EDITAMOS NOVO TRÍPTICO SOBRE O 50 ANIVERSÁRIO DO "SANTA LIBERDADE"

EDITAMOS NOVO TRÍPTICO SOBRE O 50 ANIVERSÁRIO DO "SANTA LIBERDADE"

dril

Há cinquenta anos um comando sequestrava o transatlántico Santa Maria no que foi o primeiro sequestro dumha nave por motivos políticos e umha das iniciativas de maior projecçom internacional realizadas na longa noite de pedra, e ao tempo, um dos episódios menos conhecidos da resistência galega ao fascismo.

O seu valor reside na determinaçom de combater com as armas os regimes ditatoriais ibéricos seguindo o fio condutor da insurgência guerrilheira que durante anos fijo frente ao fascismo nas montanhas e cidades galegas na década de quarenta. O DRIL foi umha tentativa de promover a luita frontal, de carácter insurrecional, contra Franco e Salazar perante a passividade da direcçom do PCE que após liquidar a guerrilha em 1948 posteriormente nom duvida em aplicar em 1956 a pactista doutrina soviética da reconciliaçom nacional.
Mas também por estar conformada por um comando basicamente galego-português, no qual sem lugar a dúvidas é a primeira colaboraçom galego-portuguesa num operativo militar revolucionário. É o antecedente do que posteriormente foi o apoio que tivo entre sectores da esquerda lusa a Frente armada da UPG a meados dos setenta e o EGPGC entre a década de oitenta e noventa.
O DRIL nom passou de ser um efémero grupo de acçom directa que praticava a propaganda armada mediante sabotagens, explosivos e golpes espectaculares, mas que pola sua indefiniçom ideológica carecia de bases firmes para poder consolidar-se. No seu seio coincidiam militares portugueses dissidentes do salazarismo como Henrique Galvão ou Humberto Delgado, com militantes galegos de origens diversas: José Velo Mosqueira era um activista do soberanismo galego, e o comandante Jorge de Soutomaior tinha participado na guerrilha galega de filiaçom comunista.

O Directório Revolucionário Ibérico de Libertaçom (DRIL) Antecedentes

Existia na Venezuela umha Unión de Combatientes Españoles (UCE), integrada por antifranquistas alheios ao marxismo. A UCE estava cheia de anarco-sindicalistas, nacionalistas galegos e alguns ex-comunistas.
A vitória de Fidel em Cuba estimula o fervor pola República espanhola. Em La Habana funda-se o Frente Único Democrático Español (FUDE). Este une-se à UCE, colocando à fronte o general republicano Alberto Bayo e, como coordenador geral, Abderramán Muley Moré, que trabalhava com o nome de Manuel Rojas.
Porém, surgem as desavenças na UCE entre José Velo e Monreal (secretário-geral da organizaçom e amigo de Bayo), a UCE tem os seus dias contados e desaparece, graças, também, a umha ajudinha de Abderramán Muley, a organizaçom em La Habana.
Nesse momento nasce o DRIL da uniom de pessoas galegas residentes en Cuba, Bélgica, França e Venezuela. José Velo Mosqueira é responsável de América Latina nesta nascente organizaçom.
É precisamente em La Habana onde Abderramán Muley, depois de destruir a UCE, pretende criar o DRIL. Eloy Gutiérrez Menoyo também pretende colaborar e constitui o Ejército Español de Liberación, movimento anticastrista.
Abderramán Muley é o homem de confiança de Gutiérrez Menoyo, mesmo era o seu secretário. Foi nomeado coordenador geral do DRIL.
Gutiérrez Menoyo figera umha proposta para integrar o ELE no DRIL, polo que amanha umha reuniom em Lieja à qual, além de Menoyo e Abderramán (Manuel Rojas), deviam assistir as delegaçons do DRIL de Europa, Espanha e Venezuela. Fôrom todas detidas na reuniom clandestina pola delaçom de Gutiérrez Menoyo. Espanha pede a extradiçom, mas devido às revoltas mineiras de Lieja e a parlamentares socialistas e comunistas, todas as pessoas detidas fôrom postas em liberdade, excepto Menoyo, que foi solicitado polo seu embaixador (cubano) é posto em liberdade 48 horas depois da detençom.
Corria o ano de 1959, verao, e o comandante Jorge Soutomaior, da mao do seu amigo o jornalista Júlio Formoso, militante do DRIL, apresenta-lhe a José Velo Mosqueira e a Alberto Fernandes Mesquita.
Primeiras acçons armadas do DRIL

