Diante do último ataque à criança materializado no artigo 52, ponto j) da Lei de apoio à família e à convivência de Galiza já aprovada pola Junta, e com o decreto que nestes dias está a preparar e a consensuar com a comunidade educativa oficial a conselharia de educaçom, vem-se de confirmar a ofensiva contra as pessoas, famílias e coletivos em geral que apostamos por umha criança alternativa respeitosa com os ciclos da vida e fundamentada no apego.
Com este estado de cousas, a estas pessoas e coletivos só nos resta organizar a nossa defesa para conhecermos o atual estado legal, as alternativas e as perspectivas que temos, além de para dar umha resposta conjunta a esta agressom contra os direitos de todas e todos.
Motivados por esta reflexom, desde Agarimar convocamos umha juntança com todas as pessoas e coletivos que entendemos afetados para o próximo domingo dia 15 de maio às 17h30 no Espaço para a criança Folhas Novas (Rua Real, 12) de Vigo. Todas as pessoas e coletivos que estejam interessados e nom recebérades convocatória por nom termos umha relaçom direta convosco, só tendes que vir no dia.
"Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educaçom a dar aos filhos." - artigo 26° da Declaraçom Universal dos Direitos Humanos
Escrito ?s 13:56:49 nas castegorias: Iniciativas
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Na próxima sexta-feira dia 13 de maio às 18h30 no Espaço para a criança Folhas Novas (Rua Real, 12) de Vigo decorrerá uma nova jornada de cantigas, rimas e jogos musicados com o Servando. A assistência, como é costume, é livre e gratuita.
Escrito ?s 18:04:35 nas castegorias: Iniciativas
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Aproveitando a presença da AGAL na Feira do Livro, em Compostela, a Através editora vem de realizar nesse evento o lançamento da sua mais recente novidade editorial.
Trata-se de Poemas no Faiado. Antologia de Poesia Lusófona para Crianças, apresentado no passado 8 de maio na feira.
A obra inclui trabalhos de autores lusófonos de diferentes países ?também da Galiza? de diferentes épocas, tais como Cecília Meireles, Drummond de Andrade, Alexandre O'Neill, Jorge Barbosa, Carlos Batista, José Craveirinha, Vinicius de Morais, Luís Vaz de Camões, Celso Emílio Ferreiro, José Lois Garcia ou Pura Vasques, entre muitos outros.
Através editora já tinha editado em formato livro-CD a começos de ano o trabalho "Vicentinho e as Árvores da Paz", teatro infantil da agrupaçom Tou-po-rou-tou, coletivo criado em 2003 que mistura contos com música e dança.
Tou-po-rou-tou tem feito representações em escolas, ludotecas, festivais, e centros culturais de toda a Galiza, bem como no festival ?Andanças? de São Pedro do Sul, em Portugal. Entre os seus espectáculos contam ?Sabela e o seu avó?, ?Os contos do Bardo Abelardo?, e o que dá título ao trabalho, ?Vicentinho e as árvores da Paz?, em que além da música e os contos, incorporam máscaras e um pequeno teatro de sombras.
O trabalho começara-se a esboçar em janeiro de 2007, num encontro do Clube d@s Poetas Viv@s, o conta-contos Anjo Moure e o músico Servando Barreiro (autor de Som Voltas, também editado em seu dia pola AGAL, e membro de Agarimar).
Fruto do encontro surgiu umha estreita colaboraçom de trabalho e e amizade, que se plasmou em diferentes projetos, entre os quais este livro-CD, baseado nos contos de Moure, adaptados e acrescentados com cantigas de Servando Barreiro e outras tradicionais galegas interpretadas polo grupo Tou-po-rou-tou. Está ilustrado por Sandra López Escrivá.
Sinopse
Graças à música, o bardo Abelardo conseguiu traduzir à linguagem dos humanos os sentimentos dos seres que moram no interior das florestas, dos rios e dos mares. Assim conheceremos a história de un pássaro que descobre que nas ramas das árvores aninha a palavra paz, de um carvalho que nasceu na bota de um soldado, de um trasgo que vai deitando lixo pola mata fora ou de Salgadinha, a estrela de Fisterra que parava as guerras. Como tem a cabeça cheia de pássaros, voa de vila em vila e de cidade em cidade contando e cantando contos e histórias às meninas e meninos para que tomem conta da palavra «paz».
