -éu(s): Bordéus, Bornéu, céu, chapéu, escarcéu, fidéu, ilhéu, mausoléu, Pirenéus, réu, véu,
    • (cfr.: europeu, fariseu, colheu, rompeu, etc.)
  • Acentos nas palavras com elementos separados por traço. Nas compostas que levam traço acentua-se cada elemento por separado, seguindo as regras anteriores:
    • pré-história, cantá-lo, pô-lo, recolhê-lo
    • anti-ibérico (anti dispensa de acento por ser palavra aguda acabada em i)
    • pré-história (pré precisa de acento por ser palavra aguda acabada em e)
    • cantá-lo (lo dispensa de acento por ser palavra átona)
    • pô-lo-á (lo dispensa de acento por ser palavra átona, mas e á levam, por serem agudas)
  • Acentos nas vogais maiúsculas. Acentuam-se como as minúsculas:
    • África, Ásia, Íris
    • É um grande homem
    • Às três virá
    • MAIÚSCULA

II.2.2. O traço ou hífen

Emprega-se nos seguintes casos.

II.2.2.a. Com os pronomes pessoais

  • Para os ligar à forma verbal se forem pospostos: abri-lo, atribuí-las, buscam-nas, cantá-la, cantava-o, colhe-lo, colhê-los, colheu-no/colheu-o, contará-no-la/contar-no-la-á26), falar-me, juntai-vos, levam-no, sentemo-nos, viu-na/viu-a
  • Para ligar os pronomes nos, vos, lhes com lo, la, los, las:
    • deram-no-la
    • quando vo-las deu
    • abriu-lhe-las ou abriu-lhas27)
  • Para os unir ao advérbio designativo eis:
    • eis-me, eis-te, eis-nos, eis-vos
    • ei-lo, ei-la, ei-los, ei-las

II.2.2.b. Em palavras compostas

  • Verbo + substantivo: abre-latas, apara-lápis, arranha-céu, cata-vento, conta-gotas, draga-minas, finca-pé, guarda-costas, guarda-joias, lança-chamas, lava-louça, pica-peixe, porta-voz, saca-rolhas, salva-vidas, tira-fundo, tira-nódoas, trava-língua, vaga-lume, vira-jaqueta
    • Mas: girassol, paraquedas, passatempo
  • Verbo + verbo: bule-bule, dói-dói, pisca-pisca
    • Mas: vaivém
  • Substantivo ou adjetivos justapostos28): ano-luz, arco-íris, arco-da-velha, banho-maria, beira-mar, café-concerto, cavalo-vapor, decreto-lei, fato-macaco, físico-químico, franco-atirador, histórico-etimológico, nor-noroeste, novo-rica, redatora-chefa, tenente-general, tio-avô, turbo-reator, surdo-mudo29)
    • Mas: pontapé, varapau
  • Dous elementos que indicam nomes de animais, plantas, cores e povos ou idiomas:
    • garça-real, peixe-espada, vaca-loura/-loira
    • alho-porro, couve-flor, noz-moscada
    • amarelo-claro, azul-marinho, verde-esmeralda
    • anglo-saxónico, galego-português, hispano-americano
  • Derivados de topónimos e antropónimos compostos: cabo-verdiano, cela-novês, estado-unidense, norte-americano, nova-iorquino, ponte-vedrês, sul-africano, dom-joanesco
  • Um numeral no primeiro elemento ou alto-, baixo-, bom- e gram- ou grã-:
    • meia-idade, meia-noite, meio-dia, meio-irmao/meio-irmão, meio-relevo, meio-tom, mil-folhas, primeiro-ministro, quarta-feira30), quatro-cantinhos, quinta-essência
    • alto-falante31), alto-relevo, baixa-mar, baixo-império, baixo-relevo, baixo-ventre, boa(s)-noite(s), bom(s)-dia(s), Gram-Bretanha/Grã-Bretanha

