Patricia Portopaderne.
A Libraría Lila de Lilith, foi criada em outono de 2011 na zona antiga de Santiago de Compostela. Provém de um projeto com mais de 15 anos de percurso focado para a igualdade a partir da educação. É uma livraria de mulheres, feminista, que achega bibliografia de mulheres autoras, especialmente em narrativa, poesia, infantil, banda desenhada e ensaio em temas especializados cruzados com a perspetiva de género: economia, saúde, sexualidade, história, etc…
Programamos cursos e atividades, para além de organizarmos lançamentos de livros, música, teatro, etc… Queremos ser um espaço real e virtual de intercâmbio e criação de propostas culturais e reivindicativas feministas.
Qual foi a motivação principal para te mergulhares neste projeto? Como surgiu a ideia de constituir a livraria Lila de Lilith e levar à frente este tipo de atividade tu só?
O anterior projeto centrado na intervenção educativa começava a se ressentir com os cortes em matéria de igualdade e de educação por parte da administração pública, portanto decidi dar uma oportunidade a uma ideia que tinha desde havia algum tempo. Naquele momento tinha ficado eu só no projeto e decidi que era então ou nunca. Uma livraria deste tipo permitia continuar com as atividades educativas, culturais e acrescentar a disponibilidade de uma bibliografia feminista em Compostela. Embora eu seja a responsável do projeto, foram várias as pessoas que o alentaram e que me apoiaram para fazer da Lila uma realidade. Para além da família e pessoas próximas, é preciso nomear duas pessoas: Lola Ferreiro Díaz e Llerena Perozo Porteiro.
A Lila é um projeto que vai além da venda de livros. É um espaço de mulheres, um lugar de encontro, uma casa de portas abertas que de maneira semanal propõe diferentes atividades que tentam contribuir e compartilhar com a sociedade todo o tipo de questões sociais e culturais relacionadas com a mulher e a sua posição na sociedade atual… Como está a ser a experiência e quais são as perspetivas de futuro?
A experiência foi muito positiva desde o início pela grande recetividade do projeto. Desde o primeiro momento apareceram propostas de eventos, de lançamentos, de atuações, tanto por parte de mulheres quanto de coletivos. Propusemos o espaço e, de seguido, a gente, as escritoras e, nomeadamente, o movimento feminista, ocuparam-no e deram-lhe vida. Consideramos que, três anos depois, estamos num momento de consolidação, em que já se conta connosco para muitas coisas. No entanto, estamos a perceber de maneira preocupante nos últimos meses um descenso nas propostas de lançamentos de livros de autoras, intuímos que isto tem relação com o descenso geral da edição galega. Veremos em que vai dando e aguardamos que se recupere.
O projeto da Lila: a livraria, os ateliês, as palestras, etc… conseguiram envolver @s vizinh@s de Compostela. Como achas que está a ser acolhido o projeto?
O acolhimento foi muito bom desde o primeiro momento. Entendemos que há propostas de eventos e de cursos que têm mais sucesso e outras que têm menos, como em todos os lugares. Mas percebemos, também, que cada vez entra mais gente na livraria que não responde ao público alvo, que seria o de todas as pessoas com consciência de género e preocupadas com a igualdade, tanto a nível académico quanto reivindicativo, e isto parece-nos um sintoma muito positivo.
Do ponto de vista de género, o projeto é um referente feminista tanto a nível galego quanto estatal. Quais achas que foram e/ou estão a ser os maiores desafios e quais os sucessos?
Os maiores desafios têm a ver com a sustentabilidade económica. Não foi nada fácil manter-se e chegar até aqui.
Sucessos, provavelmente ser um espaço acolhedor de todo o tipo de linhas dentro do feminismo. Achamos que todas as propostas são importantes e as legitimamos a partir da bibliografia e dos eventos e atividades que são propostas.
Língua e género… Achas que há alguma relação entre a identidade linguística/cultural e o feminismo?
Achamos que há muitas similitudes. O que existe na base da desigualdade de género e também na desigualdade linguística é uma relação de poderes. A primeira, enquadrada no sistema patriarcal que outorga umas identidades e roles segundo nascemos, ou nos considerem mulheres ou homens, e a segunda enquadrada num sistema colonial que impõe uma língua determinada e discrimina a outra. Para que isto aconteça, existem uma série de mecanismos que procuram por todos os meios possíveis, tanto tangíveis quanto simbólicos, que isto aconteça. O método de controlo perante as rebeldias é, nos dois casos, a violência que é exercida pelo opressor.
As sugestões de patri:
- A SEGA: plataforma na rede de análise crítica literária e feminista
- Album de Mulheres do Conselho da Cultura Galega
- ANDAINA. Revista Galega de Pensamento Feminista
- FESTA DA PALABRA SILENCIADA: Revista cultural feminista editada na Galiza
- FANZINE CONA. Fanzine galego feito por raparigas galegas
- MARCHA MUNDIAL DAS MULLERES NA GALIZA
- Rede Feminista Galega
- LÉSBICAS CREANDO. Empoderamento, ação social e artística
- ASOCIACIÓN NÓS MESMAS: associação feminista pelos direitos das mulheres lésbicas e bissexuais
- Mulleres Nacionalistas Galegas. Organización feminista
- CONAS CEIVES. Organização feminista