Objetivos
Com este trabalho, o principal objetivo de Tou-po-rou-tou é a escuita e leitura de contos em galego, transmitindo mensagens que falam de paz, solidariedade e respeito pola natureza, bem como o conhecimento de instrumentos e sonoridades pertencentes à tradiçom galega, junto com outros pertencentes a outras culturas. Para Touporrotou está também presente a importância da reciclagem e reutilizaçom ?o próprio livro está editado em papel reciclado?, tanto na elaboraçom de intrumentos musicais quanto na criaçom de novos contos e cantigas a partir das tradicionais, ademais do interesse polos nossos rios, florestas e mares.
Instrumentos utilizados
No livro-CD aparecem diferentes instrumentos musicais, quer galegos, quer pertencentes a outras culturas. Nos galegos está a gaita, o pito, a requinta, a sanfona, a concertina, instrumentos de cana, pandeiro, pandeireta, trancanholas, ferrinhos, berimbau de boca e bombo. De fora aparecem a frauta japonesa, o didjeridoo e o bull roar australianos, um instrumento de corda indonésio e a darbuca turca. Quanto a outros instrumentos que também utilizados cabe mencionar o violino, o clarinete, a harmónica, a viola, o xilofone, instrumentos de cana e outros elaborados com materiais reciclado.
Escrito ?s 14:17:58 nas castegorias: Formaçom
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Em Vigo, e no sábado dia 7 de maio, a organizaçom ecologista Verdegaia pom em andamento a primeira das Jornadas de educaçom ambiental para crianças na Escola Popular Galega (Rua Real, 12) de 11h00 a 13h30.
O programa e a informaçom correspondente para esta primeira jornada é a seguinte:
Reutilizaçom de materiais de refugalho para argalhar animais, brinquedos, cousos...
? As fichas de inscriçom poderám enviar-se por correio electrónico ou cobrir-se no próprio dia da actividade, sempre que fiquem vagas livres. O limite máximo de pessoas inscritas para esta actividade será de 15.
? Trazer quanto material de refugalho poda haver pola casa de cada quem, remexer bem dentro da cuncha a ver que sai: botes de suavizante para fazermos golfinhos ou elefantes; sacas plásticas para as medusas; cartons de guardar os ovos para as flores ou para um ratinho; caixas de sapatos, retalhos de tea ou copos de iogurte para o que se nos ocorra; e todo aquilo que a natureza nom precise e poda ser reutilizado dando-lhe umha nova vida no canto de deitá-lo no lixo.
? Vestir roupa cómoda para estar polo chao, como deve ser.
? Vir com bom humor e vontade de trabalho em equipa.
Escrito ?s 14:43:28 nas castegorias: Atividades
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Na próxima sexta-feira dia 6 às 18h30 no Espaço para a criança Folhas Novas (Rua Real, 12) faremos um último ensaio com Servando da cantiga com a que participaremos na festa dos maios do dia 8.
No sábado dia 7 fará-se umha recolhida por livre de ervas e flores nos montes e paróquias comarcais, para já no domingo dia 8 confeccionar o maio a partir das 11h00 e posteriormente jantar com as companheiras do grupo local de apoio à lactaçom Deleite também no Espaço para a criança Folhas Novas (Rua Real, 12). Já de tarde participaremos com maio e cantiga própria na festa dos maios do bairro.
Escrito ?s 01:28:37 nas castegorias: Iniciativas
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Maes, pais e crianças de Agarimar da comarca de Compostela levamos vários meses trabalhando numha horta comunitária no Bairro de Sam Pedro, que compartilhamos com vários coletivos. Juntas estamos aprendendo aos pouquinhos a obter os nossos próprios alimentos.
Figemos várias sementeiras, depois limpamos a terra bem a fundo, trabalhamos com ela, brincamos, regamos e mesmo plantamos já algumhas cousinhas...
Escrito ?s 10:54:49 nas castegorias: Iniciativas
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A CRIANÇA NATURAL
Aprender a criar querendo e respeitando
Maria Álvares
Impor a autoridade, recorrer o castigo (físico se é necessário), marcar-lhes o caminho... som frases escolhidas tradicionalmente para referir-se à educaçom das crianças. Som pautas educacionais que ultrapassam a barreira do lar e transcendem às aulas. Umhas pautas em que muitas geraçons de meninos e meninas fomos educadas. De tal jeito que ainda hoje está bem visto dar umha palmada corretora aos filhos ou filhas quando nos questionam ou ?contestam? de maus modos. Algo que seria censurado socialmente se um homem di que de vez em quando dá umha palmada à sua mulher quando esta nom lhe faz caso. Considera-se deste jeito que as crianças som seres inferiores, sem nenhum tipo de opiniom e que somos nós os adultos os garantes últimos do bem-estar desse ser. Quer dizer, castigamos, berramos e mesmo batemos para mostrar-lhes o caminho correto.