A primeira manipulaçom de um morto em atentado no Estado espanhol
Das acçons armadas do DRIL pouco se tem escrito. Muitos circunscrevem-no ao seqüestro do Santa Maria, Santa Liberdade e pouco mais.
A primeira vítima de umha acçom armada no Estado espanhol foi a meninha de 22 meses Begoña Urroz Ibarrola, morta o dia 27 de Junho de 1960, quando estoupou umha bomba na estaçom de Amara, em Donostia.
ETA, que fora fundada o ano anterior, em 31 de Julho, nunca reivindicou o acto, Ernest Lluch no artigo El problema de mi querida tierra vasca, publicado en El País, resucitou esta morte e arbitrariamente atribuiu-na a ETA eludindo a responsabilidade do DRIL, único grupo armado que operava em Espanha e que reivindicou o atentado muito tempo mais tarde considerando-o un erro. O DRIL já de aquela mantinha sedes operativas em Marrocos, França, Bélgica e a direcçom na Venezuela.
ETA nom atentaria até a morte do guarda civil José Pardines, oito anos depois, da mao de Txabi Etxebarrieta, que seria rematado num controlo policial momentos depois da morte de Pardines.
Quando a morte de Begoña Urroz Ibarrola, a Oficina de Imprensa Euzkadi do governo basco no exílio recolhe a notícia através da agência de notícias United Press International, que o atribui ao Directório Revolucionário Ibérico de Libertaçom e nom a ETA.
No verao de 1959 colocam as primeiras bombas em Madrid. Umha no gabinete do presidente da cámara, outra, que ia ser colocada no local nacional de Falange, estoupa a Martínez Donoso antes de ser colocada e falece. Com a detençom do construtor da bomba, ?Gustavo?, irmao do falecido, cai outro activista que colocara um explosivo no Palacio Municipal de Madrid e é condenado a morrer por garrote vil. O resto dos activistas fogem para a França.
O general Ungría da polícia franquista marcha trás a pista dos fugidos. La Sureté Nationale colabora com os franquistas. Agocham-se na Bélgica e o general Ungría volta a Madrid.
No verao seguinte, 1960, o DRIL volta a atacar. Incendeia o combóio expresso Madrid-Barcelona. Planeárom um atentado contra Franco, ?Operación Covadonga?, que nunca se levou a cabo; este é o saldo de acçons de DRIL antes do que seria a sua acçom mais sonada, o primeiro seqüestro de um barco, na história da humanidade, com fins políticos.

Entrada de Henrique Galvão no DRIL

Galvão era o secretário-geral do Movimento Nacional Independente, MNI, movimento anti-salazarista do que era presidente o general exilado no Brasil Humberto Delgado.
De umha primeira reuniom entre Galvão como representante do MNI português e Velo polo DRIL surgiu umha aliança entre ambas organizaçons na qual Galvão seria comandante geral polo lado português.
DFG
De Santa Maria a Santa Liberdade Operaçom Dulcineia
Soutomaior recebeu a proposiçom de Rojas de seqüestrar três avions de Iberia e levá-los a Cuba.
Rejeita-se a ideia e pensam no seqüestro de um paquebote espanhol. Galvão opom-se e alega que na Espanha há pena de morte, nom assim em Portugal, polo que se decide seqüestrar um barco português, o transatlántico português Santa Maria, em 22 de Janeiro de 1961, quando navegava de La Guaira a Miami.
O DRIL pretendia invadir as colónias africanas portuguesas com a colaboraçom dos movimentos de libertaçom africanos. Tomar a metrópole e desde ali derrocar o governo de Franco. O seqüestro do Santa Maria é un fito na história dos actos políticos. Juridicamente é o primeiro seqüestro de um barco com carácter político e nom um acto de pirataria. Sentou um precedente judicial pois nom pudo ser ajuizado segundo a legislaçom da época, como pirataria perante a inexistência de botim.
O seqüestro tivo umha repercussom publicitária nunca antes vista. Amoreavam-se naves e avions estadou-nidenses escoltando-os.
Soutomaior, Galvão e Velo fôrom o Estado Maior deste seqüestro. Dous galegos e um português que depois terminariam por nom entender-se.

