FUNDAÇOM EDUCATIVA PESTALOZZI
BOLETIM Nº2
EDUCAÇOM: CONDICIONAMENTO OU MADURAÇOM?
Chegamos à conclusom de que preparar ambientes adequados para crianças e adultos é umha tarefa urgente, um desafio importante do nosso tempo e digno da nossa atençom. Ao falarmos de ambientes favoráveis às pessoas incluimos implicitamente todo o que está em todo o redor, já que há umha interdependência entre todo o que existe. Por esta razom a nossa responsabilidade é sempre com a Terra, com todo o que nela há, o natural e o social.
Ao referirmo-nos à educaçom topamos entom com toda a problemática humana, pessoal e a sua relaçom com todo o vivo. É precisamente nos problemas pessoais onde nos emfrentamos mais imediatamente com um questionamento chave. É possível atopar soluçons reais e duradouras achegando-se ao problema com técnicas de condicionamento? Na nossa sociedade o progresso e a possibilidade de "sucesso" som geralmente concebidos como resultado de programas de toda classe. Assim também os pais de família e professores guardam um fundo respeito polos programas educativos como veículos do êxito. Reforçam-se mutuamente para os programas se cumprir passo por passo, unidade por unidade. Para alcançarem este objectivo usam-se as mais variadas técnicas: estimula-se, advirte-se, orienta-se, coduz-se e controla-se, fam-se comparaçons e competiçons, aplicam-se prémios e castigos. Após todos estes esforços está a convicçom de que o outro (for criança ou adulta) deve seguir os alinhamentos do que já se sabe, deve assimilar as ideias vigorantes e os cada vez mais vastos conhecimentos a um ritmo prescrito e em porçons preestabelecidas.
Na realidade -olhando a curto praço- estas técnicas logram certos resultados, se nom sempre positivos, polo menos medíveis. O ser humano pode ser condicionado com muito mais sucesso que os animais. Se um animal nos impressiona com as suas piruetas, quanto mais um ser humano com a sua inteligência superior, quando for bem treinado!
Para questionar as técnicas e metas do condicionamento humano (e do mundo em geral) é necessário umha mudança de paradigma como já temos visto antes ao falarmos da nom-directividade. Só assim veremos que na realidade há umha outra maneira de perceber a vida; achegaremo-nos a compreender o significado dos processos de maduraçom e poderemos substituir a ideia do "progresso" com o conceito de "desenvolvimento".
O desenvolvimento é parte da maduraçom. Nom se deixa condicionar desde fora. Mais bem é um processo natural e inevitável quando um organismo vivo interactua espontaneamente com um ambiente que satisfaz as suas necessidades. O mesmo cosmos, de acordo com a astronomia moderna, tivo um desenvolvimento observável e do mesmo princípio participa toda a vida no nosso planeta. Quando já deixamos de condicionar às crianças interferindo continuamente no seu modo natural de viver como crianças, elas também se conectam automaticamente com este princípio vital de desenvolvimento espontáneo e harmónico.
Os processos de maduraçom permitem que os organismos incluam no seu repertório vital os logros das geraçons anteriores, mas fam-no respeitando sempre equilíbrios internos e externos. Som sempre processos lentos, porque se encarregam de reestruturar o anterior, conectando cuidadosamente cada novo logro com todos os sistemas vivos. E dentro de todas estas consideraçons complexas, os processos de maduraçom abrem sempre as possibilidades para interacçons e soluçons novas, sensíveis a qualquer mudança no ambiente e a novas exigências da vida.
Tanto em plantas e animais quanto nos humanos, observa-se que os esforços de acelerar os processos de maduraçom levam finalmente a um fenómeno de "Early ripe, early rot" (maduraçom prematura, podrémia temperá), fenómenos de decaimento causados por desequilíbrios internos e externos.
Nos humanos os processos de maduraçom aspiram à compreensom dos problemas para contribuir à sua soluçom. A verdadeira compreensom retracta-se sempre das técnicas de condicionamento. Assim podemos por exemplo ensinar às crianças a tabela de multiplicaçom para que a saibam de memória e a apliquem em casos determinados. Mas só por múltiplas experiências concretas, jogos espontáneos e o uso de materiais estruturados variados se dará a maduraçom das estruturas orgánicas que permitem a compreensom da multiplicaçom, mas umha vez memorizado qualquer conteúdo fai-se muito mais difícil a sua compreensom oportuna.
O desenvolvimento intelectual dá-se em forma natural quando umha criança foi respeitada na sua necessidade básica de sentir-se querida e a sua necessidade de interacçom autónoma com o mundo. Só assim sente umha verdadeira seguridade emocional e fluem os processos de maduraçom através de todos os anos de desenvolvimento.
Os métodos de condicionamento jogam com esta inter-relaçom mantendo e reforçando dependências. Quando nós compreendemos a fundo que a capacidade de razoar é um processo biológico que resulta espontaneamente num ambiente de amor e liberdade de interacçom, poderemos resistir a pressom que vem de toda a sociedade arredor de nós para que aceleremos o desenvolvimento dos nossos filhos; a pressom de estimular-lhes um bocadinho para que se igualem com as crianças condicionadas tecnicamente.
R.W.
Escrito ?s 04:10:24 nas castegorias: Formaçom
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