Mas nom sempre aconteceu assim, de facto, som valores que só transcedêrom à metade da povoaçom mundial: a pertencente aos países ocidentais, desenvolvidos e capitalistas. Pola contra, as sociedades que desde o primeiro mundo conhecemos como subdesenvolvidas (em termos económicos) soubérom manter umha criança baseada na afetividade, na liberdade das crianças e no contacto físico. Isto é, nos valores da comunidade frente ao individualismo e a competitividade que se transmitem como positivos desde o primeiro mundo.
Resulta paradoxal que o bem-estar da criança para os primeiro mundistas seja o número de brinquedos que se poidam oferecer à menina ou menino, que na escola aprenda três idiomas ou que durma sozinho toda a noite sem protestar... Descuida-se assim respeitar os ritmos de aprendizagem, comparando sempre o bebé com outros próximos (mostrando-lhe já desde bem pequenos a competitividade) ou esquecem-se os valores comunitários e coletivos que favorecem o egoísmo ou a pouca toleráncia à frustraçom.
As sociedades modernas som capazes de fabricar carrinhos ultra-ligeiros, contos eletrónicos ou berços de última geraçom... nom para o bem-estar da criança que durante séculos puido medrar feliz sem estes inventos, senom para alimentar financeiramente a quem sabe que ter filhos e filhas deixa muito dinheiro nas indústrias dedicadas ao suposto cuidado dos bebés nos países ocidentais.
Mas algo está mudar no jeito de entender a criança, fôrom e som muitos pais e sobre todo muitas maes quem, nestas sociedades, estám a questionar estes valores transmitidos durante os últimos 150 anos. Som maes que se baseiam no instinto à hora de atender as necessidades dos seus filhos e filhas, que respeitam os seus ritmos evolutivos, que educam na casa ou em centros alternativos porque nom acreditam nos valores impostos na escola tradicional que servem para fabricar seres submissos e sem consciência crítica e que sirvam, portanto, para perpetuar a ordem estabelecida.
Trata-se do que se conhece como criança natural, criança com apego ou criança respeitada.
As que assim educam praticam o coleito porque sabem que deste jeito se dormiu sempre, porque o bebé tem sempre acesso ao alimento, desenvolve-se muito mais a nível neurológico e fomenta-se a afetividade dos pais com a sua criança. Levam o menino sempre pegados a eles para que esteja tranquilo e favorecer o apego, aleitam a demanda até idades tardias e nom castigam nem imponhem: negociam com o seu filho ou filha os limites à hora de educar. Pensam que nom há crianças boas e más, porque nom som julgadas. Os erros falam-se, pensam-se e corrigem-se conjuntamente.
Em definitiva: escuitam, respeitam, querem, abraçam, beijam, entendem e falam de igual a igual. Nom compreendem a criança como um tempo de transiçom entre berros, castigos e correçons que há que passar até que os seus filhos cheguem à idade adulta, senom que desfrutam de cada etapa e aprendem também com as suas crianças.
Esta nova seçom pretende achegar os leitores a este tipo de criança. Em próximos números aprofundaremos com mais pormenores nestes temas, já que a construçom de um novo mundo passa, sem lugar a dúvidas, polos mais novos. Umha educaçom responsável fará melhores homens e mulheres no futuro mas também ajudará a transformar pais e maes em seres melhores.
Publicado no Novas da Galiza nº101.
Escrito ?s 10:56:29 nas castegorias: Formaçom
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O periódico galego de informaçom crítica Novas da Galiza vem de abrir nova secçom no seu último número. O jornal, com umha periodicidade mensal, incorporará umha secçom sobre criança na que se abordarám distintos temas relacionados com a mesma. A jornalista do Novas e membro de Agarimar, Maria Álvares, abre esta secçom com um artigo sobre criança natural que em breve disponibilizaremos neste blogue.
Desde Agarimar parabenizamos à jornalista e ao Novas por esta iniciativa que consideramos fundamental para avançarmos conjuntamente nos novos cenários sociais que nos aguardam.
