OS NOSSOS FILHOS: RÉPTEIS, MAMÍFEROS E FUTUROS EINSTEINS

18-03-11

FUNDAÇOM EDUCATIVA PESTALOZZI
BOLETIM Nº4
OS NOSSOS FILHOS: RÉPTEIS, MAMÍFEROS E FUTUROS EINSTEINS

Ao falarmos dum ?novo paradigma? na educaçom, referimo-nos a umha compreensom fundamentalmente diferente do processo educativo: em lugar da transmissom de conhecimentos, técnicas e valores que está no centro dos métodos tradicionais, o miolo dos métodos activos é a maduraçom progressiva da criança por meio da sua interacçom com o entorno, de acordo com o plano genético humano. Este plano tem regras exactas como o xadrez, mas com infinitas variáveis conforme os entornos particulares e culturais.
Se calhar fai-se mais evidente a importáncia de respeitar este plano genético se temos presente como cada ser humano em processo de maduraçom percorre novamente os passos que deu a evoluçom através dos milénios, e como cada criança que vive plenamente cada umha destas etapas, tem o potencial de elevá-las a um novo nível de consciência.
A capacidade da célula original de medrar, multiplicar-se e organizar-se criara organismos de muitas formas equipados com órgaos para as mais diversas funçons. O regulador interno original da célula logrou entom a criaçom dum sistema nervoso que coordena e equilibra as reacçons orgánicas aos estímulos que entram em contacto com o organismo. Este sistema nervoso central conhece-se hoje como ?sistema reticulado?. Nos répteis alcançou um alto grau de complexidade e perfeiçom. Em cada criança humana pronta a nascer, este sistema interno já tem a responsabilidade sobre todas as suas funçons metabólicas e é quem de reaccionar eficientemente às situaçons do meio que afectam o seu estado vital, como por exemplo a temperatura, o nível de oxigénio, água e nutrientes. Além de estar intimamente relacionado com os movimentos reflexos dos quais depende a sobrevivência, entre eles o reflexo de sucçom e de reptaçom. A criança humana nasce também com outros sistemas nervosos em espera de maduraçom e os reflexos ?primitivos? já exercem umha influência sobre esses sistemas latentes. Aqui só quero bater pé firme na característica auto-reguladora do sistema reticulado e sobre a responsabilidade que corresponde ao cuidador do bebé de aprender a respeitar a sua funçom, já que as interferências a este nível influirám fundamente nas interacçons posteriores.
Aos poucos na história da evoluçom surgiu a necessidade de que os organismos nom só reaccionem ao que vem de fora, mas que sejam quem de antecipar acontecimentos. Respondendo a este desafio desenvolveu-se, sobreposto sobre o reticulado como umha capa de cebola, outro sistema nervoso: um lugar onde as experiências chave da espécie fôrom depositadas, formando programas de circuitos fechados. Graças a estes programas basta com um sinal (por exemplo umha sombra de certa forma que se achega desde acima) para que umha galinha despregue toda umha sequência de comportamentos padronizados de fugida ou defesa. Este é o ?sistema límbico? que alcançou um alto grau de complexidade nos mamíferos superiores; um amplo repertório de comportamentos refinados que inclui emoçons de medo, tristeza e ledícia.
De acordo com Maria Montessori, o humano é ainda um ?embriom? quando nasce. Até os sete ou oito anos o seu sistema límbico requer de interacçons diversificadas para chegar a coordenar em plenitude as experiências sensoriais, motrizes e afectivas da criança. Para realizar esta tarefa basea-se necessariamente num óptimo funcionamento do sistema reticulado. E também a este nível toda interacçom incide já na mielinizaçom do próximo sistema latente, o neocórtex.
Para poder respeitar o funcionamento do sistema límbico, é importante compreendê-lo nos seus dous aspectos em apariência opostos: dumha banda umha necessidade vital de atençom afectiva, sobretodo umha ?fome da pele? de receber contacto físico, que resulta numha dependência absoluta de ser querido por alguém. Doutra banda a necessidade primigénia de auto-regular as interacçons sensório-motrizes com o meio. Aos que querem favorecer umha maduraçom óptima do potencial humano, espera-lhes aquí um novo trabalho pessoal: aprender a estar alerta aos sinais da criança de receber carinho, mas sem interferir na sua autonomia de interacçom. Quer dizer que o nosso amor para a criança nunca é automático, mas se desenvolverá na medida que medre a nossa capacidade de julgar e substituir estas duas necessidades opostas.
