O periodo

Estou com o periodo, mais uma vez. Deitando contas, acho que me vem uma vez ao mês. Já me volto sentir só. Na verdade, estou a reparar que isso de estar só não passa de um nome, que o meu é estar simplesmente mal. Acontece quando reparo em tudo o que não fiz, ou o que não tenho, ou o que vejo impossível. Na Galiza vinha-me a miúdo, mas então combinava com alguém, tomava umas garimbas por aí, falava. E sempre tinha um abraço, bem na saudação, bem na despedida, bem durante a conversa. Sou abraço-dependente. Na Galiza era a combinação perfeita: passava tempo e tempo só, porque sou solitário por natureza, mas quando a solidão me assolagava, quando todos os projectos que me plantejo para mim podiam comigo, sempre havia alguém, quem quer que fosse, para falar do que quer que fosse. Se uns não podiam, podiam outros. Mas aqui não. Por isso quando me sinto mal, também me sinto só, e passa de quando em quando. Gus (meu caríssimo Gus) não pôde ontem combinar comigo. E acabaram-se as hipóteses.

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Mandris pelos correios

Acordo e dou-lhe a comida ao gato. Vou às aulas. Saúdo os contínuos e eles saúdam-me. Os meus alunos rim as minhas piadas, porque hoje é o dia dos enganos, e aproveito para pôr-lhes uma falsa prova surpresa. Vemos Monstros e Companhia em português, e prometo-lhes que trarei Shreck, que já comprei. Saio das aulas. No hotel de diante da escola saúdam-me quando vou comer, e já quase sabem quê sandes vou pedir, se bem que me oferecem paelha, para que varie um pouco. Como sempre, recuso, e mantenho de novo a conversa de que trabalho na Escola de Línguas e dou aulas de português. Os empregados turnam-se e nem sempre lembram. Volto à escola e reparo mais uma vez em que as aulas de quinto me ficam muito grandes e o livro de texto empece mais do que ajuda. Saio de aulas, e volto a montar no carro, ouvindo como sempre as músicas de Cojón Prieto y los Guajalotes. Tudo mais ou menos como sempre, em definitivo. E chego à casa e de repente nos correios Cerdedo in the Voyager 1. Hóstia puta! Calros Solla escreveu um novo livro de poemas e enviou-mo! A introdução escreve-a o mandril Heitor Mera! Na dedicatória de Calros, que Galiza espera por mim... Na introdução do Mandril disque sou "entrañable". E hóstias! Sinto-me parte de um triângulo amoroso homossexual e acho em falta os meus colegas. Enfim, que a páscoa começa na próxima quarta-feira. E eu vou, Galiza, eu vou...

Acabou-se a música

Acabou-se a música. Agora vou escrever. Como despedida deixo no entanto as letras de um bom número de canções. As músicas, cada um que se desenrasque, ou então que me pergunte directamente. Lá vai:

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30- 03 - 2004, intimidades

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