A Revirada

Giada Maria Barcellona

HÁ UNS DIAS A QUINTA DE COMADRES FALOU COM UMHA DAS ARTÍFICES DA REVISTA REVIRADA,  DA QUAL JÁ PUDEMOS VER O número piloto O PASSADO SÁBADO 23 DE MAIO

Caras feministas,
Hoje, no dia de reflexom convidamos-vos a dar uma vista de olhos ao que vai ser a nova magazine feminista, REVIRADA. Arrancamos com o artigo “Mulher(es) e Poder(es)” que marcará a linha geral do número-piloto, ainda em construçom.

A Revirada é umha revista feminista. Vai ser online, ainda que nom descartamos a possibilidade de imprimir também exemplares em papel no futuro. O pre-lançamento do número piloto foi em 23 de maio, dia de reflessom, e dentro duns dias sairá o número enteiro.
A ideia da revista nasceu no verao passado e foi tomando forma pouco a pouco — ainda está a formar-se, na realidade. É um espaço de expressom para as vozes mais diversas, tendo como eixo a análise feminista da realidade e como ambiçom que o feminismo envolva a vida quotidiana, que seja parte do dia a dia e propriedade de todas nós. Que seja um modelo de análise e de açom para a mudança social. A revista nasceu com vocaçom de se informar e informar de maneira diferente, juntando, amplificando e expandindo vozes feministas diversas. É um projeto de prática feminista no tempo.
Na equipa da ediçom somos três pessoas, todas ligadas ao ativismo: as últimas atividades em que participamos juntas foram os protestos contra a derrogaçom da Lei do Aborto. Foi um período intenso, cheio de satisfaçons e reflexons, que nos mostrou a necessidade de um projeto no meio/longo prazo, que fosse além do modelo de ativismo açom-reaçom, de contra-ataque às ofensivas aos direitos sociais da parte das instituiçons. Este tipo de ativismo é necessário, mas decidimos que o que queríamos agora era dar vida a umha iniciativa que contribuísse para consolidar e difundir o feminismo.
Perto de nós som muitas as vozes feministas, implicadas em diferente grau com o ativismo, com trajetórias e formaçom diversas: através da Revirada queremos reforçar os laços desta comunidade, definir objetivos comuns, compartilhar meios e conhecimentos.

Revista Revirada

 E como surgiu e se desenvolveu mais exatamente a ideia da revista?
Desde que surgiu a ideia, pensámos que o mais importante fosse compartilhá-la. Lançámos umha sondagem através das redes sociais para averiguar o interesse que podia suscitar umha publicaçom desde tipo. Perguntámos quais os temas que despertavam maior interesse, em que formato as pessoas preferiam ler e colaborar, em que língua queriam ler e, sobretudo, pedimos colaboraçom. Estávamos longe de imaginar que as respostas seriam tantas e tam entusiastas! Abrimos umha página do facebook para animar à participaçom e começar desde já a tecer redes.
Recebemos muitas propostas e em todas fica evidente como o feminismo é o resultado de experiências vitais, duma vontade de compartilhar visons e ambiçons!

 Explica-nos mais polo miúdo como vai ser essa revista?
Como disse no princípio, a ideia é darmos vida a umha revista onde o feminismo faça parte da nossa vida quotidiana, sem ficar no gueto dos estudos académicos. As mulheres, todas nós, temos muito para contar e compartilhar: experiências, conhecimentos teóricos e práticos, dúvidas, ambiçons… Os meios de comunicaçom convencionais dizem o que é que temos que fazer com as nossas vidas, o que é que temos que pensar, como é que devemos agir. É umha ideia de informaçom e cultura baseada em princípios patriarcais e classistas. Porque havemos de acreditar em supostos especialistas – por sinal, geralmente homens – “que tenhem as soluçons” mais do que noutras mulheres, que vivem as mesmas experiências, entendem e tenhem objetivos comuns, mas que som excluídas dos meios convencionais? Por isso, a Revirada está aberta às colaboraçons feministas mais diversas. Haverá espaço para atualidade política e social, denúncia, debates, realidade internacional, movimentos e vanguardas feministas, criaçons artísticas em forma de textos, vídeos e arte gráfica, sexualidades, resenhas literárias, tecnologia… Mas haverá também conteúdos mais “descontraídos”, que possam ser inspiradores e entretidos: bandas desenhadas, vídeos de humor e música. Porque o feminismo é também alegria e entretenimento!
Quanto a mim, gosto em particular de que seja umha publicaçom que se mexa no ámbito local, nacional e internacional, que inclua histórias próximas com perspetivas internacionais. Nesta linha, apresentamos, por exemplo, um projeto de vanguarda no Baixo Minho e umha coluna centrada em questons de género na China. Nos números posteriores, proporei um projeto em que as protagonistas serám as mulheres chinesas na Galiza.

 Onde achas que estám as principais dificuldades ou entraves no teu labor?
Umha das dificuldades maiores é, sem dúvida, a sustentabilidade económica da revista. A Revirada é umha publicaçom semiprofissional feita principalmente por ativistas e a sua sustentabilidade está diretamente ligada aos seus objetivos e à sua natureza. Para este número-modelo, pedimos colaboraçons gratuitas às autoras e na publicaçom online as despesas diminuem muito a respeito da publicaçom só em papel. Mas estamos a pensar em diferentes vias de financiamento.

logo_revirada O FUTURO

E quais som as perspetivas de futuro, os objetivos a meio e curto prazo?
Os objetivos da Revirada som ambiciosos, na sua simplicidade: queremos confrontar, difundir as ideias doutras mulheres, ter um espaço de expressom, aprofundar em temas que nos interessam e que com frequência ficam invisibilizados, mas também queremos divertir e divertirmo-nos.
No meio prazo, a Revirada quer expandir-se, tecer redes, continuar a fornecer espaços às iniciativas feministas dentro e fora do País. Ser um ponto de referência para a comunidade feminista.

 E OS ARREDORES (Periferias)

Achas que na tua atividade há um especial vínculo com a identidade galega?
O laço mais direto e inequívoco da Revirada com a Galiza é a escolha da língua veicular da revista. Escolhemos para a revista um modelo de língua (AGAL) que, segundo nos parece, dá resposta ao presente e ao futuro do País, porque reinsere a nossa comunidade linguística no espaço lusófono de comunicaçom, que deveria ser o seu. No entanto, nom fechamos as portas a outras línguas. Neste número, por exemplo, contaremos também com artigos em italiano, castelhano…

Trabalhas habitualmente, ou trabalhaste alguma vez, ou gostarias de trabalhar sobre ou noutros países de língua portuguesa?
Hoje, o meu contacto com o galego-português circunscreve-se à Galiza. No entanto, gostaria de estudar nalgum país da Lusofonia polos laços históricos e políticos que mantenhem com a Ásia e, em particular, com a China. Há já tempos que me dedico ao estudo da língua e a cultura chinesas e acho que seria interessante ampliar a formaçom em países com tradiçom de estudos asiáticos, como som o Brasil ou Portugal.

 Enquanto ao género, tens percebido alguma peculiaridade no teu trabalho polo facto de seres mulher?

A pergunta é interessante. Estou a trabalhar no ensino: um âmbito tradicionalmente feminizado e, aparentemente mais equitativo, por ser um emprego do Estado. No entanto, umha análise de género em profundidade revelaria talvez resultados surpreendentes. É umha boa ideia para um artigo no próximo número da Revirada.

equipa_revirada

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