Os programas fechados de comportamento do sistema límbico, tam úteis e comprovados na sobrevivência das espécies, no entanto resultárom limitantes e até perigosos em situaçons de mudanças do meio. Foi necessário abrir novas possibilidades: para que os organismos nom só confiem nas reacçons automáticas do sistema reticulado e nas respostas estándar do sistema límbico, mas que podam aprender individualmente, formar juízos pessoais e desenvolver novas estratégias para interactuar criativamente com o mundo.
Assim é que iniciou o desenvolvimento do neocórtex, a derradeira capa cerebral que no ser humano cobre o ?cérebro antigo?. Contrário ao cérebro antigo, a cortiça cerebral nom está programada quando começa a vida do indivíduo. Como já assinalamos, ela vai-se mielinizando desde ?abaixo?, recebendo impulsos polas experiências do corpo a nível reticular e límbico. Mentras que nos sete primeiros anos o propósito destas experiências era fundamentalmente o qualitativo (como ?é? o mundo), esta ênfase muda e dos oito aos quinze anos os seus valores som fundamentalmente quantitativos, baseando-se no descobrimento das relaçons (como ?funciona? o mundo). Nesta etapa umha intensa e incessante interacçom pessoal com o mundo em situaçons concretas resulta na criaçom dum tecido a cada vez mais complexamente estruturado de conexons cerebrais. Cara o final da infáncia esta estruturaçom neurológica interna proporciona a base para umha lógica relativamente confiável e abre a porta a umha nova etapa de interacçons com a sociedade cada vez mais amplas e à progressiva compreensom de sistemas vivos interconectados.
Neste desenvolvimento o hemisfério direito com a sua característica de unir as experiências pessoais com a totalidade da vida recebe o duplo de impulsos que o esquerdo, o ?analítico?. Assim é que a natureza assegura que o desenvolvimento da lógica seja muito lento, mas enlaçando as necessidades do indivíduo com todo o que vive.
A história da pedagogia demonstra que é possível aplicar técnicas de ensinamento para transmitir conhecimentos alheios ao indivíduo, quer dizer, conhecimentos pobres em interacçom do organismo com o mundo. Mentras mais substituem estes ensinamentos a interacçom directa e a experimentaçom pessoal com realidades concretas, mais se interfere com a formaçom natural de estruturas de compreensom de acordo com o programa genético. Nestas condiçons vam-se paralisando os impulsos de interactuar espontaneamente com o mundo e o indivíduo depende a cada vez mais de motivaçons e interpretaçons externas. Quando toda umha civilizaçom confunde estes substitutos com a interacçom autêntica, pode chegar a boicotar o mesmo plano da evoluçom que mesmamente criou o neocórtex para que o indivíduo nom tenha que repetir as soluçons que servírom a outros, mas que atope a sua maneira pessoal de bregar com os problemas da sua vida.
Os nossos filhos, futuros Einsteins? Sim, cada quem pode-o ser se se atrever a confiar na sua própria experiência para sentir e compreender a realidade que sempre, sempre é infinitamente mais ampla do que os livros de texto e os congressos cientistas. Einstein ?brincou? que estava sentado num lóstrego de luz. A compreensom que resultou desta experiência pessoal revolucionou as teorias físcas da sua época.
A importáncia excepcional de Einstein, mais do que a sua futura teoria, está no seu descobrimento de que a realidade do mundo difere do nosso pensar habitual e da nossa capacidade de imaginaçom.
Assim nom será tam importante para os nossos filhos que formulem novas teorias cientistas ao estilo Einstein. Mas a sua maduraçom adequada demanda que tenham oportunidade de formar os seus juízos pessoais nas situaçons reais da sua vida no lugar de serem guiados a aceitar ideologias estáticas. Também demanda que vaiam tomando decisons frente a problemas pequenos e grandes no lugar de esperar soluçons doutros. Só cumprindo com estes dous requerimentos terám ?sucesso? na nossa sociedade: pessoas que tomam responsabilidade dos seus actos sem serem controlados e que nunca deixam de medrar em compreensom e compaixom.

RW.

Escrito ?s 23:57:35 nas castegorias: Formaçom
por maesepais   , 1298 palavras, 725 views     Chuza!

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