Perspetiva histórica

Quem foi o primeiro reintegracionista. Quando aparece o reintegracionismo?

O reintegracionismo tal e como hoje o entendemos nasce entre finais dos anos 70 e princípios dos 80, com a consolidaçom de umha prática ortográfica para o galego convergente com a do português.


Nessa altura, para a consolidaçom dessa prática, tivo grande importáncia um grupo de sacerdotes galegos residentes em Itália que assinárom um texto conhecido como o Manifesto dos 13 de Roma. Porém, nesta primeira etapa da prática reintegracionista moderna também fôrom fundamentais figuras já falecidas como Carvalho Calero, Jenaro Marinhas del Valle, Paz Andrade, Rodrigues Lapa ou Guerra da Cal.

José-Martinho Montero Santalha, principal impulsionador do manifesto dos '13 de Roma'


Nom obstante, a vontade do Reintegracionismo moderno de construir o galego tendo em conta o português perde-se na história do galeguismo. De facto, pode afirmar-se que essa vontade existe desde o momento mesmo que nasce um movimento cujo objetivo é usar e dignificar o galego, existindo inúmeras citaçons de galeguistas históricos que provam isto.

O reintegracionismo nom é umha tendência dos últimos anos?

O reintegracionismo é só relativamente moderno.

Como movimento organizado nasce em 1981, com a fundaçom da Associaçom Galega da Língua (AGAL) e populariza-se em 1983, com a publicaçom do Estudo Crítico das Normas Ortográficas e Morfológicas do Idioma Galego (ILG-RAG). Porém, como tendência perde-se na história do galeguismo.


Som numerosos os estudos de várias disciplinas humanísticas que demonstram que a filosofia reintegracionista, isto é, aquela que propugna que o português deve ter-se em conta para construir o galego moderno, acompanhou o programa galeguista desde o momento mesmo em que este nasceu.

A nossa é umha língua que ultrapassa fronteiras

Em geral, pode mesmo dizer-se que nos momentos da história em que o galeguismo/nacionalismo gozou de mais força, também a filosofia reintegracionista chegou a influenciar mais o programa cultural do mesmo. O momento culminante desta intimidade produziu-se com a Geraçom Nós.

O reintegracionismo nom é recuar na história?

É antigo e moderno ao mesmo tempo.

Nom se pode negar que, atrás do reintegracionismo, existe certa vontade de restaurar umha unidade ideal perdida há muitos séculos. Umha vez que a situaçom do galego é fraca na atualidade, o reintegracionismo pretende considerar toda a história da nossa língua e nom apenas recuar a aquela parte em que o galego já se encontrava em situaçom de minorizaçom. Dito de outro modo, o reintegracionismo encontra na Idade Média, o período em que o galego foi língua nacional de cultura, um modelo para a construçom do galego moderno tam válido como o do século XIX e XX.

Ora, o reintegracionismo é sobre todo um projeto de futuro. Usando como modelo as variantes da língua que nom ficárom subordinadas ao castelhano, e que se espalhárom amplamente polo mundo, propom um modelo de língua ao mesmo tempo alicerçado na tradiçom medieval e inserido na Lusofonia.De facto, se nom existisse a Lusofonia, talvez nom valesse a pena sermos reintegracionistas, porque a razom fundamental do nosso modelo de língua é que ele goza de grande saúde na atualidade.

Reintegracionistas históricos?

O reintegracionismo moderno assenta a sua prática no programa lingüístico-cultural do galeguismo, nomeadamente dos intelectuais mais conhecidos deste movimento: Manuel Murguia, Vicente Risco, Vilar Ponte, Castelao, Joám Vicente Biqueira.


Porém, quando a finais dos anos 70 se iniciou o debate que deu origem às duas práticas ortográficas atuais (a de tradiçom castelhana e a de tradiçom galego-portuguesa) só alguns daqueles membros do velho galeguismo continuavam com vida. Alguns, como Jenaro Marinhas del Valle, Carvalho Calero, Valentim Paz Adrade ou Guerra da Cal passárom a ser, para além de galeguistas históricos, reintegracionistas históricos, tendo defendido com paixom a prática reintegracionista.

Sonhos dumha Galiza soberana


Uns e outros deixárom inúmeras citaçons sobre esta questom.

Castelao reintegracionista?

Castelao nom se definia como reintegracionista porque este movimento, com esse nome, só nasceu nos fins do decénio de 1970. Porém, ele, como galeguista em geral e membro da Geraçom Nós em particular, era firmemente partidário de avançar em direçom à confluência normativa com o português. O seu livro Sempre em Galiza, pode considerar-se, de facto, umha das obras de referência do Reintegracionismo ao longo da história, com contínuas alusons à unidade da língua.

Porém, para Castelao, a unidade do galego-português devia ter conseqüências práticas, como expressou numha conhecida carta ao historiador espanhol Sánchez Albornoz:

Yo deseo que en Galicia se hable tan bien el gallego como el castellano y el castellano tan bien como el gallego. Deseo además que el gallego se acerque y confunda con el portugués, de modo que tuviésemos así dos idiomas extensos y útiles.

Escreviam em reintegrado os galeguistas de pré-guerra?

O reintegrado, entendido como hoje o entendemos, nom existia no pré-guerra.

Convém deter-se nisto, porque tem dado lugar a discursos que assentam em meias verdades. No pré-guerra nom havia reintegracionistas como tampouco havia isolacionistas. Quer dizer, ainda que houvesse autores que chegassem a utilizar umha ortografia mui próxima à lusista atual (Joám Vicente Biqueira é o mais conhecido) e pessoas mais empenhadas na convergência cultural e lingüística galego-portuguesa, nom se pode dizer que estas pessoas propugnassem umha linha de atuaçom diferente da do resto do galeguismo.

De facto, em geral, pode afirmar-se que no galeguismo havia um grande consenso em relaçom à necessidade de avançar na direçom proposta por estes 'precursores' do lusismo moderno. A razom pola qual nom se chegárom a dar passos ortográficos definitivos neste sentido foi que na altura o galego nom era ensinado nas escolas e nom se podia aspirar a escrever o galego seguindo critérios ortográficos diferentes aos conhecidos polo conjunto da populaçom: os do espanhol.

Com o fim do regime franquista e a chegada do galego ao ensino, os desejos do galeguismo de pré-guerra tornárom-se propostas práticas, mas umha grande parte dos novos galeguistas que medrárom ao abrigo do grupo Galaxia já renunciárom àquela aspiraçom da Geraçom Nós, e a convergência ortográfica frustrou-se.

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