Escrito ?s 11:03:16 nas castegorias: Formaçom
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Na próxima sexta-feira dia 29 de abril às 18h00 transcorrerá no Espaço para a criança Folhas Novas (Rua Real, 12) de Vigo um obradoiro multisensorial ministrado pola musicoterapeuta Sabela Gonçales. A assistência, como vem sendo habitual nos obradoiros da associaçom, é completamente aberta e gratuita.
No passado mês de novembro de 2010 já tivemos ocasiom de desfrutar com umha pequena amostra multisensorial no transcurso do obradoiro de percussom ministrado pola mesma musicoterapeuta.
Escrito ?s 16:40:38 nas castegorias: Iniciativas
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No próximo sábado, dia 30 de abril a partir das 11h30 Pumarinhos abre as suas portas para convidar-te a conhecer um espaço educativo para crianças a partir dos 3 anos, baseado na liberdade, a aceitaçom incondicional, a autonomia e o respeito polo desenvolvimento do próprio ritmo de aprendizagem de cada meninh@. As crianças som bem-vindas!
Se pensades achegar-vos, encaminhar mensagem para pumarinhos@gmail.com
cartaz da jornada de portas abertas
Escrito ?s 13:49:16 nas castegorias: Atividades
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Reproduzimos artigo publicado no portal galiza livre polo membro de Agarimar, Miguel Garcia.
Na Galiza de hoje, a construçom de alternativas políticas bate umha e outra vez com umha realidade tam teimuda como frustrante: as sementes melhor desenhadas e regadas com mais mimo, som incapazes de germinar e medrar na nossa terra. Os projectos revolucionários que prendérom em outras épocas e que ainda protagonizam batalhas invejáveis em outras latitudes, demonstram-se umha e outra vez inúteis para abrir um frente galego contra o Estado e o Capital. Os discursos nom convencem, as massas nom respondem, as unidades nom fraguam, as mechas nom prendem. A política, em definitivo, nom funciona.
Ansiosos por obter resultados, alguns apostam por repetir umha e outra vez o experimento, confiando em que, a força de tentá-lo, o carro acenda definitivamente à quarta ou à quinta. Em demasiadas ocasions, porém, o veiculo ou os condutores ficam sem ar no intento. Em todo caso, o certo é que ainda ninguém conseguiu po-lo em andamento.
Ocorre-se-me umha outra possibilidade: baixar, abrir o capó, e comprovar o estado das peças do carro. Analisar a fertilidade da terra, ante a suspeita de que os nossos inimigos tenham estado a envenená-la, e resulte inútil botar e regar as melhores sementes sem sanearmos previamente o meio biológico no que tenhem que germinar. As sociedades, a fim de contas, som também engrenagens complexas, sistemas vivos. Parece fácil pensar que um projecto político, como realidade humana que é, esteja em algumha medida condicionada pola saúde das dimensons psicológica, social ou moral das pessoas a quem vai dirigido.
Umha sociedade enferma
Vivemos numha sociedade psicologicamente doente. Assim o afirmam ano trás ano as estatísticas ascendentes de consumo de psico-fármacos, baixas e consultas médicas, mas também o nosso conhecimento directo de pessoas com algum tipo de dor espiritual. Se neurose é qualquer dor psicológica, nom podemos negar que a ansiedade, a depressom, a baixa auto-estima ou a inveja geralizadas desenham sem exageraçons umha sociedade neurótica. Nom tenho os conhecimentos nem a intençom para descobrir aqui qual é a razom última do estado lamentável do nosso ánimo, mas si me atreverei a apontar algumhas causas que me parecem convincentes.
Umha delas é que umha sociedade fundamentada no consumo nom pode ser umha sociedade emocionalmente satisfeita. A necessidade compulsiva de consumir é radicalmente incompatível com um espírito em paz. A infelicidade, a instabilidade emocional, a fome psicológica, estám detrás da necessidade irracional de encontrarmos na adquisiçom de trebelhos, na competiçom profissional ou no mercado sexual o reconhecimento, a realizaçom e a estima que somos incapazes de encontrar em nós próprios. Dito de outra forma: a sociedade de mercado exige que vivamos num estado de insatisfacçom permanente, absolutamente necessário para manter em movimento a roda de produçom e consumo. Ela é, ao mesmo tempo, a causa e a conseqüência dumha precariedade emocional profunda, baseada em níveis mui deficientes de auto-estima e autonomia psicológica que nos condenam a buscar acougo de forma ansiosa (e impossível) numha sociedade que substitui transcendência por intensidade, sociabilidade por conectividade e amor por testosterona.
