Reivindicamos a participaçom efectiva do povo na gestom do património cultural
Acabou de inaugurar-se a exposiçom Gallaecia Petrea na Cidade da Cultura (CdC), umha nova mostra de esbanjamento de recursos públicos e de irresponsabilidade política. Desde a Junta da Galiza, Manuel Fraga usou a exposiçom Galicia no tempo para legitimar-se e reivindicar um galeguismo asséptico, agora Feijó fai o próprio com Gallaecia Petrea, mostra paradigmática e propagandística dumha política cultural apropriadora da tradiçom galeguista e nacionalista totalmente descafeinada, que contou e continua a contar com a conivência de boa parte do denominado ?intelectualismo galeguista?, sempre atento e na procura de oportunidades para encher a conta corrente mesmo à custa de atraiçoar os seus ideais ou o seu país.
No contexto actual de opressom capitalista asfixiante, disfarçada com o eufemismo de ?crise?, o governo da Junta da Galiza nom tem o menor reparo em malgastar, no mínimo, 1´5 milhons de euros das arcas públicas para organizar esta exposiçom. Gallaecia Petrea, situada nesse buraco sem fundo de orçamento público que é a CdC, é a exposiçom mais custosa da história da Galiza, e supom o deslocamento para o Gaiás de quase quatrocentas peças de pedra, chegando ao sem sentido de levar algumhas peças de até 10 toneladas de peso.
A tam repetida palavra-fetiche ?austeridade? nom se ouve na CdC. Neste contentor cultural já se dilapidárom só na sua construçom mais de 400 milhons de euros. O projecto, iniciado por Fraga e continuado por Tourinho, Quintana e Feijó continua sem ter a dia de hoje algumha funçom nem utilidade, e este é um dos motivos desta exposiçom: encher 6.600 m2 vazios e tentar achegar visitantes a umha vazia CdC.
Esta exposiçom é umha irresponsabilidade e um novo exemplo da austeridade selectiva do PP. Unicamente as duas contrataçons iniciais para o deslocamento das peças desde diversos pontos da Galiza, do Estado e de Portugal, custárom 410.000 ?, e a montagem de Gallaecia Petrea adjudicou-se em 597.000 ?, segundo dados oficiais. Só em montagem e transporte de peças deitárom 1.007.000 ?. Mas a estes números temos que sumar a manutençom, salários das comissons técnicas e de trabalho, ordenados dos comisários, gastos em inauguraçom, vídeos, catálogos, promoçom e publicidade... assim que, como sustenhem muitos profissionais do sector, o custo real da exposiçom é muito maior dos 1´5 milhons de euros oficiais. Mais umha vez, a Junta de Feijó nom é transparente e oculta os balanços económicos dos custos reais, que nem sequer conhece o comisário da exposiçom, Miguel Fernández Cid. Este reconheceu aos meios de comunicaçom nom saber o seu custo total de GP.
Enquanto o património galego esmorece por inaniçom e desleixo das administraçons, quase 2 milhons de euros som esbanjados novamente na CdC. A política cultural da Junta está focada só no Gaiás. Entretanto, muitos petróglifos, mámoas, castelos, miliários e castros estám gravemente feridos ou som destruídos cada dia em nome do ?progresso? para criar auto-estradas, urbanizaçons, polígonos industriais, parque eólicos ou vias para o AVE. Esta exposiçom também perpetua as redes de dependência e clientelares e é um autêntico negócio para os comisários e empresas afins: o coordinador de comisários Miguel Fernández Cid, foi o antigo director do Centro Galego de Arte Contemporánea (CGAC) com Xesús Pérez Varela como conselheiro.
Daí que na Comissom de Memória Histórica da Gentalha do Pichel queiramos denunciar que somos contra os projectos culturais fechados e elaborados por técnicos especialistas como a exposiçom Gallaecia Petra, a CdC ou a Rede do Património Arqueológico Galego. A cultura nom medra graças a megaconstruçons e macro-exposiçons, fai-se desde a base, colectivamente e de maneira horizontal.
Criticamos aliás que a Junta da Galiza e a Conselharia de Cultura esbanje milhons de euros em exposiçons e comemoraçons enquanto se mantém no desleixo absoluto a maioria do património da Galiza e se abandona a promoçom cultural de base.
Por todo isto acreditamos numha troca radical do modelo de gestom pública do Património da Galiza. É o momento de mudar as relaçons património, administraçom e sociedade civil. Pedimos a democratizaçom do património, sequestrado pola Junta e a administraçom, e reclamamos o nosso direito, como povo, no papel da gestom, porque o património é um bem comum, é de todas e todos. Por isto pedimos o livre acesso à informaçom patrimonial e arqueológica, e proclamamos que na gestom cultural é urgente e necessário que todo o património se divulgue e se faga público, implicando sempre as comunidades locais e todo o povo. Só através da difusom pública da informaçom e da partilha do conhecimento se poderá valorar e proteger o património, e assim fazermos defesa da estratégia social que vele polo património como ponto de encontro, espaço de debate e criaçom para o desenvolvimento social e a participaçom do povo.
Desde a Gentalha do Pichel continuaremos a trabalhar efectivamente na recuperaçom do nosso património somando forças em prol da participaçom activa da sociedade civil. E perante o desleixo da Junta, na Gentalha manifestaremos o nosso compromisso social tomando a iniciativa própria para atingir a recuperaçom e valorizaçom do nosso património junto com a vizinhança e o povo por meio de denúncias das agresons ao nosso património e cultura; com roteiros de divulgaçom, com a sinalizaçom de petróglifos, castros ou mámoas e com a realizaçom de trabalhos e estudos divulgativos sobre esta riqueza.
Escrito em 22-06-2012,
na categoria: Notícias
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