O MANIFESTO LIDO NA FESTA DO DEZASSETE

O MANIFESTO LIDO NA FESTA DO DEZASSETE

Boa noite a todas e bem-vindas à última fase deste festival da língua.
Este ano toca-nos celebrar a nossa festa numha cidade tomada pola polícia, o integrismo católico e o destrutivo turismo de massas.
Esta Festa do 17 e o conjunto do programa das Festas Populares, som um respiro destro deste parque temático em que vivemos. A sociedade compostelana organizada juntou-se nesta ocasiom para criar umha alternativa popular aos curas, polícias e turistas que nos invadem; sem um peso do dinheiro público e sem ajudas institucionais de nengum tipo, elaborou-se um programa completo e variado de festas para este mês de Maio. Galego, em galego, e para as galegas e galegos.
Este é o caminho que queremos seguir.

Há 6 anos que existe a Gentalha do Pichel, e há também 6 anos que celebramos esta data com a nossa Festa do 17. Como sabedes, em cada ediçom aproveitamos para fazer umha pequena avaliaçom sobre o estado da nossa língua. Desta volta as cousas nom estám melhor que naquele ano 2004 em que organizávamos a primeira festa:

1.Hoje voltamos a estar na rua porque QUEREMOS VIVER EM GALEGO.

Porque é o nosso direito, e os direitos nom se negociam. Queremos ir ao médico em galego, ver os filmes no cinema em galego, ler os jornais desportivos em galego; ouvir as nossas filhas falarem galego.


2.Estamos na rua para dizer bem alto que BILINGUISMO É ESPANHOLISMO.

Porque é antinatural a convivência social de mais de umha língua, e porque é impossível que essa convivência seja harmónica. Que nom nos enganem.
Ou vivemos na rua de Baixo, na Ponte Pedrinha, em Conjo, nas Fontinhas e nos Concheiros, o vivimos en el Punte Pidrecita, en Conjo, en las Fuentecitas y los Concheros.
Umha cousa, ou outra. Se nom, a esquizofrenia.
Queremos cidadaos e cidadás plurilingues numha Galiza com oficialidade única para o galego.

3.Estamos na rua para denunciar a HIPOCRISIA LEGAL que nos condena a desaparecer como comunidade lingüística.

Deixemo-nos de falsear a realidade: a nossa língua nom é oficial.
A legislaçom existente garante a supremacia do castelhano e a nossa falta de soberania política nom nos permite mudar a essa situaçom.
A lei mascara o seu carácter linguicida com a benevolência dos direitos individuais a usarmos e transmitirmos o galego. Mas reserva os direitos territoriais e os deveres para o castelhano.
Se o galego fosse realmente CO-oficial, partilharia a CO-oficialidade a partes iguais com o espanhol; mas isto nom é assim.
Temos umha língua oficial única: o espanhol. E umha língua que nos permitem usar: o galego.

4. Estamos na rua para dara conhecer a VERDADE DOS NÚMEROS:

. O índice de galegofalantes desceu 13 pontos nos últimos 5 anos.
. Entre 1992 e 2004 duplicou-se a quantidade de monolingues em espanhol.
. Menos de 5% da populaçom fala galego nas principais cidades da Galiza.

5.Estamos na rua porque nom queremos integrar a lista de CULTURAS E LÍNGUAS EXTERMINADAS cada semana no mundo.

Porque segundo a UNESCO 96% da populaçom mundial fala SÓ 4% das línguas do planeta. Porque umha língua precisa de 100.000 falantes para sobreviver. Porque cada semana morrem duas línguas do mundo. Porque mesmo que a nossa língua nom corra riscos por ser falada por mais de 200 milhons de pessoas, a nossa comunidade linguística sim está em perigo.

6.Estamos na rua para denunciar a DESTRUIÇOM DO TERRITÓRIO E O DESMANTELAMENTO DO MEIO RURAL.

Porque o abandono do rural é o abandono da língua. Porque o espanhol vem embarcado em iates, subido no AVE e a toda a velocidade pola autoestrada. Mas sem pagar portagem.

7.Estamos na rua para denunciar a ESTRATÉGIA LINGUICIDA DO GOVERNO DO PP.

Os ?nossos? conselheiros, abertamente espanholistas, amigos de Galicia Bilingue e cosmopaletos, som os responsáveis da derogaçom dum decreto que já era ridículo e da eliminaçom do requisito do galego para o acesso à funçom pública. O nosso direito a sermos atendidas em galego está em grave perigo.
O PP nem sequer quer dar-nos as esmolas com que nos queria contentar o bipartido.

8.Estamos na rua para denunciar A FARSA DA IMPOSIÇOM.

Porque todas as línguas de usos plenos que há no mundo fôrom impostas por decretos, leis, políticas e planificaçons. Exactamente como no caso do espanhol, cuja hegemonia é assegurada e garantida por lei.

A estratégia normalizadora baseada no bilinguismo e o isolacionismo fracassou. Estamos na nossa hora.
A aposta no reintegracionismo é mais urgente e necessária que nunca.

Porque só pode haver mais galego com um modelo linguístico estável que reforce a nossa autoestima, a segurança e a identidade face ao espanhol.

Porque só através da forma internacional da nossa língua podemos esquivar o espanhol e ser menos dependentes.

Porque a oficialidade da nossa língua noutros países permite-nos exercer a nossa soberania linguística e demonstrar que o galego é válido para todos os contextos.

O conjunto de falantes conscientes devemos continuar a criar espaços liberados, devemos compactar-nos para exercer pressom sobre o status legal do galego e exigir a oficialidade de facto.

NO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DO GRANDE CARVALHO CALERO, MAIS UMHA VEZ, RECUPERAMOS AS SUAS PALAVRAS SOBRE A NECESSIDADE DE RECTIFICARMOS A HISTÓRIA.
Escrito em 18-05-2010, na categoria: Comissons, lingua
Chuza!

1 comentário

Comentário de: madialeva [Visitante]
madialeva

Bem falado!

18-05-2010 @ 16:28

    SEMENTE

      Somos um grupo de compostelanas e compostelanos decididos a fazer activismo cultural na nossa cidade e comarca. A língua e cultura galegas, a vontade de aprender, de difundir e recuperar os nossos costumes, a nossa história, a nossa música... som os nossos eixos de trabalho.

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