Crise do DRIL depois do seqüestro

Umha vez chegados ao Brasil, depois do asilo concedido polo recém eleito presidente Jânio Quadros, os membros mais prominentes do DRIL tomárom um rumo político distinto dentro da organizaçom revolucionária. Semelhavam existir tantos DRIL como Humberto Delgado, José Velo, Soutomaior, Galvão.
No Brasil a carência de organizaçom, a direcçom personalista na Venezuela e un ?agente provocador en Europa (Rojas)?, figérom que a desapariçom do DRIL acontecesse mais rápido.
As medidas de choque dentro da organizaçom revolucionária para frear a desintegraçom do DRIL consistírom num primeiro momento na constituiçom de um Comité Geral de Emergência, a expulsom de José Velo Mosqueira e Rojas, a redacçom de umha Declaraçom de Princípios e um Regulamento Interno, mas todo supeditado à realizaçom de um I Congresso que nunca se dará no tempo.
Soutomaior escreverá 24 hombres y nada más, La captura del Santa Maria, inédito até há uns meses, depois de ler o livro de Henrique Galvão Santa Maria. My crusade for Portugal.
Umha vez na Venezuela, Soutomaior tratará de reconstruir o movimento. Com umha novidosa e distinta relaçom de amizade com Galvão, que escreve desde Escandinávia, Tanger, Brasil... planos, promesas, projectos... ausência de dinheiro. O DRIL e o MIN separam-se por falta de dinheiro e seguidores.
O efeito Santa Maria fijo que depois do exitoso seqüestro e asilo político no Brasil, cada um dos 24 que tomárom parte no seqüestro figesse umha montagem mediática através do mundo. Todos concediam entrevistas, no Brasil, na Venezuela, e todos eram os cérebros, ideólogos e financiadores do seqüestro.
Na Venezuela, a guerrilha venezuelana luita arduamente contra o governo de Rómulo Betancourt, depois contra os governos de Raúl Leoni e de Rafael Caldera. Soutomaior decide ajudar o movimento insurgente venezuelano através da colaboraçom com as autoridades revolucionárias cubanas.

Para saber mais:
Livros
24 homens e mais nada. A captura do Santa Maria
Abrente Editora
Autor: José Fernandes ?Comandante Soutomaior?

Pirates de la llibertat, Xavier Montayà
Editorial Empuries, Colección Biblioteca universal Empúries, Barcelona 2004

Antonio Piñeiro: "Pepe Velo". Ed. Xerais, Vigo, 2000.

Luis Pérez Leira: "Homenaxe a Xose Velo Mosquera", Tempo Sindical, vozeiro da CIG, 1996

Jorge Soutomaior: "Yo robé el Santa María", Akal, 1972

Filme:
Margarita Ledo Andión "Santa Liberdade"

Brocuras
José Velo Mosquera. Da mocidade independentista ao antifascismo armado. IV Celebraçom do día da Galiza Combatente, 2004. AMI

Mandamentos do DRIL. Grupo de Estudos A Fouce, Ames, 2008.

Escrito em 03-02-2011, na categoria: Comissons
Chuza!

1 comentário

Comentário de: H [Visitante]
H

A comienzos de febrero de 1961 Galvao volvió a reivindicar las bombas de junio de 1960, y la prensa española informó de ello. Google: “hemeroteca ABC 1961/01/28 galvao DRIL maletas explosivas". Google también: “hemeroteca ABC 1961/02/10 galvao actos terrorismo". Hasta fue noticia de portada en el donostiarra “Diario Vasco” del 10-2-61: “Galvao reconoce haber tenido una participación directa en los actos terroristas de 1960, en Madrid, Barcelona y San Sebastián". Y se está ocultando a la opinión pública española que la Memoria de 1960 del Gobierno Civil de Guipúzcoa atribuye la muerte de la niña de Amara al DRIL. Eso convierte en muy muy muy muy muy sospechosa la afirmación de los Urroz de que recibieron versión oficial de la autoría etarra. Respecto a la Oficina de Prensa de Euzkadi nº 3189 del 1-7-60, el documento original lo tenéis en “http://ope.euskaletxeak.net". Ernest Lluch hizo una hábil trampa con la OPE 3189. ¿La pilláis? Una pista: las bombas de febrero de 1960 no son las de junio de 1960, y el “Le Monde” del 21/22-2-60 no es la OPE del 1-7-60.

18-07-2012 @ 13:51

    SEMENTE

      Somos um grupo de compostelanas e compostelanos decididos a fazer activismo cultural na nossa cidade e comarca. A língua e cultura galegas, a vontade de aprender, de difundir e recuperar os nossos costumes, a nossa história, a nossa música... som os nossos eixos de trabalho.

      Documentário Quatro anos de Gentalha já na rede!

      A Gentalha do Pichel Centro Social O Pichel Loja da Gentalha

        AGENDA DE EVENTOS

          Busca

          O blogue do Apalpador

          free blog tool