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Ontem

Ontem comentava por aí, entre copo e copo, que a Razão (assim com maiúsculas) produz-se e reproduz-se socialmente. A capacidade de uma olhada crítica -neste caso na vida política- está na mão de todos, mas só potencialmente. A Razão é um treino da mente que poucos fazem ou que, para dizer melhor, poucos se vêem forçados a fazer por circunstâncias sociais. E um sistema político como a democracia parlamentarista, baseada teoricamente no valor da razão, não pode passar nestas circunstâncias de uma boa ideia com pouquinha realização prática.

Seguimento:

E é que este sistema político, que procura a participação de toda uma sociedade sem cultura política participativa, só pode funcionar com as nojentas carretagens de votantes ou as estratégias de marketing, que sem serem melhores no fundo, têm pelo menos a elegância da subtileza. As eleições num país como o galego, onde apenas uma minoria muito minoritária (que nem coincide com a classe política) tem acesso à cultura de forma crítica, não são representação de nada, ou apenas representam um milhar de milhões de carências da sociedade e das suas elites. Têm o mesmo valor representativo que um programa de televisão, um filme, ou qualquer exercício de ficção com a necessidade de se ser verosímil para triunfar no mercado. É uma farsa, se assim se quer dizer. Não têm um valor de representação. Não são a mímese da realidade.

Mas há tempo que, por meio da publicidade, por exemplo, vivemos submersos num mundo de símbolos que não falam de realidades.

As eleições não são representativas, mas têm um imenso valor simbólico. Qualquer pessoa que pretenda incidir na sociedade galega para mudá-la deve saber da capacidade desse universo simbólico autónomo que é a política parlamentarista para produzir e reproduzir formas de pensamento e, com elas, práticas sociais. As eleições não têm valor representativo, mas estamos na mesma condicionados por elas.

O símil do jogo de futebol de que fala o Quico Cadaval há tempo que trunfou entre nós. E como no futebol, se perder a equipa por que torcemos (e mesmo se não torcermos, porque basta só que o interlocutor ache que sim), não teremos legitimidade para falar no bar das maravilhas dos nossos jogadores. Por isso apesar de jogar fora de casa, e com o árbitro contra, a totalidade do nacionalismo tínhamos muitíssimo que perder e ganhar neste jogo, porque, sobretudo, o fascismo tinha muito, muitíssimo que perder.

20-06-2005, Pensamento social