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Minho
Minho

E qual o limite exato
que separa o rio da terra de que bebem
estas árvores refletidas na água?
Onde estão as raízes dos reflexos
destes amieiros e carvalhos
a beira-rio?

A gravitação dos astros, a rotação
da terra, o simples peso
da combinação infinita de duas partículas
de hidrogênio e apenas uma
de oxígeno
movem o fluxo de que bebem
os javalis e os olhos dos amantes.

À beira desta terra passa água.

Dizemos que o Minho corre para o mar.
Dizemos Mera, Parga, Ladra,
Narla, Rato...
Os nomes construíram geografias
em que habitamos,
mapas que desenhamos
no território de um país fantasma.

A fantasia de conhecer o espaço
modificou o mundo à nossa imagem.
Destes moinhos e caneiros
nasceram as barragens que assolagaram vidas,
e iluminaram noites.

À beira desta água nós passamos
vida ante vida.

Apesar dos mapas,
fluímos.

Diluídos no tempo
somos
o que fazem de nós as margens e os caneiros
que nos conduzem as águas.

Domesticamos as correntes mas ignoramos
o seu mistério.

O Minho não existe.
Os átomos não são certezas.
Água
é só um nome.
Nem sequer o reflexo
da rama a tremer na superfície
oferece uma ideia a que agarrar-se.

16-04-2017, Herança

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