CANTA O MERLO: França estava a preparar o derrocamento de Kadhafi desde Novembro

26-03-2011

  22:57:46, por Corral   , 1155 palavras  
Categorias: Ensaio

CANTA O MERLO: França estava a preparar o derrocamento de Kadhafi desde Novembro

http://www.voltairenet.org/article169073.html

França estava a preparar o derrocamento de Kadhafi desde Novembro
por Franco Bechis*

Acçom secreta

Segundo o jornalista da direita liberal italiana Franco Bechis, os serviços secretos franceses preparárom a revolta de Benghazi desde Novembro de 2010. Como assinala Miguel Martinez no portal progressista ComeDonChisciotte, estas revelaçons, alentadas polos serviços secretos italianos, devem se interpretar como umha mostra de rivalidade no seio do capitalismo europeu. A Rede Voltaire precisa que Paris rapidamente associou Londres ao seu projecto de derrocamento do coronel Kadhafi (força expedicionária franco-britânica). O plano foi modificado no contexto das revoluçons árabes e Washington tomou entom o controlo do mesmo impondo os seus próprios objectivos (contra-revoluçom no mundo árabe e desembarco do AfriCom no continente negro). A actual coaligaçom é portanto o resultado de ambiçons diversas, o qual explica as suas contradiçons internas.

Primeira etapa da viagem, 20 de Outubro de 2010, Tunísia. Ali desceu de um aviom de Libyan Airlines, com toda a sua família, Nuri Mesmari, o chefe de protocolo do corte do coronel Muamar o-Kadhafi. Trata-se de um dos grandes ?papagaios? do regime líbio e tem estado desde sempre a carom do coronel.

Era o único, junto do ministro de Relaçons Estrangeiras Mussa Kussa, que tinha acesso directo à residência de Kadhafi sem ter que tocar a porta dantes de entrar. Era o único com direito a passar a ombreira da suite 204 do velho círculo oficial de Benghazi onde o coronel líbio recebeu com todas as honras ao primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi durante a visita oficial a Líbia.

A visita de Mesmari a Tunísia nom dura mais que umhas horas. Nom se sabe com quem se reúne na capital, onde já se percebe o balbordo de revolta contra Bel Ali. Hoje sabe-se com certeza que durante essa estadia Mesmari estabelece os contactos para o que se vai converter, em meados de Fevereiro, na rebeliom da regiom de Cirenaica. E prepara a estocada contra Kadhafi procurando e obtendo alianças em duas frentes. O primeiro é o da dissidência tunecina. O segundo é o da França de Nicolas Sarkozy. Duas alianças que estabelece com sucesso.

Assim o demonstram documentos da DGSE, o serviço secreto francês, e umha série de notícias sensacionais que circularam nos meios diplomáticos franceses a partir do boletim confidencial Maghreb Confidential (do qual existe umha versom sintetizada e acessível mediante pagamento).

Mesmari chega a Paris ao dia seguinte, o 21 de Outubro. Já nom mover-se-a de ali. Em Líbia, Mesmari nom ocultava a sua viagem a França já que levava com ele a toda a sua família. A versom é que vai a Paris para submeter a um tratamento médico e provavelmente a umha intervençom cirúrgica. Mas jamais verá a nengum médico. Em mudança, se verá, e todos os dias, a vários servidores públicos dos serviços secretos franceses.

A reuniom.

Está comprovado que estreitos colaboradores do presidente francês foram vistos a princípios de Novembro enquanto entravam no hotel Concorde Lafayette de Paris, onde reside Mesmari. O 16 de Novembro, umha fileira de autos azuis mantém-se ante o hotel. umha longa e coincidida reuniom tem local na suite de Mesmari. Dous dias depois, umha nutrida e estranha delegaçom francesa sai para Benghazi. Componhem-na servidores públicos do ministério de Agricultura, dirigentes de France Export Céréales e de France Agrimer, dirigentes de Soufflet, de Louis Dreyfus, de Glencore, de Cani Céréales, Cargill e Conagra.

