Esta é umha versom antiga do documento!

Por que escrevedes tam raro?

Na verdade, a imensa maioria das pessoas que falam o galego-português escrevem como nós.

Todas as línguas tenhem histórias atraentes, a nossa nom é umha exceçom. Nasceu no noroeste da Península Ibérica, num território que incluía a actual Galiza e o Norte de Portugal1) e de aí avançou para sul chegando até o Algarve, sul de Portugal cruzando depois os oceanos e assentando-se em todos continentes.

Factos históricos provocárom que o território a norte do Minho ficasse a depender do Reino de Castela enquanto a sul do Minho constituía um reino independente. Isto tivo as pertinentes consequências linguísticas:

  • A norte do Minho, o galego ficou reduzido a variedade oral e as falas castelhanizárom-se.
  • A sul do Minho, o galego constitui-se na Língua de todos os habitantes e as falas modernizárom-se.

Quando no s. XIX há um processo de recuperaçom escrita da nossa língua, escreve-se o “normal”, com a ortografia do castelhano, a única em que foram alfabetizados(as) os escreventes. No galeguismo que viria a seguir há sempre um visom do português como referente de integraçom e do castelhano como referente de oposiçom. É por isso que começam a usar-se palavras “raras” como Galego, Galiza, estrada, libertade, dúvida, Deus ou rua. Estas palavras foram substituídas por palavras castelhanas que eram as “normais” entre os nossos coetáneos(as).

No ano de 1980, por encomenda da junta pré-autonómica umha comissom dirigida por Carvalho Calero elaborou. Estas normas estavam chamadas a ser o quilómetro zero de umha estratégia luso-brasileira para a nossa língua. Infelizmente, no ano 1983, o decreto Filgueira Valverde promoveu umhas outras normas com um espírito diferente. Foram elaboradas polo Instituto da Língua Galega sobre a base do galego popular e a estrangeirizaçom do português.

A estratégia reintegracionista ou luso-brasileira para o galego trabalha sobre a base de a Galiza, Portugal e o Brasil compartilharem a mesma língua, na Galiza conhecida como galego e internacionalmente como português, no convencimento de que é a melhor estratégia para a nossa língua e para os seus falantes na Galiza.

Trabalhamos para a nossa forma de escrever e viver a nossa língua abandonar o adjetivo “raro”. O dia que isso aconteça será um indício de que a nossa língua chegou a um ponto de inflexom para começar a recuperar o terreno perdido.

1) Além de territórios que hoje em dia formam parte das Astúrias e de Castela Leom
QR Code
QR Code pt_agal:por_que_escrevedes_tam_raro (generated for current page)