Distância emocional?
Mmmmmmmmmmmm....
Ooooommmmmmmm....
Hipóteses!
a) O cientista disecciona a rã com estiletes:
- Não é isso.
b) O julgamento é sempre feito por uma terceira pessoa gramatical:
- Também não é isso.
c) O presidente dos Estados Unidos atira bombas, mas não sabe o que é receber um bombardeamento sobre a casa branca.
- Também não.
d) Saber não é sentir. O símbolo não é o mesmo que o seu referente. A distância impede de sentir o latejo de um coração em peito alheio.
- É isso. É mesmo isso.
Que te acho em falta.
Que acho em falta sentir quê sintes.
Que acho em falta sentir que sintes.
De toda as distâncias, a pior com diferença é a distância emocional. E para essa não há carros que valham. Nem comboios. Nem aviões. Apenas pequenos passos, como passarinhos atrás do pão.
Digo-o para autoconvencer-me, porque o que eu queria agora era um jet privado.
Não sei que força ou corrente me impulsa a assomar-me a esta janela agora. Olá, Galiza! Olá! Existe alguém nesse recanto do mundo? Há apenas uma semana que lá estive, e já nem lembro. É assutador como o quotidiano consegue trazer-me a Alacant. Ou foi um carro? Ou fui eu que trouxe Alacant ou o quotidiano? Pouco importa. Estou aqui. Assomado à janela, como sempre. Tenho o corpo no interior do quotidianto, e a cabeça do outro lado, mais uma vez. Eeeeeoooo! Só espero não cair. Seria terrível esmagar a cabeça precisamente com a Terra. Esse é o meu único temor agora: que a Terra me caia sobre a cabeça. Como os gloriosos gauleses. Pedras milenárias e um par de asas por cima das orelhas. Engraçado. Eis-me a mil quilómetros de uma vida perfeita a pensar em gauleses. Antes estava a mil euros mensais da mesma vida. E é que há distâncias e distâncias. E, a verdade, já não sei qual prefiro.
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