Nos papéis, trata-se de umha delegaçom comercial encarregada de obter, precisamente em Benghazi, importantes encomendas líbios. Mas o grupo inclui também vários militares franceses camuflados como homens de negócios.

Em Benghazi vam reunir-se com um coronel da aviaçom líbia cujo nome lhes proporcionou Mesmari: Abdallah Gehani. O homem está acima de toda a suspeita, mas o ex chefe de protocolo de Kadhafi revelou que Gehani está disposto a desertar e que tem também bons contactos com a dissidência tunecina.

A operaçom desenvolve-se no maior segredo, mas algo se filtra e chega a ouvidos dos homens mais próximos a Kadhafi. O coronel suspeita algo. O 28 de Novembro assina umha ordem internacional de detençom contra Mesmari. A ordem chega também a França através dos canais protocolares. Alarmados, os franceses decidem acatar a ordem de detençom de maneira formal.

Quatro dias depois, o 2 de Dezembro, a notícia filtra-se precisamente desde Paris. Nom se dam nomes, mas se revela que a polícia francesa prendeu a um dos principais colaboradores de Kadhafi. Ao princípio, Líbia sente-se tranqüila novamente. Até que se inteira de que Mesmari está em realidade sob detençom domiciliária na sua suite do hotel Concorde Lafayette. Kadhafi começa a molestar-se.

O cólera de Kadhafi.

Quando chega a notícia de que Mesmari solicitou oficialmente asilo político na França, estala o cólera de Kadhafi, quem ordena o retiro de passaportes, inclusive ao próprio ministro de Relaçons Exteriores Mussa Kussa, acusado de ser responsável pola deserçom de Mesmari. Depois trata de enviar aos seus homens a Paris, com mensagens para o traidor: «Regressa. Serás perdoado». O 16 de Dezembro, é Abdallah Mansur, chefe da televisom líbia, quem trata de fazer chegar a mensagem. Os franceses detém-no à entrada do hotel. Outros líbios chegam a Paris o 23 de Dezembro. Som Farj Charrant, Fathi Bukhris e Alla Unes Mansuri.

Conhecê-los-mos melhor após o 17 de Fevereiro porque som precisamente eles quem, junto à o Hadji, dirigírom a revolta de Benghazi contra as milícias do coronel.

Os franceses autorizam a estas três personagens a sair a cear Mesmari num elegante restaurante dos Campos Elíseos. Também participam no jantar vários servidores públicos da presidência da República Francesa e alguns dirigentes dos serviços secretos franceses. Entre o Natal e no Dia de Ano Novo aparece no boletim Maghreb Confidential a notícia de que Benghazi se encontra em ebuliçom -cousa que ninguém sabe ainda- e também aparecem várias indiscreçons sobre certas ajudas logísticas e militares que parecem ter chegado à segunda cidade líbia, ajudas provenientes precisamente da França. Já está claro que Mesmari se converteu num instrumento em maos de Sarkozy, quem trata de sacar a Kadhafi de Líbia. O boletim confidencial sobre o norte da África começa a filtrar os conteúdos desta colaboraçom.

Mesmari ganha-se o apodo de «Libyan Wikileak» porque revela um depois de outro os segredos da defesa militar do coronel e conta todos os detalhes sobre as alianças diplomáticas e financeiras do regime, traçando inclusive um verdadeiro mapa da distribuiçom dos sectores em desacordo e das forças que se encontram no terreno. Em meados de Janeiro, França tem nas maos todas as chaves para tratar de derrocar ao coronel. Mas produz-se umha filtraçom. O 22 de Janeiro, o chefe dos serviços secretos na regiom de Cirenaica, fiel a Kadhafi, o general Audh Saaiti, prende ao coronel de aviaçom Gehani, quem trabalha em segredo para os franceses desde o 18 de Novembro.

O 24 de Janeiro, Gehani é enviado a umha prisom em Tripoli, acusado de ter criado em Cirenaica umha rede social que elogiava a oposiçom tunecina contra Ben Ali. Mas é demasiado tarde. Gehani já tinha preparada a revolta de Benghazi, com os franceses.

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