A Igreja católica está a desenvolver nos últimos anos umha altíssima actividade de agitaçom e propaganda à volta da crítica contra o direito ao aborto.
O argumentário básico da organizaçom religiosa maioritária no nosso país em relaçom a este tema, gira em torno a identificar o aborto como um acto de homicídio. Partem da premissa de que a existência do ser humano é real desde o momento mesmo da fecundaçom, polo que o feto nom-nato seria já um sujeito de direitos mesmo na altura de ser um organismo unicelular.
Já sem entrarmos no debate de se o feto é ou nom um ser humano, mas reconhecendo-nos como partidárias do direito das mulheres a decidirem sobre levar avante a gravidez ou nom, temos que dizer que nom pode mais que surpreender-nos a hipócrita atitude do catolicismo nesta questom na qual pretendem apresentar-se publicamente como defensores da ?cultura da vida?.
Sem irmos muito longe no tempo, apenas teríamos que lembrar as recentes declaraçons do chefe desta organizaçom, Ratzinger, numha visita pastoral a África. Visita na qual aproveitou para voltar a condenar o uso do preservativo como meio para a prevençom de doenças sexualmente transmissíveis. Declaraçons que tenhem umha especial gravidade num continente onde a SIDA é umha autêntica pandemia.
Porém, as habitantes da África podem ficar tranqüilas, já que segundo o Papa o preservativo só serve para aumentar os riscos de contágio. Ainda bem que está a Igreja para corrigir as mentiras de organizaçons tam carentes de autoridade no tema como a OMS.
No entanto, temos que ter em conta o muito especial ponto de vista que o catolicismo tem sobre a ?cultura da vida?.
Segundo eles usar preservativo ou qualquer outro método anticonceptivo, estar a favor do aborto ou defender o direito a eutanásia, som reivindicaçons da morte absolutamente deploráveis e moralmente aberrantes. Tam aberrantes como concebir a sexualidade fora do estrito quadro do matrimónio.
Polo contrário a pena de morte pode justificar-se, a fim de contas a própria legislaçom do Estado do Vaticano recolhia-a até o 1969.
Por nom falarmos do conceito de guerra justa. Lembremo-nos de que o Golpe de Estado de 1936 recebeu o beneplácito da Igreja que chegou a categorizá-lo como ?cruzada?, ou o que é o mesmo, ?Guerra santa?. Assim sabemos que se usas preservativo vás ao inferno, mas se matas ?vermelhos? irás ao céu.
Em dous milénios de história o catolicismo tem dado boas provas de ser na realidade umha cultura da repressom e a morte.
Poderíamos remontar-nos até o século IV da nossa era para lembrarmo-nos de Prisciliano, um galego que tivo a honra de ser o primeiro herege ajustiçado por ordem de um tribunal eclesiástico; para continuar com os milheiros de mortos que instituiçons da Igreja deixárom ao seu passo ao longo dos séculos.
Tribunais do Santo Ofício, Inquisiçom, Cruzadas..., som boas amostras da hipocrisia de umha religiom que afirma ter como umha das suas normas fundamentais o axioma aquele de ?Nom matarás.?
Já nos nossos tempos esta igreja é a mesma que apoiou as ditaduras do general Franco e de Pinochet, ambos fervorosos defensores do catolicismo e radicalmente contrários à prática do aborto. Lástima que considerassem menos valiosa a vida já fora do útero materno.
Assim é a Santa, Católica, Apostólica e Romana. Umha religiom obsessionada por impor a sua visom da moral a toda a sociedade, e que nom duvidou nunca em empregar a morte ao seu serviço.
Já bem o dizia o Zeca Afonso:
?Igreja dos privilégios,
matas-te Cristo a galope.
Também Franco,
o assassino.
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o garrote?
Escrito em 31-03-2009,
na categoria: Notícias
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