A Eireja e o genocídio ruandés
Nicole Thibon
Público
Há que ter umha boa dose de inconsciência para se mergulhar na história do genocídio perpetrado em 1994 em Ruanda pola maioria hutu contra a minoria tutsi. Mas é de actualidade: segundo um relatório da ONU de Novembro de 2009, as milícias da Frente Democrática de Libertaçom de Ruanda (FDLR) teriam recebido regularmente apoio político, logístico e financeiro de gente vinculada às fundaçons católicas O Olivar e Inshuti e fundos provenientes ?directamente e indirectamente do Governo das Ilhas Baleares. Hoje dirige o país o presidente tutsi Paul Kagamé; mas as milícias hutus acusadas de saques, assassinatos, violaçons e raptos de meninos no Kivu congolés empenham-se em retomar o poder. O que realmente assombra é o envolvimento de sectores da Igreja católica na política desse país africano.
Desde a colonizaçom e evangelizaçom de Ruanda, o país das ?mil colinas?, para o ano 1900 (povoado por um 80% de hutus e um 10% de tutsis) a Igreja jogou um papel nom só religioso senom político. No seu trabalho, os missionários católicos se atopárom com a resistência dos tutsis e gozaram em mudança de umha grande benevolência hutu. Conquanto nom se pode acusar à Igreja de ter criado as categorias ou ?raças? hutu e tutsi, contribuíram a arraigar e justificar a divisom de dous grupos que jamais se tinham enfrentado ao longo de séculos senom em rifas de interesses entre agricultores tutsis e pastores hutus. Em nome das etnias, etnólogos e missionários pensaram ter achado em África um terreno no que aplicar as teorias raciais próprias do século XIX.
Em 1931, a Igreja obtivo a destituiçom do rei tutsi Muyinga, contrário à cristianizaçom do seu povo. Numerosos clérigos e membros da hierarquia implicaram-se na propagaçom de ?esquemas racistas?, por exemplo na obra do Pai Albert Pagès ou do bispo Léon Classe. Após o Pai Loupias, o abate Alexis Kagamé propagou esquemas racistas na língua local. Em 1933, os pais brancos fundaram o jornal católico Kinyamateka que mais tarde propagaria a ideologia ?Parmehutu? em onde o tutsi é um ?nom cristiám?, ?anti-branco?, ?mentireiro?, ?inteligente e raposeiro?; enquanto o hutu é ?trabalhador?, ?indígena dócil?, ?amigo do branco?.
Com o monopólio absoluto do ensino, a Igreja multiplicou a formaçom de abates e seminaristas hutus, com o fim de realizar em Ruanda um ?Reino de Cristo? e em 1946 o rei Mutara III escolhido pola Igreja, consagrou oficialmente o país a ?Cristo Rei?. A conversom ao catolicismo voltou-se a porta obrigada para aceder a qualquer emprego colonial. O colonizador e a Igreja tinham conseguido fazer de Ruanda um país quase 100% católico e um modelo para África chamado ?a jóia de África?.
Mas o vento de independência que soprava nos anos cinqüenta reforçou o nacionalismo ?comunista? e ?ateu? dos tutsis. Em 1957, os hutus próximos ao vicariato ruandes redigiram um manifesto segundo o qual os tutsis som intrusos chegados do Nilo, a onde tem de regressar. O sermom sobre a Caridade de 1957 de monsenhor Perraudin e a sua carta pastoral racista de quaresma do 11 de Fevereiro induziram directamente a ?matança de Todos os Santos? de 1959, durante a qual paisanos armados de machetes queimaram as fazendas dos tutsis, deixando dezenas de milhares de mortos e nom menos refugiados. Quando em 1963 os refugiados tutsis tentaram voltar a Ruanda, agora república independente, dezenas de milhares foram assassinados no ?Nadal de Sangue?. A partir da independência, o domínio da Igreja acentuou-se, em particular o da sua corrente integrista, o Renouveau Charismatique e o ?departamento secreto? do Opus Dei. Em 1973 pode-se falar do regime hutu do presidente Habyarimana como de umha ditadura católica de um país quase 100% católico.
Nas actas do 16 de maio de 1997 da comissom parlamentar belga, numerosos depoimentos acusam directamente à Igreja católica e as suas ramificaçons. Sacerdotes, bispos, arcebispos, abates, curas, missionários, membros do Opus fôrom oficialmente acusados de cumplicidade passivava ou activa, no genocídio de 1994. Segundo o investigador belga Pierre Galant, 816 machetes fôrom comprados e distribuídos por Caritas-Ruanda em 1993. O pai branco Johan Pristil, partidário ferviente do ?Hutu-Poder?, participou na criaçom da Rádio ?Mil colinas? e traduziu Mein Kampf ao Kinyaruanda, e viu aos tutsis como aos ?judeus de África?. Atopárom-se 30.000 cadáveres na sua paroquia em Nyumba. A rádio ?Mil colinas? ou ?a rádio da morte? pregou a matança dia depois de dia. Monsenhor Misado foi preso em 1999 pola sua participaçom no genocídio e as freiras Mukangango e Mikabutera por ter entregado aos tutsis refugiados nos seus conventos. O abate Seromba foi condenado a cadeia perpétua. Genocidas notórios acocham-se e som protegidos em conventos, mosteiros e paroquias. Em França, o abate Munyeshyaka e outros estám protegidos polas autoridades civis e católica, bem como Rekundo em Genebra, exfiltrado por ?Caritas Catholica?, Nahimana em Florencia e Belhomi em Brescia: uns 50 sacerdotes genocidas ruandeses conseguiram fugir a Europa e Canadá.
Pedirá perdom a Igreja católica por sua política africana e o genocídio de Ruanda?
Nicole Thibon é jornalista
Interessante, voces involvem diretamente o Papa, o Vaticano, a Igreja inteira nesse massacre, agora, eu gostaria de saber se alguém morreu nesse massacre por se opor ao católicismo ?
E porque “PAPISTA", o Papa participou ?