Selecçom Galega. História de umha reivindicaçom

Selecçom Galega. História de umha reivindicaçom

Em Dezembro do ano 2005 saltava ao terreno de jogo a Selecçom Galega de futebol, para enfrentar a selecçom do Uruguai. Foi umha batalha ganha e atrás ficavam anos de esforço e luitas para pôr, de novo, em andamento o combinado galego. O ano 2005 nom foi o do debut da Selecçom da Galiza de futebol. Esta formaçom conta com umha longa história, pois o primeiro encontro da equipa do País ocorreu a 19 de Novembro de 1922, no campo viguês de Coia frente a Castela, numha estreia que foi um claro triunfo para a Selecçom Galega, que venceu por um contundente 4-1.

O uniforme desta primeira selecçom galega de futebol, que vestírom Isidro, Outeiro, Pasarim, Queralt, Balbino, Hermida, Moncho, Ramom Gonçales, Chiarroni, Polo e Pinilha, era completamente branco, com umha grande Cruz de Santiago no peito, à esquerda, Cruz que ainda sobrevive no escudo do Celta e do Compostela. A 7 de Janeiro de 1923 tivo lugar a estreia internacional da nossa Selecçom contra umha selecçom de Lisboa. Galiza ganhou 3-1, com dous golos de Polo e um de Reigosa.
Entre os anos 1922 e 1936 a Selecçom Galega continuou desputando encontros, desta volta contra combinados galegos, como o de Ponte Vedra, ou o ferrolano-corunhês. Também jogaria com outras selecçons do Estado espanhol, como Andaluzia (vitória da equipa galega por 3-1) ou Astúrias (com derrota 1-3); outras de ámbito internacional, como contra umha selecçom da esquadra inglesa, que a Galiza ganhava por um 7-2, e contra Lisboa, cotra quem perdeu por 1-2. A lógica da época era que os clubes no Estado espanhol tentassem introduzir gente nas selecçons, e daí a criaçom das equipas de futebol galegas, como o Eirinha F.C. de Ponte Vedra, o Celta, o Rácing e o Desportivo onde era notório o papel dos galeguistas, que sem dúvida tinham umha reflexom identitária e um compromisso em chave de País.
Com a chegada da profissionalizaçom do futebol, e o fortalecimento dos clubes, as selecçons regionais fôrom perdendo a importáncia que posuíam. Iniciava-se devagarinho umha visom do desporto que actualmente vigora:o desporto como simples negócio, espectáculo e elemento de alienaçom. Além disso, a política também tivo um papel decisório na suspensom e na supressom das diferentes selecçons desportivas. Deste jeito, tanto a ditadura de Primo de Rivera como o Franquismo limitárom em boa medida o nascimento e a vida destas formaçons. Em 1930 celebrará-se um novo jogo, esta vez no campo do Chamartim entre a equipa da Galiza e a selecçom do Centro. A selecçom Galega venceu 4-1 um jogo nascido da ideia de angariar fundos para as famílias danificadas polo naufrágio de um pesqueiro de Bouças. A derradeira oportunidade em que a selecçom Galega existiu como tal foi nas Olimpíadas populares de Barcelona, aquela resposta internacional aos Jogos de Berlim, a 12 de Julho de 1936, seis dias antes do golpe de Estado e do começo da Guerra Civil. Ali, em Barcelona, ficárom muitos jogadores galegos, que luitariam maioritariamente no bando republicano. Depois, entre 1936 e 1939, houvo jogos que disputou esta gente como selecçom Galega até na Holanda. Esses fôrom os últimos jogos mais ou menos oficiais da selecçom da Galiza, mas nom fica documentaçom. Em todos os casos, a Guerra Civil truncou a trajectória destas formaçons.
Durante a ditadura franquista e na transiçom existírom diversas tentativas de recuperaçom da Selecçom, que contárom com o apoio de quase todos os jogadores galegos, como Pousada, Vales, Igrejas, Tápias, Jose, Pereira, Luís Soares... mas fracassárom, quer por impedimentos legais quer pola escassa vontade dos responsáveis políticos e desportivos. Assim, a instabilidade política impediu da celebraçom dum Galiza-País Basco no ano 1980, e no ano 1982 as disposiçons legais vigentes proibírom a equipa galega de enfrentar o Camerum ou ?qualquer selecçom oficial de futebol?.
Desde esse momento, e já com maior força nos anos 90, a história da Selecçom Galega é a história da reivindicaçom. No ano 1996 nasce Siareir@s Galeg@s, fruto da uniom das claques das equipas de futebol do País, inicialmente do Compostela, Desportivo e Celta, e mais tarde, um amplo grupo de equipas e siareiras/os a título individual. As campanhas de finais da década, ?Selecçom Galega Já!? e ?Umha Naçom, umha Selecçom?, lográrom criar um projecto integrador, o movimento Bravu, que uniu escritoras, jornalistas, músicos,... como Xurxo Souto, Antón Reixa, Manu Chao, Jaureguizar ou Manuel Rivas sob a ideia de contarmos com umha selecçom própria. Em 1997 a ideia plasmou-se a nível desportivo num jogo na Estrada, entre siareiros e personagens da cultura na Galiza, que deu começo com o som do hino do Antigo Reino da Galiza e que reivindicava a génese da nossa Selecçom. A esta proclama uniriam-se também futebolistas profissionais, como Fram, José Ramom ou Nacho, que participárom em diversas iniciativas, como no CD ?Selecçom Já? editado pola revista Bravu; constitui-se assim um forte clamor exigindo o resurgimento da Selecçom da Galiza. Ainda assim, as reivindicaçons batêrom umha e outra vez com a negativa das instituiçons autonómicas e houvo que aguardar quase dez anos para a reivindicaçom popular ser ouvida e tornar-se realidade; seria no ano 2005, após a mudança política na Junta da Galiza.