Aprofundemos mais: é um facto que se esta sociedade de consumo assentou economicamente nessa uniom de imperialismo e tecnologia à que se denominou globalizaçom, sociologicamente botou raízes entre as primeiras geraçons criadas na separaçom materno-filial, na desatençom e ocultaçom emocional e na puericultura disciplinar. Ao longo do século XX este tipo de pedagogia, aplicada antes para a educaçom na submissom, na obediência, na disciplina e na agressividade dos filhos herdeiros das elites aristocráticas, começarom a geralizar entre as camadas populares a eliminaçom da lactaçom materna, a ruptura do apego ou a negaçom dos desejos e necessidades das crianças, beneficiando-se para isto da incorporaçom das mulheres ao trabalho assalariado e da apariçom dumha lucrativa indústria da criança artificial. Se é certo que a insatisfaçom das necessidades infantis provoca instabilidades profundas nos mesmíssimos alicerces da psique adulta, nom deveríamos desprezar o papel que a implantaçom hegemónica destes modelos de criança tivo na saúde mental de todas e todos nós. Um paradigma que assenta na justificaçom das carências emocionais e na irresponsabilidade das e dos cativos, facilmente produzirá adultos inseguros e eternamente infantis, incapazes de se tornar sujeitos da sua própria história, de se rebelar contra umha autoridade sempre paterna (à que se odeia, mas da que se depende).
O resultado, seja como for, é umha sociedade de indivíduos doentes, na que se registam níveis de sofrimento psicológico tam elevados que incapacitam os seus membros para a colaboraçom e a generosidade (atitudes, estas, que nom podem ser reais se nom botarem raízes em altos níveis de auto-estima e empatia). A dor psicológica, tantas vezes desprezada ou estigmatizada, constitui para os movimentos revolucionários umha realidade da mesma magnitude e transcendência que umha rotura de ligamentos para um desportista de elite. Ante esta situaçom, por desgraça, o independentismo tampouco acostuma ser um espaço de sanidade no que cuidar e reparar o estado anímico das e dos militantes; antes bem, habitualmente parece mais um viveiro daqueles mesmos valores que convertem em inumana a sociedade de mercado.
Escrito ?s 10:22:09 nas castegorias: Formaçom
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É claro que as crianças não querem dormir sozinhas! Não querem, nem devem. Os bebés que não estão em contato com o corpo de suas mães, experimentam um inóspito universo sombrio que os afasta do desejo de bem-estar que traziam consigo desde o período em que viviam no ventre amoroso de suas mães. Os recém-nascidos não estão preparados para um salto no escuro: a um berço sem movimento, sem cheiro, sem som, sem sensação de vida.
Esta separação do corpo da mãe causa mais sofrimentos do que podemos imaginar e estabelece um contra-senso na relação mãe-filho. Não há nenhum problema em trazer as crianças para a nossa cama. Todos estaremos felizes. Basta experimentar e constatar que a criança dorme sorrindo, que a noite é suave e que nada pode ser contraproducente quando há bem-estar. Lamentavelmente as jovens mães desconfiam da própria capacidade de compreender os pedidos dos filhos, que são inconfundivelmente claros. É socialmente aceita a ideia de que satisfazer as necessidades dum bebé o transforma em ?mimado?, ainda que obtenhamos na maior parte das vezes o resultado oposto do esperado, já que na medida em que não dormimos com os nossos filhos, nem os tocamos, nem os apertamos, eles nos reclamarão mais e mais.
Pensemos que o ?tempo? para as crianças pequenas é um momento doloroso e comovente se a mãe não as acode, ao contrário das vivências intra-uterinas, onde toda a necessidade era atendida instantaneamente. Agora, a espera dói. Se as crianças precisam esperar muito tempo para encontrar conforto nos braços de sua mãe, se aferrarão com vigor aos seios, mordendo, ferindo-os ou chorando, assim que consigam este acesso. O medo será a principal companhia, pois saberão que a ausência da mãe voltará a qualquer momento a assombrá-los. As crianças têm o direito de exigir o contato físico, já que são totalmente dependentes dos cuidados maternos. Têm consciência de seu estado de fragilidade e fazem o que toda criança saudável deve fazer: exigir cuidados suficientes para sua sobrevivência. A noite é longa e escura, e nenhuma criança deveria passar por isso sozinha.
Até quando? Até que a criança não precise mais.
Laura Gutman
Publicado na Newsletter de Março de 2011
Escrito ?s 13:08:24 nas castegorias: Formaçom
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