II.2.2.c. Nas palavras derivadas com acréscimo de prefixo

Salvo com certos prefixos, a maior parte monossilábicos, que nunca levam traço (an, bi, bis, cis, des, dis, ex [com valor negativo ou de 'externo'], in, per, re, retro e trans: desidratar, dessalgar, dissociar, inarmónico, reabilitar, ressecar, retrosseguir, etc.), utiliza-se hífen quando o segundo elemento começa por:

  • h; todos os prefixos salvo os vistos acima: ante-histórico, co-herdar, entre-hostil, infra-hepático, neo-humanismo, pan-hispano, pré-história, sobre-humano, super-herói, etc.
  • qualquer letra; os prefixos além-, aquém-, ex-, bem-, pós-, pró-, recém-, sem-, soto- (sota-) e vice- (vizo-): além-fronteiras, aquém-Minho, ex-diretora, bem-estar, pós-guerra, pró-soviético, recém-nascido, sem-vergonha, soto-almirante, vice-presidente
  • vogal, m ou n; os prefixos acabados em -m e -n (circum- e pan-): circum-adjacente, circum-anal, circum-murado, circum-navegar, pan-americanismo, pan-eslavismo
    • Mas: circuncidar, circumpolar, circunjacente, pantropical, pambrasileiro
  • vogal; os prefixo acabados em -l (mal-): mal-arranjado, mal-educado, mal-estar, mal-intencionado
    • Mas: malnutrido, malsoante
  • a mesma vogal por que acaba o prefixo (exceto co-, pre- átono e re-): anti-ibérico, auto-organizar, contra-almirante, semi-interno
    • Mas: cooperar, preencher, reelaborar, antiaéreo, autoaprendizagem
  • r- ou b-; os prefixos acabados em -b ou -d (ab-, ad-, ob-, sob-, sub-): ab-rogar, ad-rogar, ob-reptício, sob-roda, sub-bibliotecário, sub-reptício
  • r-, os prefixos acabados em -r (hiper-, inter-, super-): hiper-rancoroso, inter-regional, super-realismo

II.2.2.d. No final e no começo da linha escrita

  • Usa-se o hífen para separar a palavra em duas partes no fim da linha:
    • es-/tética, esté-/tica, estéti-/ca
    • pa-/chorra, te-/lha
  • Caso tenhamos -rr- ou -ss-, dividimos o dígrafo em duas linhas:
    • car-/ro
    • pas-/sagem
  • Nas palavras unidas por traço, quando este coincide com o final da linha, começa-se a seguinte também com traço:
    • darám-/-chos
    • levárom-no-/-la
    • ei-/-las
    • quebra-/-nozes
    • pós-/-guerra

