este esvarar de areia sobre as costas
estes finos tremores no interior do braço
este formigueiro no peito feito de coração
este dançar das borboletas na barriga
são as carícias que colho das ausências
é a minha forma de fazer-te o amor
mas na distância
Domingo. Acordo à seis e meia da manhã, nervoso. Há alguma coisa que me preocupa. Até o de agora estive a lembrar, a retomar caminhos que já tinha seguido. Mas acordo inseguro agora, há apenas uns minutos, porque percebo que há algo que não superei nunca. E não sei se me sinto capaz de afrontá-lo agora. Acho que não. E não sei se me vejo capaz de afrontá-lo algum dia. Acho que sim. Mas não é algo que possa afrontar sozinho. Não é apenas a mim que me atinge (- ou sim? -). Acho em falta um abraço. Se tu estivesses aqui, isso resolveria tudo. Mas não estás, e em lugar disso, vou outra vez à praia. O ar limpo e frio do mar a estas horas é mais fácil de respiar.
Às vezes o nome mata o seu referente. Outras vezes ajuda a defini-lo Verbalizar é um risco tão grande e necessário, como só talvez não fazê-lo.
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