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Henriqueta Outeiro Branco, alcunhada ?Maria das Dores?, foi umha militante comunista e feminista nascida na casa Ribom da paróquia de Miranda, em Castro Verde, a 26 de Fevereiro de 1910. Após ter finalizado os estudos no colégio da Milagrosa de Lugo, exerceu de mestra na escola de Sam Cosme de Barreiros, em Ribadeu, onde impulsionou actividades teatrais e criou a companhia ?O Ponteiro do Carrinho?. Posteriormente seguiu a exercer magistério em diferentes pontos da geografia nacional: Ferreiros de Fonsagrada, Montefurado, Vila Garcia de Arouça, Ponte Vedra e Santo Estevo de Gormaz.
Depois de aprovar as oposiçons, deslocou-se a Madrid destinada como mestra, onde entra em contacto com o marxismo.
A Guerra Civil
Nos primeiros dias da Guerra Civil, alistou-se na Primeira Brigada Móvel de Choque, passando de seguido a ocupar responsabilidades no hospital de Carabanchel, onde entravam @s milician@s ferid@s na frente. Mais tarde, atingiu o grau de Comandante como Miliciana da Cultura no Primeiro Batalhom Móvel de Choque dirigido por Valentín González ?El Campesino?.
Nos primeiros dias da vitória do fascismo, evitou a sua detençom logrando escapar baixando polas canalizaçons do prédio do local central das Milícias da Cultura em Madrid. Apanhou um comboio na estaçom do Norte para Lugo, refugiando-se na casa do cura de Santiago a Nova. Sendo denunciada, voltou a escapar dedicando-se a organizar a resistência armada contra o franquismo no Norte da Galiza.
A guerrilha
Henriqueta Outeiro, como militante comunista, participa activamente na vertebraçom da resistência guerrilheira ao franquismo com Domingos Andrade ?Foucelhas?, Marcelino Rodrigues Fernandes ?Marrofer?, José Castro Veiga ?Piloto?, Júlio Neto, Ramom Viveiro ou Pepe Vicente.
Umha infiltraçom policial provocou a sua queda numha emboscada a 16 de Fevereiro de 1946. Após apresentar combate em solitário à Guarda Civil e a agentes da Brigada Político-Social da Direcçom Geral de Segurança durante mais de três horas, logo de romper o cerco logrou afastar-se vários quilómetros das forças repressivas mediante disparos e lançamento de bombas de mao, mas umha rajada de metralhadora feriu-na nas pernas e foi detida no Agro do Rolo. Durante a estadia no hospital militar de Lugo, foi selvagemente torturada e tivo que presenciar o corpo destroçado polas malheiras do seu companheiro Pepe Vicente. Os maus tratos prosseguírom no hospital civil da cidade das muralhas, apesar de que estava praticamente com todo o corpo engessado.
A prisom
Foi condenada à morte num Conselho de Guerra realizado a 17 e 18 de Julho de 1946. As pressons internacionais, a ampla campanha de solidariedade desenvolvida pola III Internacional e a intercessom da Igreja provocou que a pena fosse comutada por 34 anos de prisom, dos quais cumpriu 14, percorrendo as mais importantes prisons franquistas: Corunha, Amorebieta, Segóvia, Ventas, Guadalajara e Alcalá de Henares, de onde saiu em 1960 em liberdade condicional, mantendo incólumes os seus ideais revolucionários.
A liberdade
Apesar da sua mermada saúde, nesse mesmo ano começou a levantar com as suas maos umha casa na sua paróquia natal, dedicando-se às tarefas agrícolas. Em 1975, começou a construçom da ?Casa da Mulher Cándida?, como homenagem à sua mae, como centro para formar profissional, laboral e socialmente a mulher e combater ?o vírus venenoso e perturbador do machismo?.
Reabilitada para o exercício do magistério um ano antes da sua reforma em 1977, fundou a Associaçom Cultural ?O Carrinho? com o objectivo de fomentar a cultura de base emulando as universidades populares republicanas mediante ?missons pedagógicas?. Mesmo tentou reabilitar abandonadas escolas unitárias, como a de Calhás, para a qual chegou a comprar mobiliário.
Em 1977, foi candidata ao Parlamento espanhol polo Partido Comunista, do qual se foi afastando a partir desse momento.
Os últimos anos
Henriqueta Outeiro Branco morreu no hospital de Sam José de Lugo a 31 de Outubro de 1989, quando ia cumprir os oitenta anos. As seqüelas das feridas em combate, da trombose padecida em 1985 e a avançada idade nom fôrom obstáculos para que seguisse a luitar até que conservou o último alento. ?Enquanto me ficar um rescaldo de vida, hei-na de utilizar para favorecer a sociedade, que é o ideário máximo de todo comunista? afirmava numha entrevista publicada por ?El Progreso? a 29 de Janeiro de 1987.
Os últimos anos da sua trajectória de comunista e feminista galega estivérom dedicados à divulgaçom da cultura e a organizar a homenagem aos milhares de trabalhadoras e trabalhadores galeg@s que entregárom a vida na luita contra o franquismo, em prol da liberdade e a justiça, nos montes, nas fábricas e nas ruas desta imensa pátria chamada Galiza.
Henriqueta Outeiro Branco foi um exemplo de mulher comprometida que tentou sempre na sua dilatada e intensa existência levar à práctica os ideias a que dedicou a sua vida.
O CS Henriqueta Outeiro é umha iniciativa da esquerda independentista para se dotar de espaços próprios onde realizar actividades sem nengum tipo de entraves [+info]
Porque nos chamamos Henriqueta Outeiro
Em reconhecimento da luitadora revolucionária Henriqueta Outeiro Branco, símbolo do compromisso e entrega de milhares de mulheres e homens galeg@s à causa das liberdades e da justiça social.