A 29 de Decembro, no estádio de Sam Lázaro, com camisola branca e linhas celestes oblíquas, a Selecçom Galega de futebol voltou a jogar contra o Uruguai. 83 anos despois de se ter desputado em Coia o primeiro jogo oficial da selecçom galega. O resultado foi de 3 golos para o combinado galego e 2 para o Uruguai. Até ali deslocárom-se milhares de siareiros e siareiras de todo o País, e uns 1.500 fazendo parte da manifestaçom nacional convocada por Siareir@s Galeg@s sob a legenda "Umha naçom, umha selecçom". O Galiza-Uruguai foi um acto de reafirmaçom nacional e Siareir@s Galeg@s converteu-se numha referência no estádio de Sam Lázaro, apesar da censura dos média, e mesmo foi este colectivo o que fijo a merecida homenagem a Nacho, ex-jogador do Celta e do Compostela, destacado, além de polo seu futebol, polo seu compromisso com a criaçom da selecçom galega. Fazia-se realidade, mais umha vez umha conquista social, conseguira-se com o esforço e o trabalho de muit@s siareiros e seguidores/as, o sonho de ver jogar a nossa Selecçom, com que desfrutamos também no recente encontro contra o Equador (1-1). Aqui, mais umha vez, Siareir@s Galeg@s exigiu a reclamaçom da oficialidade das selecçons nacionais, na manifestaçom: "Galiza: algo mais do que um jogo". Mas o certo é que a reivindicaçom nom se detivo. Aberta a possibilidade da criaçom da Selecçom Galega de futebol no ano 2005, as Federaçons Galegas doutras disciplinas desportivas continuárom a festa do desporto galego e começárom a andar as Selecçons Galegas de triatlo, basquetebol, ténis de mesa, andebol e ciclismo. @s Siarer@s incidem na necessidade de reclamar equipas desportivas próprias, ir mais além dos jogos amistosos e das selecçons autonómicas para atingir selecçons nacionais oficiais, que podam competir com o resto das naçons, participar em eventos desportivos de jeito independente e levar a representaçom da Galiza a nível internacional. Porém, fica um caminho longo para conseguirmos superar a actual visom do desporto como simples negócio/espectáculo. Num mundo em que as causas colectivas estám em crise, o nosso desporto devia ser umha actividade acesível ao conjunto da sociedade, fugindo assim de elitismos; e devia também ser um aliciente para a associaçom e nom para o consumo e a expectaçom, devia ser veículo de expressom de pessoas e povos, promotor de valores de integraçom, respeito e solidariedade entre homens e mulheres.
Mas da construçom de este outro projecto para o nosso País temos que encarregar-nos nós.

Escrito em 27-12-2007, na categoria: Comissons
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