II.2.3. O trema ou diérese

É facultativo o uso do trema sobre o u pronunciado em

  • güe:
    • mingüemos / minguemos
  • güi:
    • argüir / arguir
    • lingüista / linguista
    • lingüística / linguística
    • Güiana / Guiana
  • qüe:
    • cinqüenta / cinquenta
    • eqüestre / equestre
  • qüi:
    • antiqüíssimo / antiquíssimo
    • aqüicultura / aquicultura
    • aqüífero / aquífero
    • tranqüilidade / tranquilidade
    • vaniloqüência / vaniloquência
1) Na terceira pessoa do plural do pretérito perfeito simples, formas como colhêrom, dérom e fôrom – diferentes das do pretérito mais-que-perfeito simples colheram, deram e foram – só se usam na Galiza. No caso de se usarem as formas gerais foram, comeram e deram, comuns aos dous tempos verbais, dispensam de acento
2) Salvo: através, revés, través, viés
3) pronome interrogativo ou substantivo
4) masc. diferente de avó, feminino
5) As formas estômago, lôbrego e serôdio levam acento circunflexo sobre a vogal tónica, mas a pronúncia na Galiza pode ser aberta
6) Na língua culta de Portugal, o acento agudo sobre o á indica vogal aberta e o circunflexo â vogal fechada. Nos restantes países lusófonos, desconhece-se a existência dos dous a opostos fonologicamente que temos nos dialetos meridionais de Portugal, de maneira que o acento circunflexo apenas pode indicar certo fechamento fonético da vogal perante nasal
7) Entenda-se “usadas na Galiza” no sentido de terem uso social de relevo na variante galega – atualmente ou doravante –, com independência de que tivessem uso de relevo noutras variantes, noutros momentos da história da língua. Entenda-se, ainda, que as formas “gerais” também se consideram galegas de acordo com os princípios enunciados no prólogo deste documento, que assume como galego e como português todas as formas nele compiladas
8) Também cidadám, irmám… nomeadamente para representar a pronúncia destas palavras masculinas nas falas galegas ocidentais.
9) As formas históricas galegas, hoje desaparecidas, seriam: escuridom, exatidom, gratidom e multidom
10) Também temos na Galiza as formas populares Cristovo, Estevo, orfo e soto
11) Também capitais, cais, nomeadamente com o intuito de representar a pronúncia destas palavras masculinas em muitas falas galegas orientais.
12) Note-se como lábio, próprio, sacrifício e dilúvio se acentuam, enquanto esdrúxulas, como idóneo, ígneo, óleo e rosáceo
13) Porém, advirta-se que, por analogia, é comum acentuar este tipo de palavras: Fontaínhas, moínha, raínha
14) Mas levam acento os plurais: raízes, juízes, por neles o z ir na sílaba seguinte
15) Fundamentalmente com -m (plural -ns), que em certas palavras se manifesta com uma variante em forma de vogal ou ditongo nasal: cantam, cantarám/cantarão, açom/ação, pom/põe, bem, bens, comem, também, cans/cães. Aqui tratamos estas e as do tipo irmám/irmao, irmá/irmã, que na Galiza podem realizar-se com e sem nasal segundo a zona.
16) As formas plurais dos substantivos em -om também possuem um plural em ['ojs/'õjs] nos dialetos galegos mais orientais, cuja fonética se poderia corresponder melhor com as formas que aqui denominamos gerais, que neste caso coincidem com as históricas
17) Caso se optar polas formas usadas na Galiza, é preferível usar (tu) pós, sem nasal final e acentuado segundo a regra quarta
18) O explicado na nota 16 serve para as formas verbais do verbo pôr ['põj(s)].
19) A forma geral (elas/eles) põem também leva til apesar de ser grave, por analogia com a forma singular (ela/ele) põe. Correspondem às formas usadas na Galiza (elas/eles) póm (dialetal, com acento diacrítico) e (elas/eles) ponhem
20) Nas formas gerais, estas formas do pretérito perfeito do indicativo coincidem com as do pretérito mais-que-perfeito do indicativo
21) Optando-se polas formas usadas na Galiza, é preferível usar irmao(s), que dispensa o acento
22) Optando-se polas formas usadas na Galiza, é preferível usar irmá(s), acentuada conforme a regra terceira
23) Como imám/imã, temos afám/afã, Balcáns/Balcãs, divám/divã, galám/galã, titám/titã e muito poucas vozes mais
24) Na Galiza também temos Cristovo, Estevo, orfo e soto. Ainda, há a forma galega bençom e a geral bênção, sem correspondência.
25) Também em formas do tipo destrói, constrói… variantes de destrui, construi… (vid. III.9.3.h)
26) A mesóclise – pedir-lhe-ei, pedir-lhe-ia –, desaparecida nas falas galegas, é a forma usada na norma culta lusitana com futuro do presente e com futuro do pretérito. As formas pedirei-lhe ou pediria-lhe empregam-se apenas na Galiza e em registos informais portugueses, sobretudo populares, embora muito desprestigiados
27) A forma abriu-lhe-la (a porta a eles), diferente de abriu-lha (a porta a ele) é exclusiva dos dialetos do norte da Galiza
28) As locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuntivas (tipo fim de semana, cor de laranja…) dispensam o hífen, exceto alguns casos consagrados polo uso: água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa
29) Também xordo-mudo
30) E, logicamente, segunda-feira, terça-feira, quinta-feira e sexta-feira
31) mas altifalante
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